Pode parecer coisa de doido, mas é assim mesmo que certos processos mentais ocorrem para depois te deixarem em paz.
Joaquina fez uma viagem esperando encontrar Romeu com quem vinha estabelecendo um contato íntimo fazia alguns meses. Tinham sido amantes muitos anos antes, mas Romeu, homem fraco, a tinha deixado num momento complicado. Joaquina, no entanto, dizia estar nem aí para qualquer coisa e que ficava eventualmente com Romeu para curtir. Só que Romeu queria uma para casar, ter alguém constante para falar todo dia e ter controle, se sentinfo amado e não só desejado.
Pois então que Joaquina viajou de férias. Romeu conheceu alguém que tapasse seu vazio existencial, que nem ele sabia onde ficava. Joaquina, descobriu a relação de Romeu, porque ele não falou.
Joaquina passou a noite sem dormir, escreveu uma carta, que não entregaria. E no sentido de elaborar tudo, no caminho de casa, disse em 3 minutos, tempo do cozimento de um ovo, tudo que sentia em relação a Romeu. Não tudo o que ela sentia, mas tudo que achava de Romeu, porque o que ela sentia, ela não sabia de verdade. Ela não queria ele pleno, full time, mas queria que ele estivesse com ela.
Joaquina é confusa, se diz romântica mas não quer estar junto, quer ser livre mas é fiel. Talvez tema ser abandonada e crie essa fantasia de estar sem estar.
Fato é que ela mandou a mensagem e o embrulho do seu estômago passou. Acho que ela queria que ele soubesse a leitura que ela faz dele. Certa ou errada, não importava para ela, ela precisava dizer, pois que o dizer fazia parte do seu aceitar. E embora triste como sempre ficava, Ela talvez entenda que precisa fazer o mesmo que ele já fez várias vezes, seguir adiante, fechar o luto e olhar para o lado.
A carta tá aí, Joaquina me deu, pois disse que estava aliviada em ter falado em parte o que a carta dizia.
Romeu agradeceu a análise. Joaquina respondeu.. Elaborações!!!
Carta.
Antes de se
escrever uma carta colocamos um vocativo, um chamamento ,oi fulano, ou
beltrano, ciclano talvez, oi você... que me lê. Talvez leia no meu blog “Sobre quase
tudo”, onde despejo toda minha criatividade com a escrita, num
autor que por vezes é mais eu,
que eu mesmo, não sendo. Ou talvez, me leia em sua própria caixa de mensagem, que nem sei se
existe, ou whatsapp, sei lá. Ou
nem um, nem outro se passado o tempo eu achar que não vale a pena, embora com a idade que tenho,
já não esteja nem aí para
certas coisinhas que cabem bem aos
adolescentes, como certos joguinhos
imaturos, que só nos causam
sensações estranhas, fruto de nossa imaturidade emocional.
Não, talvez eu não
queira mais ser imaturo, e me linchar para o que o outro pense de mim, especialmente quando o outro é ainda
mais imaturo que eu mesmo em meu romantismo exarcerbado, que nem eu
entendo. Parei num luto gigante, esperando não sei o que, numa fila que não anda, porque ficou parada no tempo esperando alguma porta
abrir para eu sair. Acontece que, por mais que a vida nos ensine certas vezes lutamos para não
aprender. Aprender que não se deve mexer com sentimentos recolhidos, com quem
não entende a própria cabeça, ou não
tenha qualquer dimensão do que faz.
Uma vez, duas,
três, mas que porra é essa? O que é isso que me fez agir assim, que é isso que me fez querer o que eu mesmo
desprezei. Que sentir estranho esse que eu não entendo, e por não entender eu
fujo. Como alguém pode querer brincar, com a minha carência,
com a minha vontade de querer ser protegido por alguém o tempo todo, porque eu
não dou conta de mim. Mas esse alguém não me fala nada, não diz sim, não diz
não, não me pede, some e aparece quando
quer, e me quer, sim, se não me quisesse não me procuraria. Mas eu que tomei a iniciativa. Onde eu estava que fiz isso? E depois de 1, 2,
3 some e já vai de novo para onde eu não posso ir . Como assim? Mas por que não fica, por que nada me propõe? Será que tem medo, será que só quer me usar. Mas eu deixo, mando ir, mas
não quero mandar ir. Eu bebo, eu
fumo, como se isso me fizesse esquecer que eu não deveria, para
não me cobrar depois a minha consciência, não de arrependimento, mas de não entender porque eu gostei. Eu me sinto inerte, eu não controlo, e eu
preciso ter mesmo o controle, meu signo exige isso, eu preciso estar com o pé
no chão sabendo que controlo, sabendo
onde estou pisando, eu digo sempre isso.
Mas eu não sei onde estou pisando, então
eu preciso ir. Preciso declinar do convite, não posso falar, preciso
gelar, não olhar a situação
e me apaixonar por fora. Sim, é
simples, é fácil de encontrar, já
fiz outras tantas vezes quando me
sentia só. Não quero ficar só, preciso de
alguém, qualquer alguém. Não pode ser quem eu muito admire, porque bate insegurança,
não pode ser alguém solto, que me dê a sensação de escapulir pelas
minhas mãos e eu sinta que posso perder o controle, que me tire o pé fora do chão. Eu tendo a competir, e quando
parece que não sou eu o forte, eu fico louco. Eu fico de mau humor se acordo e tenho a
sensação de que perdi o meu próprio controle. Mas eu quis perder, ninguém me forçou a ir. Eu fujo de mim mesmo culpando
qualquer substância, mas eu sei no fundo que
vim porque quis. Eu digo a mim mesmo
que não posso. Eu perguntei várias vezes se me amava? Eu lembro o que foi dito. Eu dancei, eu dormi, eu esqueci e
eu me esqueci, mas eu senti que foi bom, foi livre, foi solto, foi gostoso.
Mas eu tinha dito para mim que não era, eu me contei que não era. Mas eu menti
para mim mesmo, eu não
dava conta, por isso eu fugi, menti
que era ruim, menti montes de coisa para mim, e continuo assim. Talvez nunca
mude, não teria coragem. Eu esperava que
me propusessem desde de longe,
para que ao me proporem, eu me sentisse no controle. Mas não propuseram, eu
fiquei a deriva, eu fiquei com raiva. Não falei mais. Olhei para o lado sem entender e
me envolvi, dei o troco de raiva. Penso sempre em mim, sem perguntar jamais. Para que saber? Eu deduzo sempre. Meu comportamento egoísta seu
temperamento difícil, grito, berro quando não
controlo ou me contrariam. Inteligente,
contestar minhas colocações, me chamar irresponsável, não aceito. Tenho
raiva, dou gelo, não falo, mas muito tempo não posso, preciso ver se ainda me responde, do nada uma pequena
mensagem, para testar o canal. Ufa! Atento ainda ali. Não
falo o que penso de verdade, não sobre mim, sobre o que sinto, jogo, mas me
perco porque não sei. Não consigo desvendar e vou. Distante tudo é fácil.
Sem contestações é tranquilo,
seduzo, sei que posso. Mas vamos, estou
completo, achei a alma gêmea ...
Pois é, “viver
ultrapassa nosso entendimento sempre”.
Eu poderia dizer que
não sei porque escrevo, mas sei,
para tentar entender o meu movimento e o do outro. Grande parte
da vida nos surpreendemos com
as atitudes dos outros, os
silêncios principalmente, que
abrem espaço para desentendimentos e interpretações. Seu silêncio sóbrio me mostrava o conflito,
com o álcool você tinha a liberdade de dizer e agir. Não sei dizer se é mais sincero com álcool, pois sóbrio é
silêncio. Com a canabis os pensamentos se soltam por completo.
Acho que 3 trepadas de
fato não são motivo para se dizer nada. Nem pensei nisso, mas talvez você
quisesse que eu falasse, não sei. Pois que 3, cabalístico ou não, trouxe
consigo muita história, que por
mais pesada que fosse, não deixou de dar naqueles momentos uma liberdade, intimidade de fato gostosa, que sequer foi naquele tempo
adquirida. Acho que pensei mais nisso, e
não quis estragar a magia do momento que
ficava na lembrança. Mas não é isso que
te interessa, eu entendo. Você busca
segurança, controle, quer estar com alguém para chamar de seu, e
isso no que foi vivido talvez
você não tivesse. E como você
disse, “não podemos ter tudo”. Mas discordo,
o que não podemos ter é ilusão quanto a nós mesmos.
“Aí, ela já vai”, você
me disse ter dito ao amigo do trabalho. Eu
ri, o que dizer? “Não podemos ter tudo, você fez uma viagem linda”, eu ri, o que
dizer? Se não, que de fato foi linda. Mas
soou estranho, vc silenciou. E talvez
tenha pensado, e embora você vc não saiba, eu estou com alguém, mas não te
conto. Eu estou no controle. E não vou te contar, vc deve deduzir, pois que isso é também
controlar.
Pois é,
escrever me faz entender, rememorar
as falas me faz compreender o processo. Eu de fato achei que tinha algo estranho, muito silêncio. Lembrei
outros fatos antigos... fazer o que se não tentar entender como
você é, o que necessita, o que eu penso
que vc busca.
Eu sou sincera, busco não ter ilusões, mas tenho, busco entender a
mim mesmo, e me irrito comigo,
por ser lenta, por querer entender os outros em seus motivos e
justificações, nem sempre ditos, busco todo tempo, sou eterno caçador de mim. Não
tenho medo, nem fujo de mim no outro, vivo
o que tenho que viver e não tenho medo de
estar só comigo mesmo de verdade e isso incomoda, a vida que escolhi
incomoda, a liberdade incomoda. Ser
mulher como eu sou, livre, independente, dona do próprio nariz e desejo é
impedimento para muitos. Nem sou tão
forte, mas pareço, sou amiga, e
generosa às vezes, procuro ajudar mas muitos não estão preparados para isso, se sentem acuados, inseguros, tem medo e fogem.
Penso se isso é uma fuga minha também, uma ilusão esperando um amor que nunca se concretizou, muitas dores pois a idealização
causa desilusão e dói, como
dói . Mas cada um “sabe a dor e a delícia de se ser o que é”. Na prática, tudo é diferente e a vida não é filme de
Hollywood como nos fizeram crer.
Acho que eu disse coisas para mim mesmo nesse texto, mas para os leitores também.