domingo, 29 de dezembro de 2019

Angústia do existir, vontade de fugir e o que mais?

Dia 30/12

Faz creio dias, talvez quase duas semanas que parei com o anti depressivo, sertralina, pois estava m fazendo mal ao estômago.  Continuei com a Ignácia,  não estou  me exercitando e não me sinto muito bem.  Sinto-me fisicamente cansada,  o sono está ruim, são agora 3h da manhã e não consigo dormir. Dormi um sob o e acordei. Estou irritada, preocupada, sinto incômodo pelo corpo além das mordidas de 53 mosquitos   .  Muito irritada como ficava querendo jogar tido pela janela. O quadril reclama.  A irritação me consome e não sei o que fazer. Andar de bicicleta, correr, o que?
Procuro não pensar muito,mas estou incomodada. 
Será avisa assim tão entediada. Sumir, fugir,o que fazer. Recordo Rota de Fuga e talvez seja assim mesmo esse viver, somos iguais, lembro de momentos em que  de madrugada eu acordava e escrevia minhas angústias e questões,nossas brigas e ausências,o pepino mor e a falta de sexo provocada por tudo, ou somente pelo desinteresse.  Tenho minhas dúvidas se tudo isso mudou.
Onde estarás? 
Talvez de novo coloco questão fora de min enquanto ela talvez esteja em mim dentro, entranhada e com dificuldade de sair, como um berne que cresce  comendo minha crane e chupando meu sangue. 
Quero dormir, necessito, quero ir ,ir, ir. Entendo agora os Estados  que nos afastam desse conflito. Talvez seja melhor do que estar aqui assim, sentindo,,pensando, escrevendo . Tentarei a respiração.

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Fixação 2

Tão perto e tão longe, pensar que  toda fixação se encontra a menos de kilometro de distância dá a sensação confusa.
O que seria? Dá mal estar, quentura na nuca, vontade de chamar e falar.
Mas para que?  De nada adiantaria,  não justifica  por isso chamar. 
Dizem que tudo já está resolvido, eu escuto,  mas não aceito.  Sei que com o tempo guardarei como sempre fiz, mas tenho no fundo a plena certeza de que  merecia uma conversa franca,  sem subterfúgios.  Uma pontuação dos is.  Não queria que isso ficasse para  uma próxima encarnação.   Ele como crente  não deveria querer.   Mas a  sua  compreensão é tão viciada  que é bem capaz dele achar tudo errado que  nada teria mais a responder. Talvez não tenha mesmo.   No entanto, minha sensação é que, tal como da primeira  vez, um saiu pensando x e outro y.   Eu o respeitei como   ele disse que me respeitou.  Mas tem contudo uma grande diferença,  ele ama e "desama"  em um minuto,  acho que no desespero ele  retira de uma e joga na outra.  Ou seja, amor e relacionamento para ele é jogo de carta, é troca de camisa  entra uma, sai outra.  E só  a própria vida não se ajeita.
Tenho pena, muita pena,  não é do mal,  mas não sabe o que é,  deixa a vida  levar porque não tem força  para decidir.   No fundo uma criança doente em busca de um colo.

terça-feira, 28 de maio de 2019

Romance Rota de Fuga






Romance na Amazon, adquira seu exemplar de e-book

Capa:Ivana Grehs

Onde haja um tobogã .



Vamos  fugir,  ninguém  precisa saber,  vamos  para uma ilha grega, trabalhar num  hostel para pagar a acomodação e a alimentação pelo Workaway,  depois para uma fazenda na Itália e ainda depois para a  Inglaterra e  finalmente Portugal, a passagem  a gente resolve, precisa ter passaporte, mas isso é fácil, agenda  num lugar tranquilo.  As passagens eu resolvo  e a vida a gente inventa. Lá haverá  um tobogã pra  gente escorregar,  vamos brigar certamente, mas vamos falar  qualquer idioma que der, qualquer coisa que puder.  Não temos  o que preparar a não ser   que nos aceitem em tempo para  seis meses,  e que  nos aceitemos  para seis meses, e se  nada der, voltaremos e cada um segue seu rumo.   
Fato é que naquele dia eu tive  curiosidade. Ali estava  escrito,  vamos fugir?   a pergunta me chamou ainda  mais  atenção. Como  assim? Isso é verdadeiro ou falso? Alguém já havia me proposto aquilo?
Era 10 da manhã quando abri meu e-mail, coisa que não costumava  muito fazer, já que todos que comigo falavam tinham Wat zap ou msn.  Mas naquele dia eu abri. Ali vi uma carta, achei estranho o remetente. Era quem eu não queria que fosse. Afinal, já tinha passado tanto tempo daquele término e   incomodava-me receber cartas que me lembrassem  o passado. A última tinha sido  há uns meses, mas eu sequer tive coragem ou saco de  ler, sempre o mesmo reme e reme. Mas eu respeito,  cada um tem seu processo de  cura e eu realmente achava que tudo tinha sido desgastado, tanto que eu já vivia com outra pessoa.
Entretanto, aquela  não era uma carta  comum, era um convite que não podia ser  falado com ninguém, muito menos com quem me rodeava. Eu parei e li, pensei, pensei. Julguei uma brincadeira boba, um exercício  lúdico  que estava alguém fazendo comigo. Mas por que?
Passei dias com aquilo na cabeça sem comentar com ninguém.  Até  que tomei coragem  e  perguntei com uma única pergunta. “É sério?”. E mandei.

domingo, 26 de maio de 2019

Continum finito



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A  vida  é contínua  e  finita, pode parecer paradoxal mas não é. Enquanto estamos vivos ela vai continuando, indo por  caminhos que nem sempre sabemos onde vai dar, caminhos que se bifurcam e se encontram  algumas vezes. Vamos e voltamos, esbarramos com pessoas que somem e depois reaparecem o tempo todo. Pessoas que vem, se interpõem em nossa vida e se  vão. As vezes  ficamos esperando que voltem, outras não, resolvemos apaga-las e seguimos, damos continuidade até a finitude do ser.
 Temos pouco tempo para reencontrar nossos espaço e tempo "insieme",  essa palavra italiana que lembro. Talvez não elaborar pode dar dimensão de  que ainda sentimos, que não queremos partir, mas não de todo falso, ou verdadeiro.
Quero e não quero,  mas como querer algo que já está ocupado, vaga que não existe não é vaga. Pessoa que não te busca não merece estar na sua lista de presença.

Não sei se espero um dia algo acontecer,  portas e janelas foram fechadas para eu não entrar.  Mas tem dia que dá uma dor de ausência, dor de futuro, dor de espera ,sem esperar.
Não espero que algo aconteça, talvez eu quisesse que acontecesse,    mas nada deveria esperar, então não espero.  Fiz o que pude, não cabe a minha alçada esse assunto.     

sexta-feira, 24 de maio de 2019

Fixação

Na letra do Kid abelha  via toda sua história ser contada, bastava  uma  nota e já sentia no som o que poderia nascer da letra.  De fato sabia que era sempre tudo igual, a vida era uma sucessão de desencontros/ encontros,  fixações por figuras estranhas, alegres/tristes, eufóricas e deprimidas  que iam e vinham. Iam mais que vinham. Veio uma vez
"Eu vejo o seu poster na folha central" vejo
"Seus olhos no retrato "
"Fixação 
Minha assombração 
Fixação 
Fantasmas no meu quarto 
Fixação 
I want to be alone "
Tanto assim,  tão mal resolvido que assombra num dia até de luz.
Nem necessita do escuro,  vejo seu pôster novo na folha central, não te beijo a boca porque não posso, não sei só você me assombra ou eu te assombro também.  Talvez só a primeira afirmativa seja verdade.  Indiferente com és jamais se assombraria comigo,  não por eu ser pouco ou muito, mas pela incapacidade que creio teres de sentir, de estar na compaixão.
Vejo o retrato na folha central,  retrato de um tempo passado em que talvez fosses mais feliz.  Mas até que se  "dessombre"  de si mesmo, tudo vai continuar assim, até veres que tu és o teu próprio problema do existir. Nesse dia vais me entender e vais me perdoar.

quinta-feira, 23 de maio de 2019

De cisões

Toda decisão pode importar em rupturas mesmo que  temporárias.
Entretanto não é isso que incomoda, incomoda o não decidir logo,  ir, ir pelo meio, ficar. Tudo um jogo de interesses  e de situações.  Ter visa, não ter visa.  O medo de entrar na furada, mesmo que  se perda  pouco.  Se não der volta. Esteja sempre  com  um valor  na manga  para  remarcar seu vôo e  voltar correndo para sua terra.
  Acho que um mundo sem fronteiras seria o melhor .   Cada um vai onde quiser, sem barreiras  de qualquer espécie. 
Tenho que ir,  ir para descobrir de onde se vem, como se chegou aqui.  Descobrir para contar. A história tá aí,  resta juntar as peças do quebra cabeças.
Mas ainda sinto medo de ir.
Tensão, deportação,  3 meses  sei que dá para ficar, mas precisaria de mais para pesquisar.
O caminho tem pedras, barreiras de língua, mas que sei não são intransponíveis,ainda mais hoje com toda tecnologia e um Google tradutor.
Hoje é um dia, mais uma semana  para chegar à uma  conclusão.

quarta-feira, 1 de maio de 2019

Hoje sobretudo

Cada dia, um dia.
Descubro, como sempre  o que muitos sabem. Exercício físico libera a endorfina e o estado de prazer. Caminho com meus excessos de pensamentos, e talvez seja como uma meditação. Pensamentos vão e vem eu converso com eles e tento situa--los no seus lugares. Os  que tem solução  resolvo e  aqueles que nada  posso fazer por eles, delego ao universo.
Jogo tarot para 6 meses, sempre as cartas podem ser boas.  Coloca fim dramático, de que, do amor? Já foi. Já finalizou porque sei que  nada que eu possa  pensar tem qualquer ação sobre isso, tá no campo delegado ao universo.  Consciência tranquila eu tenho, pois fiz o que podia pela relação e pelo ser envolvido. Se não deu valor ou entendeu, não é da minha alçada. 
Eu pedi perdão pelo que errei. Tive humildade para isso. Todo mundo erra, todo mundo tem direito de errar porque isso é humano. Errando se aprende, principalmente quando buscamos aprender com os erros.
Acho que aprendi, espero ter aprendido.  Tudo tem um motivo, deve ter sido então para eu entender, que jamais eu poderei mudar a vida de alguém que não sabe o que quer. Jamais eu devo agir sem muita conversa, jamais eu devo me deixar envolver sem pensar nas consequências. Eu tenho que aprender  que o outro é anexo. Ele não é a minha felicidade ele é apenas um complemento dela. Ela existe independente dele. Serei o que sou, e não o que o outro quer que eu seja.

quinta-feira, 25 de abril de 2019

Escrever


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"Escrever exige que queiramos tocar na coisa em sua forma mais profunda, e elabora-la de maneiras diversas. Escrever é como um caleidoscópio, cada mexida da um desenho diferente." ECC

segunda-feira, 22 de abril de 2019

Em busca

Descubro um site de trabalho e  viagem,  a pessoa viaja para trabalhar um tipo voluntariado.  Coisa interessante e legal.  Para pessoas desprendidas, ou que estejam a fim de uma experiência diferente.
Sinto vontade é ao mesmo tempo tenho medo.   Num negócio  desse   pode ter de tudo e pode não ter.  Como você se cadastra por ali  talvez seja mais seguro.
O que tememos a  não ser pela nossa integridade física.
Pergunto -me  se   devo ou não.  Acho que devo, que essa é a hora, ao mesmo tempo   que não sei.
6 meses voam.  E depois,  mas depois é depois.  Monto uma pousada e vivo.  É isso  que toda família  faz, e vive bem.

domingo, 21 de abril de 2019

Rascunho de vida


Leio vez por outra, tudo passa.  Sei que passa, quantas vezes eu mesmo já passei por isso. Sei que tudo muda,  muda meu sentir, muda a vida, muda o trabalho, muda a forma de encarar a vida, muda eu. Nada fixo, nada permanente, nem eu,nem o mundo. Entretanto dói, entender e mudar dói.  Encarar  as desventuras dói.
Mas nem  a dor, nem o prazer são permanentes.  Nem a droga que promete o esquecimento e prazer tem efeito permanente.
Ying yang, sempre assim.
Tenho questões a resolver, vou ou fico? Ir implica  em gasto altos, mas em tudo novo. O que  será? Conhecer um mundo novo,  gente, cidades,  língua, tudo novo.  O que não fiz em 50 anos e tinha  vontade de fazer aos 20.  Aos 30 eu achei que indo fugiria da mesma dor, e descobri que independe de onde esteja, o que tá dentro não muda ao se mudar de espaço.
Pergunto -me  insistentemente,se estou fugindo  de algo.  Acho que não, pois sei que da coisa que eu fugiria, não tem fuga, ela habita em mim e o tempo  pode dar conta e  dará, como da primeira vez. O apagamento de alguém que não quis permanecer. 
Que buscou outras coisas para me apagar.  Tudo  bem, cada um faz o que quer, foge como  acha que deve e resolve o que acha que deve, ou se omite.
Tenho aqui  coisas a fazer, sei que tenho. Tenho meu trabalho, que está fraco no  momento é não me sustenta, tenho  o novo negócio a realizar, que precisa terminar para começar e este pode esperar 6 meses.  Tenho minha casa, carro, compromissos financeiros que tenho que resolver para ir. Preciso organizar para partir.
Tenho meu pós doc, que pode ser feito em qualquer lugar ,que posso pesquisar em qualquer lugar do mundo.
Escrever também.
E  tudo novo.  Tenho a sensação de que se não for agora, não mais irei. Por ter 50, e de que adiantaria faze-lo aos 60, 70.

sexta-feira, 19 de abril de 2019

Ondas do mar

A gente é  como o mar  vive indo e vindo como ondas, mas tem horas que bate a ressaca, aí fica forte, revolto sai quebrando tudo na frente, até se acalmar de novo.
Tem épocas que somos mais barulhentos, espumantes, tem época que somos calminhos , espelho d'água onde qualquer barco navega fácil.
O mar  também sofre com a lua, com o vento, com as barreiras que colocam na sua frente,  muitas vezes ele estoura pedras, outras ele apenas as contornam para chegar ao seu lugar, aquele lugar onde ele lambe a  areia na praia, e vai e volta numa dança continua.
Acho que  nós somos o mar,  todos somos mar. Servimos de caminho, somos força  e condescendência, damos peixes,  nos movimentamos como a lua e o girar da terra.   Hoje eu sinto assim, a lua cheia já, já vai passar , e a calma retornará, mas eu sei que dentro do ciclo ela volta, e vai, e volta, eternamente.

quarta-feira, 17 de abril de 2019

E tudo caminha

A vida é surpresa, é jogo, é  montes de coisa.  Quando pensamos vai ser, não é, e tudo se revira e mexe e volta a algum lugar que não sabemos direito.
Entender o que se sente e porque se sente. O tempo que faz apagar é o mesmo que não dá para escrever.
E sem tempo o vento vai chegando e  apagando. 
Não cutucar é o melhor  remédio. De fato é. Quem não sabe. Melhor  nunca saber nada de nada. Não querer saber, nem tentar saber.
O que será, será. Não tem solução . E não  vai ser com você, você de novo se diz.
 

segunda-feira, 1 de abril de 2019

Veredas





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Meus dias correm como  uma vereda  sem fim, sem o hábito de  estar  a  toa tudo parece que  não tem muito sentido,  penso em mil coisas para fazer, começo e paro. O momento  é solene, complexo,  uma única turma, salário ínfimo e sem  perspectivas  de outro trabalho agora. Infeliz do país que não valoriza seus professores, que os quer a preço de banana. Tanto investimento e agora que fazer com isso. Tudo parece muito confuso. Existe uma mistura do profissional com o pessoal, com o tédio do estar sem nada e com tempo demais para fazer tudo o que queria,  meus livros e tudo, mas o que é esse tudo. Qualificar mais, para que? Se na hora de contratar te pedem apenas a especialização.
Sentimentos  inibidos de dentro para fora, sentir físico que te impele para dentro de si. Não olhe nada, não pense nada, desvie a  vontade, mudar o pensamento te muda a vida!!! PQP,  quanto mais?     para voltar a  onde parei. E ainda tem gente que acha que só ela sofreu com tudo que aconteceu. Vai ser egoísta assim no  inferno. (ECC)      1/4/19     

quinta-feira, 28 de março de 2019

Vocativo









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Paro  a minha escrita na  hora de colocar um chamamento. Aquela palavrinha no início da carta que invoca a pessoa a saber que é para ela aquela missiva.
Quando adolescente trocávamos cartas com amigos distantes, hoje, quem mais faz isso? Eu e amigas escrevíamos coletivamente falando do que havia acontecido no período de   afastamento. Nada demais.
Aprendi mesmo a escrever  diários e cartas com gosto depois da leitura de Rael, livro da filósofa Hannah Arendt. Ali foi um  impulso que jamais me esquecerei, pois me dei conta de que  o que eu já  escrevia  podia para alguém fazer algum sentido. Não sei de onde tirei isso, mas acho que acredito.
Carta é, ou não é literatura? Como dimensionar o que é, ou não? Certamente  eu me repito exaustivamente em tudo que escrevo. Se repito o que sinto, que dirá o que escrevo. Um monte de sensações  variadas e iguais ao mesmo tempo. Cada época tem seu trunfo, um nome, uma voz, um corpo que vacila, um cheiro, uma vontade. Tudo que talvez  já tenha sumido de minha visão míope e distorcida.
Entretanto quando me ponho nessa frente de batalha, pois isso que faço é  uma guerra, não sei explicar. Tempo: não é uma guerra escrever e pensar o que escrevo, guerra é sentir isso que não entendo e que não consigo me livrar. Vai me livrar uma hora, sempre foi assim, mas  não tenho mais ilusão de que na  vida será algo diverso do que já  foi.
Não espero de mim mesma qualquer milagre,  muda-se  quando se quer, diz o ditado. Mas  é estranho. Sei que podemos condicionar o pensamento para mudar o foco  e eu quero, mas  tem um lado de mim que  é presença e o outro que é vazio,um que se move e outro que paralisa, um que chora e outro que ri, um que tem raiva e outro que chora a falta. ~
Não sei se acredito na moira, destino ou qualquer  coisa  desse tipo. Essa dependência de algo que não sei o que é. E sem saber  vou existindo, resistindo.          

quarta-feira, 27 de março de 2019

Santo guerreiro e o dragão da maldade

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Tem dia que escrever é  a única coisa que   nos basta,  ou resta, ou ao contrário, é escrevendo que se trava a luta maior entre o santo guerreiro e o dragão da  maldade. O santo se esforça para fazer você ficar parada, na sua, sem se mexer, porque sabe que se  você buscar você  vai se dar mal, vai sofrer e vai  atrofiar seu processo de  cura. Mas  o dragão é de tal maneira  forte que te impele para aquele buraco escuro que te consome as entranhas e te faz ter um fogo quente, que sobe pela coluna inexplicavelmente.  Pelo amor esquece isso, me  diz uma amiga em comum. Mas o dragão é cruel, maltrata, tortura  até não poder mais.  Eu sei que é culpa minha, eu sei que eu é que não deveria, nunca deveria, mas  é como se embebido pelo canto do dragão  você se entregasse aquela melancolia inexplicável que te brota de  dentro.
Você não consegue se explicar, não consegue entender o que te  faz agir assim. Não, não é amor isso, é  algo diverso, um apego, uma sensação esquisita no mínimo. Um torpor, que te anestesia para o todo. Que passe, que passe, que passeeee!!!.  27/03/2019

domingo, 24 de março de 2019

Evento

O Real Gabinete Português e o Liceu Literário Português

Convidam para Mostra de Filmes portugueses e brasileiros adaptados da literatura

Dia 3 abril - O Delfim - palestrante - Professora Dra.Mônica Fagundes UFRJ

Dia 17 abril - A Selva - Professora Mestre Fran Rebelato-- UNILA

Dia 24 abril- A hora da Estrela - Professora Dra. Silvia Oroz-FACHA

DIA 15 maio- Amar verbo intransitivo- Professor Dr. Marcelo Augusto -FACHA

Dia 29 maio- A maior flor do mundo- Professora Dra. Malu Melo -ISERJ

Dia 12 - Órfãos do Eldorado- Professor Dr.Paulo Oliveira UERJ

DIA 26 junho- Ensaio sobre a cegueira -Professor Mestre Flavio Mello- UFRJ

domingo, 10 de março de 2019

Mercúrio retrógrado, não há Venus que aguente




Esse mercúrio retrógrado é  infernal, mas   tudo que tem muita força também possibilita os mais vastos pensamentos como por exemplo   o vindo nas músicas do Nando Reis, "Eu e Ela". E passamos, passamos, passamos... tudo passa.

Eu e Ela - Videoclipe oficial - Nando Reis - YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=wV3TTZAAy94
Você quis terminar
Pediu que fosse assim
Trancou a porta e fechou a janela
Pra não pensar mais em mim
E eu te pergunto:
Pra que?
Não vou te procurar
Vou deixar você me esquecer
Pra encontrar a pessoa mais certa
Que possa lhe amar
Bem longe de mim
E eu te pergunto:
Por que?
Entendo ou não entendo nada
Estendo a mão sem dar um beijo
Escrevo as últimas palavras
Enfrento ou finjo que não vejo
Espelho meu desiste dessa cara
Esqueço ou fico com desejo
Espero mais ou devo apaga-lo
Entrego a ela todos os segredos
Ela que era tudo para mim
Foi tudo para mim
Tudo
Você quis terminar
Pediu que fosse assim
Trancou a porta e fechou a janela
Pra não pensar mais em mim
E eu te pergunto:
Por que?
Entendo ou não entendo nada
Estendo a mão sem dar um beijo
Espelho meu desiste dessa cara
Entrego a ela todos os segredos
Ela que era tudo para mim
Foi tudo para mim
Tudo

sábado, 9 de março de 2019

Meditação







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Descobri que tem algo nos astros esse mês que faz uma regressão em nós.
Mercúrio em algum lugar. Enfim fato é que super sensível estou e  sem conseguir me mexer. Uma nostalgia tal que me retrocede.
Na solidão da infinita estrada de carro penso e descubro na minha anamnese que certas coisas  são tão minhas que  preciso encara-las, aceita-las e aprender com elas a viver.
Viver sim, porque entendi que elas são parte de mim e não posso, não devo ficar culpando outros por isso. Uma vez isso entendido já posso me ver em outro patamar. Não ficar esperando que o outro me satisfaça pois isso depende mais de  mim que deles todos.
Mas Mercúrio. se é ele mesmo insiste em cercar-me por todos os lados. Chega um hora então que fico sem forças e num misto de obsessão seguida de um  exorcismo eu deixo sair tudo de mais profundo da alma. Escrevo, a mão escreve sozinha tudo que tá escondido no mais fundo da alma. Não tenho controle, não sei o que escrevo, sei que supera a ordem do racional e  mergulha no infinito terreno do afeto, das emoções. 
É um segredo, eu desconhecia o que as palavras diziam, e diziam sentidas,  lacrimejantes, com tanta fúria que saem rasgando  o ventre de sua mãe para enfim nascer, ser ação em alguma outra mente.  Sou eu, eu dei permissão, eu deixei elas  virem, eu deixei elas construírem a frase  de pedido de  perdão. Ninguém nunca vai saber, se perdoar eu sentirei, se não,  eu não posso nada fazer. Que seja guardado  outra vez, mas hoje saiu e foi. 
Liberto-me, não preciso que me digam o que devo fazer, cansei disso, quero fazer o que eu quiser sem ter medo das reprovações, pois que todo tempo  da vida foi um jogo, como uma criança que espera dos pais a aprovação de  bonitinho para receber o afeto. Não tenho nada a perder, o que tinha já perdi, estou livre,  não quero me conter, nem quero mais sentir o sangue quente que sobe na minha coluna e invade meu pescoço na hora que vejo aquela imagem, que leio aquilo que leio. Não quero mais e não preciso da aprovação de  ninguém, eu me basto, eu sou responsável por mim. Não quero mais sentir. O que podia foi feito la trás, agora  é vereda outra. Me basta!!!Sem punhetação mental. Palavras vem, palavras vão!  seguem seu percurso inevitável e vão habitar outra mente. Não a minha. De agora em diante é assim que será! E foda-se o resto!!                 

quinta-feira, 7 de março de 2019

Divagações

Essa terrível sensação de não saber o que fazer. Se vou ou se fico.  O que busco ou não busco.  Tudo confuso e complexo.  Buscar o que? Fazer o que?
Da simples tarefa do dia a dia, aos sentimentos mais complexos. 
Um tempo para mim.  Olhar para mim. Sentir a mim. Pensar sobre mim.   E esse universo de minhas descobertas.   É a hora. Sempre é a hora. O que foi foi, torna-se outra vereda e vai. Vai em busca de si mesmo. Porque o outro já foi, os outros já foram. Só falta você.   Seu caminho é só seu, se um dia acontecer de esbarrar, será um dia, nunca se pode saber o que será.  Isso não nos é dado. Podemos intuir, mas saber jamais,  tudo muda a todo instante. Tudo é impermanente.

quarta-feira, 6 de março de 2019

Reprogramação

Como se reprograma a vida, a mente?
Palestras e ordens ao seu cérebro para ele ver que o que você manda é ordem e deve ser feito.  Eu sou muito boa  nisso, ou naquilo e acreditar e sentir isso. Eu
atraio  o que Eu quero, pois o inconsciente é quem manda. Logo não adianta o consciente dizer X se  o inconsciente diz Y. Porque o primeiro vai agir para ele ser satisfeito.  Dessa forma, eu  usarei somente o sim, vai ter dinheiro, vou visualizar o trabalho, vou ter amor, vou ter tudo e fazer tudo que eu quiser. Criar na mente o que queremos é o caminho para conseguirmos. Assim que se faz.  É assim será .  Não me preocupo pois sei que virá.

terça-feira, 5 de março de 2019

Pensar e conflitar

De repente percebemos que  o que sentimos não é exclusividade nosso.  Que nosso famoso descontentamento pode ter uma origem muito mais essencial que pensávamos.  Não  era  o homem da vez, nunca foi. Era eu mesmo, eu sempre, eu que  entendo, que necessito aceitar que sou assim, e transformar  tudo isso em algo que, na pior das hipóteses, sirva para alguém ler e se identificar.
Aos 50 descubro que tal sentimento sempre existiu e fez parte de mim. Algo que não sei ao certo explicar, que não sei ao certo como sinto.  Tal como não saber se tem enjoo porque comeu ou porque tem  fome.
Investigo-me incessantemente, numa caça solitária de mim mesma.  Vejo-me  desgarrada de tudo,  numa completa sensação de não se estar de todo em nada.
Lanço-me no abismo do vazio, que eu  mesmo precisei criar.
Com o verbo construo o meu sentir, que não é apenas meu.
Amor,caridade, entrega,  nada me basta. Tudo  não fecha o hiato. O espaço entre a própria  vida e o resto.
Quando não me senti assim? Não sei precisar.
Cada fase tem um nome, J, A, M, P,  G, A, etc e tal. Muitos nomes para um mesmo sentir.
O que tem a ver com os homens?  Talvez nada.
Talvez seja apenas um aspecto parcial da minha subjetividade. Um pouco Clarice, que prepotência, meio Virgínia, meio Katherine. Como saber?
Narro-me no intuito de  desvendar-me.
Por que  constatar   que pensar em A  é desviar do  abismo que me cerca?
Parar e refletir em tudo que não era  e que por ilusão fiz pensar que foi.
Será que me liam como eu era?  Se meu discurso era de retração e minha ação de entrega plena?
Como alguém diz que não quer e constrói uma relação que ultrapassa o campo do amor para ir para um planejamento  de futuro pleno? Assim eu fiz, uma completa contradição. Só não via quem não queria.
E a loucura de não saber o que fazer?  A espera de que a força imposta pelo externo desse à relação o que  seria seu caminho inevitavel , a morte.
A rota de fuga foi dele, e minha foi a  incapacidade de lidar  com a rejeição, mesmo sabendo que ela era imposta por uma condição doentia.
Foi, não cabe mais a mim gerir essa  questão, entrego ao universo e perdoo, perdoo, perdoo, a mim, a ele  e a quem não me fez entender o que comigo e com ele passava.
Mas agradeço,agradeço e agradeço a possibilidade de um amadurecimento .

segunda-feira, 4 de março de 2019

Pensar é conflitar

Mil leituras  e você se descobre como todos.  Neuróticos são todos iguais.  Pensamentos pululam.
Os dedos guardados em anéis de força e forca para não arriscar ir onde não deve, onde os olhos podem lacrimejar, onde a ciência desconhece o antídoto mais forte.
Deixar, passar, desviar, atravessiamo o pântano das dores que maltrata a existência, deixa passar, entrega para o universo e sai para o bloco sem celular.

Entender para não repetir

Dizem que no momento que entendemos algo,  aceitamos e nos respondemos o porque das coisas e deixamos essas mesmas coisas passar. Tudo passa, sabemos todos disso,mas até que passe tudo parece que nunca vai passar.
Já vivi o que vivo,  já tive a mesma sensação de incompletude antes, por várias pessoas posso dizer.  O que é diferente é ser pela mesma duas vezes. E o pior  é a pessoa  literalmente "Cagar e andar" para mim.   Amélia  morre de vontade de saber de João, mas   prometeu que não vai buscar informações sejam elas quais forem   por que  João racionalmente não é  para ela. Amélia  disse a João que o amava, ele escutou,  ouviu, percebeu e nada o fez pensar diferente. Então Amélia constatando isso não tem mais  nada a fazer a não ser esperar o tempo passar e o João passar também. João tinha ficado  sumido mais de 20   anos, e foi aparecer e esculhambou Amélia.  Amélia tinha que viver isso. Deve ser a moira . Mas daí a João não  compreender é muito. Amélia tem que perdoar João, para seguir. Ela perdoou mas porque ainda pensa nele.
No livro uma verdade que tocou Amélia lhe diz  uma coisa interessante. A sua alma gêmea, se você acredita nisso,  nem sempre pode viver com você, ela é que te faz acordar, ela é que te mostra quem você é e o que você precisa para ser você, te mostra seu melhor e o seu pior. No entanto, talvez fosse muito dolorido se ela ficasse.
Amélia sabe exatamente quem é João, acha que João não consegue ficar só e sabe ou intui que João a deixou porque tinha medo que ela o deixasse antes. João se entregou imediatamente a outra pessoa para não ver seu buraco.  Amélia  cisma com João e acha que ainda o ama, por que  tem medo do vazio que pode ser deixado se  não mais pensar em João?
Será isso que Amélia sente? Medo do vazio  que pode aparecer se não tiver mais a cisma de João. E ele por sua vez  faz o mesmo. Ocupou o lugar de Amélia para não deixar o mesmo vazio chegar. Amélia sabe que ela e João possuem a mesma carência. Que estranha  a vida, por-que construir um amor que  não pode  ser? Para que? Talvez nunca se tenha essa resposta. Deixa ir, te perdoo, te amo, sinto muito, obrigada por me fazer ver .

Semelhanças e meras coincidências

Poucos livros apresentam  personagens com os quais temos completa identificação.  Certa fase da vida li um romance em que a personagem chamava-se Elisa e tinha coisas que me pareciam tocar no momento em que li,  alguns pontos de fato tinham a ver,  não nos acontecimentos, mas nas formas de sentir,  hoje quase termino de ler  o livro que virou filme , " Comer, rezar e amar"  com mais de 4 milhões vendidos,  nada de muita literatura, todavia  a Lis personagem me fez sentir que não estou sozinha na forma  como sinto e sofro. Minha mãe leu e me viu na personagem, curiosa fui ler. De fato ela sou eu, eu sou ela, no mesmo ano estávamos Itália fechadas para balanço,  lutos longos, desejos loucos, questionamentos repetidos. Como pode? Talvez uma aura da época que paira por  sobre nós .
E quando leio parece que  eu estou ali.  É vida que segue.

sábado, 23 de fevereiro de 2019

Debate

Arte de debater tem a  ver com a argumentação. Temos uma tese e contra ela  coloca -se uma antítese e por aí vamos desenrolando os argumentos até que alguém vença ou não.
Em nossa mente talvez seja igual.  Mil pensamentos tontos e esfomeados por se fazer presente em sua realidade sem se darem conta do estrago que podem causar se se tornam  ações.
Um pensamento em potencial pode ficar anos em casulo, passando pela mente sem virar ação. As vezes ele maltrata onde passa, mas se esfumaça. Entretanto, se ele por um descuido vira ação, aí pode causar verdadeiros estragos.
Falou pensamento, agiu conforme ele te mandou, ferrou. Vais ficar condenado a toda sorte de sentimentos dele derivado.
Tem um ditado que diz "o que os olhos não veem o coração não sente" .  É mesmo por aí, a dúvida é menos dolorida que a certeza e podemos viver toda vida com ela, desde que não nos faça reféns. Se ficar se consumindo em dúvida aí também é a desgraceira. Um Bentinho da vida, atropela toda razão da existência.
Vivo o agora, policio os pensamentos e os dedos. Não mais busco  olhar o que em potencial sei que pode me fazer sofrer.  Foi uma escolha minha, até que todo desconforto se vá.  Que toda pulsação se  confine a inexistência.
Não é por medo, é por saúde mesmo. De que adianta eu olhar para o que me fará mal. Para que  me penalizar olhando a realidade, ou a virtualidade que não é minha, a pessoa que não mais me é.
Deixo fechada a porta dessa emoção  conflitiva. Abro janela  para outras, e entrego ao universo  o que podia, o que é e o que será. Perdoo as falhas de nós. E seja  o que  tiver que ser.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Abandono

De repente, descobre -se que o medo de  ser abandonado faz  você abandonar.
Repetidamente essa atitude fez parte de você. E por ironia ou loucura, você se aproxima exatamente das pessoas que  fazem o mesmo. Que também tem medo do abandono.
Isso não significa que ao abandonar você sofra menos, não sofre, você talvez sofra mais, pois sofre duas vezes, por abandonar e por se sentir culpado de ter feito no fundo, por medo, o que você mais temia, ser abandonado.
Nossa mente é mesmo louca!!! 
E no fim, para estancar o sofrimento você se entrega em seguida a qualquer relação que possa fazê-lo seguro de não ser abandonado.

Suzicleia

A chamavam Suzi. Usava botas vermelhas e dizia que depois do último homem que teve tinha decido levar uma  vida devassa. E que comprou aquele par de botas para sair dando para todo mundo.
Entretanto,  antes de tudo, precisava descabaçar. Já tinha um ano que o cara tinha fugido de  vergonha e logo arrumado uma ruiva cabeluda e Suzicleia nada.  No máximo deu uns beijos na boca de um menino 20 anos mais  novo,que achou no aplicativo, e que depois vivia pedindo para sair  com ela  e de um   pau amigo de plantão. Mais isso só fez depois que descobriu  que o Ex já estava de casamento sério com outra.
Suzi  ainda era romântica. Mas agora ela tinha que mudar. Precisava mudar. Não era mais uma menina. Estava inteirona e queria ver que gosto tinha a tal vida devassa.  Era de noite,  calçou a bota,  colocou seu baton  predileto que combinava com a bota. Prendeu os cabelos  deixando a nuca e os ombros a mostra,  a cor da roupa era preta.  Se perfumou e saiu.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Renascimento

O cinema sempre foi o grande palco das ilusões. Para o positivo ou negativo, nos pegamos vendo nossas histórias acontecerem  nas telas.  E podemos ver que não somos únicos a sofrer, a ser feliz, a ter dúvidas , afinal a matéria da arte é a vida em todas as suas nuances.
Conforta-me, sentir que estou agindo, que tudo começou a andar seja lá em que assunto for.
Emocionalmente talvez ainda um pouco magoada e desiludida,  confesso para mim mesma. Mas daqui  a pouco já passou. Esse tempo verbal mesmo que quero dizer.
Seguindo conselhos não vou mais  me detonar olhando porcarias da vida alheia.  É também não permitirei que ninguém me fale.
A vida segue seu curso para todos os lados, busco minha paz e minha saúde e isso é o que me importa. O que será será. A moira  seguirá o curso que tem que seguir, e em nada podemos  mexer no que toca a vereda. Mudamos sim alguma coisa, talvez a forma, mas não o caminho.
Certas constatações nos damos conta em horas mais improváveis.
"Preocupação em fazer o outro feliz, e esquecer de ser feliz".
Talvez tenha eu mesmo esquecido  disso, também deixando de curtir o momento e sendo eu mesma, com medo de me entregar de verdade e ser machucada.  O que nada adiantou, não fui inteira e fui machucada do mesmo jeito.
Serve  de lição para mim.
Presentificar, viver tudo que há para viver em cada momento sem medos ou excesso de expectativas. Na verdade serve para os dois lados do relacionamento.
Ser o que se é genuinamente. Sem que a fala do outro te iniba ou faça recuar.  Isso tenho que aprender, elaborar a questão da rejeição e do abandono.  Salve, a descoberta do calcanhar.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Rodrigueando





Era um dia nublado, a névoa de inverno ocupava toda a paisagem maravilhosa vista de cima.  Domingo de manhã muito cedo, a cidade dormia, o bairro dormia. Ninguém acorda cedo nos lugares boêmios, exceto poucos animais de rua que saem para caçar comida e os trabalhadores que  vem de fora para cumprir seus deveres e esperando  a cidade acordar.
Foi nesse dia que ela, tendo ido dormir cedo na noite anterior,  acordara com as galinhas no domingo. Tomara calmamente seu café com pão requeijão, geleia e leite e resolvera sair para caminhar, antes que  a névoa se dissipasse em chuva. Trocou-se, pois um calça de ginástica, uma blusa da  mesma cor, azul marinho, um tênis branco e um casaco, pois a névoa deixa o frio mais intenso escondendo  qualquer raio de sol. Pegou sua chave e saiu. Carregava junto ao corpo uma pequena sacola com suas chaves, 10 reais e o telefone celular. No rosto os grandes óculos escondiam  os olhos da claridade matutina.
Saiu  do prédio, desceu sua rua,  poucas pessoas, somente ônibus quase vazios trafegavam. Foi andando, passou pelo Largo do Curvelo,  no descampado observou, olhando morro  abaixo, que quase nada se via. O relógio da central não marcava as horas, estava escondido nas nuvens, passou pelo largo dos Guimarães, o cinema fechado, a antiga padaria, o jornaleiro e o posto policial. Seguiu a rua, o Simplesmente, o Mineiro, tudo fechado. Seguia os trilhos do bonde que não passava. Seu ritmo era decidido, com pressa, fazendo  pulsar forte o coração, e o corpo transpirar.
Desce a ladeira, na reta da Monte Alegre já respirava forte, a velocidade da descida impunha a retirada  do casaco. Em frente a uma placa de vendo de um prédio em ruína branca, ela parou.  Junto dela uma outra mulher que levava um pequeno cachorro. Parou chamada pela mulher   que recolhia as fezes do cachorro para colocar no lixo.
No meio da rua o ônibus se aproxima, dessa vez não havia passageiro. O motorista buzina e  a chama convidando-a a entrar. Não conhecia  motorista, jamais o tinha visto. Quem seria? Por que convidava? Pensou em Rodrigues seu noivo, pensou na missa em  que iria ao voltar da  caminhada, pensou na rua e no seu deserto . Olhou para um lado, nada viu, procurou a mulher com o cachorro,  também já haviam sumido. Virou a cabeça procurando outros carros, não os  viu e num movimento rápido atravessou a rua e entrou no ônibus.  Faltava pouco para o ponto final, sentou-se no banco da frente mirando  o motorista que entre uma curva e outra lançava-lhe  desejosos olhares. O ônibus virou a rua Oriente, seguiu reto, desceu a Paula Matos, parou.
Na rua  tudo deserto. O dia amanhecia, a névoa começava a se dissipar. Logo, logo novos ônibus chegariam e os passageiros também.
Saltou, caminhou  até a esquina, deu um ciaozinho tímido e foi. Certamente Rodrigues seu noivo já deveria estar chegando para mais um domingo no parque.             (ECC- O3\07\2011)


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Caderninho das exs

Quando ela foi embora eu jurei que ía voltar .  Afinal eu sempre fazia  o mesmo discurso quando a coisa ficava torturante para mim.  Era assim, começava a discussão, eu ia até um certo ponto sustentando meus argumentos , quando via que não dava mais eu estufava meu peito que nem um pombo e dizia: então tá tudo terminado, não aguento mais, faz o que você quiser.  Só que eu não tinha certeza se era isso que eu queria, na verdade nunca era. Era  apenas um efeito do discurso pois sabendo que ela me amava ela não daria valor aquilo que já conhecia e eu duas horas depois  voltava ao normal como se nada tivesse acontecido.
Certas vezes eu ficava mais agressivo e fazia minha voz mais grossa e ela se assustava.   Fiz  muitas vezes,  já estava viciado no comportamento,  não era só com ela, foi com todas.
Mas naquele dia eu a peguei de mau jeito.   Vínhamos  desgastados de tudo que tinha acontecido, e eu não conseguia sair do lugar. E na mínima discussão eu  fiz de novo o discurso, vou embora. "Se me ama deixa eu seguir meu caminho", ela então deixou. 
Duas horas depois eu mandei uma mensagem para ela  e ela disse para eu respeita-la. Afinal  ela estava sofrendo por fazer o que eu pedi.
Eu fiquei perdido,  pois ela me obedeceu, mas eu não sabia se era aquilo que eu queria. Mas ela respeitou.
Minha vida pareceu no ar,  eu não ligava, ela não ligava, precisava  arrumar o que fazer, ligamos e logo discutimos. Tudo tinha ficado nebuloso, mas eu tinha medo, não sabia o que esperar, tinha receio do confronto. Fiquei desesperado, seu silêncio me atormentava.
Resolvi então abrir meu caderninho de outras exs, precisava me divertir, não pensar . Era demais para mim, eu não subsistiria se fosse pensar no rumo tomado . Foi então que encontrei uma nova ex. Meu caderninho não falhou, nem tampouco o Facebook,  entrei em contato, ela prontamente respondeu, estava solteira, disponível.  Marcamos nosso encontro e  minha segurança estava de novo se restabelecendo. Fiquei calmo,  a vida seguiria.

Monitorando 2

Primeiro dia. Química nova pela manhã. Inicio com o pé direito, tudo   pode existir e melhor, vontade de ultrapassar essa fase.
Se não tivesse consciência apenas sentiria que  algo começa a mudar. Mas sei de  2 fatores, o  químico e o  psicológico. Não quero mais sofrer, fiz exercício e o peso  do que senti, eu não quero mais. Fui inflando e não conseguia mais andar, também não flutuava. Chorei e aí comecei a soltar, chorei, chorei, todo peso começou a  sair de mim, fui desinchando, tive de  novo meus movimentos. Volto a ser  eu sem o peso de carregar alguém nas costas. 
Sou tão frágil quanto ele, só que ele não viu que também eu precisava  de colo. No seu egoísmo cego, só ele foi quem sofreu, perdeu,  sentiu.
Um dia verá.  Não creio que passamos a vida completamente inconsciente. A consciência sempre vem e aí o livre arbítrio nos faz escolher se agimos com ela ou não.
Essa é a nossa escolha.

Textos antigos

Peguei meu caderno de escritos de fim. Escritos do fim próximo que eu sabia que viria mas que não aceitava.  Li tudo, mostrava para onde ía ,  e nós  e eu, que estava mais sã, falava mas não conseguia arrumar.
Ele cada vez mais no buraco, louco e eu também.
A cada dia pergunto-me  mais o por que disso ter aqui de novo acontecido. Por que de novo com ele.  Se não era para construirmos por que? Qual a razão disso ter acontecido? Para que nos encontramos de novo?
Não encaixa na minha cabeça.  Não tem sentido.

Desconforto

Cada vez que penso no ser, meu corpo se manifesta de uma forma estranha. Sobe uma sensação de queimação pela coluna vertebral como se um líquido quente chegasse até a cabeça. Não sei do que se trata, fico toda vez assustada e tento desviar o pensamento.  Passa.
Outra hora de novo vem a vontade de saber e só de insinuar a possibilidade já vem de novo a sensação. Que coisa estranha, nunca tinha sentido dessa forma. Sei que muitas dores de amor chegam a ser físicas mas essa éum pouco demais.  Todo corpo se contorcendo, como algo a te comer  as entranhas.   Não entendo, mas sinto.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Esforço

Meu esforço é para não cair, estou no consultório esperando para ser atendida.  Tudo lotado, meu Deus será que todos têm o mesmo problema. Assusto-me.
É um psi e um neuro.  Tenho gana de não deixar, não quero. Não tenho esse direito.
O cara é um merda eu sei disso, todos sabem, não vai adiante em nada até os amigos falam. Está na fase da euforia logo desaba.  Só quero apagar, não pensar, esquecer.
Desmaio, me acodem, passo o dia vegetando e  chorando.
Um turbilhão passou sobre mim. Não acredito que seja só pelo  ex, mas por tudo. Queria dormor e acordar quando não houvesse mais nada.