sábado, 31 de março de 2018

A impermanência das coisas e sua energia

Viver ultrapassa qualquer entendimento, me diria minha amiga Clarice L. Admirada por mim e por muitos.
Em sua forma de ver encontro subsídio para compreender e seguir adiante.
Todavia as perguntas sempre estarão ali,independentemente das respostas que ouvimos ou que tentamos encaixar na nossa  alucinada tentativa de entender.
As pessoas no nosso caminho surgem e desaparecem  com a mesma intensidade, sem um propósito que nos seja claro.
Para que te procuram? Por que você tem que passar por determinadas coisas com alguém que surge para depois a pessoa simplesmente sumir  de novo.
É quando você impacta muito mais na vida dela do que ela na sua?
É quando você entra na vida do outro porque ele foi até você e sai porque ele não tem maturidade  para ficar.
Ou seja, a pessoa te procura, te convence e depois pica a mula e você fica com o pepino para torcer.
Você se pergunta o que fazer , como fazer?
Às vezes você sente raiva de si mesmo de ter se deixado envolver sem se dar conta de que o outro te iria falhar.
Como você foi tão inocente, tão cego diante das coisas. Mas você tem que se perdoar,  não fez por mal. Fez por amar e não conseguir dizer não. Fez porque o outro não admitia você fazer diferente.
E você cedia a ele sempre.  E ele   ainda acha que cedia a você.
Sabe quando você fala para a pessoa fazer diferente do que ela tá fazendo e ela não faz e depois vem dizendo que  fez o que você queria,fez para te agradar e não se dá conta de que tá agindo errado. Tá projetando no outro suas coisas.
Mas que fazer com pessoas assim? Eis a pergunta.
No fim elas não conseguirão dar conta de si, porque seu eu é projeção no outro.
Elas acusarão outro pelo seu sofrimento e fugirão. E o que fazer?
Como resolver o pepino? Você tenta,tenta e nada.
Se sente  inepta para fazer. Mas precisa resolver. Como?
E o sentimento vai escapando. Tudo sendo jogado de lado, tudo como se nunca tivesse visto. A pessoa se coloca na maior caverna escura para você não ver e nem ela tampouco.
Fácil resolver a vida assim, sem ser consciente do que deixa pelo caminho. Sem dar uma força a quem ficou para resolver o que você deixou para trás.
E assim  talvez achem que tão te fazendo bem. Ou  seja,  fácil  a irresponsabilidade para quem vai  e complexa  a responsabilidade para quem fica apagando os incêndios cheios de foco.
Mas vamos lá, um dia o fogo morre de vez e sua consciência se fez e você agradece ter tido o tranco que te fez ser ciente e consciente de si mesmo. Segue adiante com pena porque você foi e olha para trás e vê que o outro estacionou.

quarta-feira, 28 de março de 2018

Ironia do destino

As vezes, quando não planejamos encontrar ou que torcemos para não faze-lo é aí que a energia se encaminha e nos deparamos com o fato.
Pode ser uma barra,  constrangedor, arrebatador, sem graça, doloroso. Tem milhões de adjetivos para todos os lados. Mas de boa , Carmosina  até gostou de tão inusitado que foi , passou o tempo depois rindo do momento.
Para ela foi assim, para o par ela não sabe. Não olhou ele nos olhos nenhuma vez. Por isso nem sabe se ele a viu de verdade.
Olhou de soslaio o contexto daquele ser sentado ao seu lado por uma ironia do destino.
Esse mesmo destino que o fez depois perguntar se ela havia trazido o que ele mesmo não sabia o que era.
Carmosina questinou-se. Por que?
Ela repassa a história de vida pregressa,tenta dar sentido e significados e percebe que havia mais doença do que supunha a vã filosofia. E ela cega de amor não conseguia ver.
Ela tem dúvida de como agir, por isso melhor ficar quieta.
Questiona se o que sente é apego. Ou falta  de saco de ir a luta. Preguiça mesmo. Acha que  ficará o resto da vida sozinha.  Porque não acha isso tão mal assim.
Gosta da própria companhia e não vê com muito entusiasmo e disposição ir para pista,começar tudo de novo, ir buscar. Não fora antes, agora então.
Ela pensa se deve procura-lo ,mas para que?   Se ele se encontra na mesma situação certamente terá os mesmos problemas e então será ainda mais desgastante.
Talvez ele pense assim.  Se nada tenho a oferecer para que buscá-la.  Bem provável esse pensamento dentro do núcleo em que se encontra.
Como nada  tem dele,  ela nada tem a perder. Poderia procurar- dizer que o ama, Que quer dar uma nova chance ao amor. Mas tem quase certeza que ele em sua condição sociocultural não aceitará.
Por mais que queira ve-la pedir,  e queira exercer o seu poder, já que ele mesmo fez isso mais de uma vez. Ele esbarraria na sensação de provedor, na competição que tem com a mulher.
É assim , ante outras elucubrações eles vão vivendo separados e se esquecendo mutuamente.
Mas como ? Se o amor como não é  preciso.  Quanto menos precisar mais incondicional é esse amor. Amo porque amo. Não amo porque preciso, porque ele mesmo não  tem precisão, não porque tenho interesse, não  porque quero trocar.
Diferente dos outros amo porque admiro,porque sinto bem ao lado. Porque sua presença faz eu me sentir uma pessoa melhor.
Não sei explicar porque disso ocorrer. Nunca saberei. Sei sim que descobri isso. E acho bom. Daí não quero competir, não quero obrigar ,nem cobrar, quero apenas sublimar ,observar esse amor é sentir o bem que ele faz, cuidando dele. Porque um sentimento assim não ocorre todo dia.

sábado, 24 de março de 2018

Sem título , sem poder e com perdão

Talvez ao final o título surja.
Os encontros de  Romeu e Julieta passaram a ser improváveis desde o dia que ele não  aguentou mais a própria história  e  resolveu temporizar e sair.
Mas  Julieta  estava pouco afetada com a história  dele. Tinha consciência  tranquila de só  ter feito  o era necessário e além  de tudo  só  ter feito o que Romeo mandava ela fazer.  Ou seja, Julieta,  embora todos considerasse braba e mandona , no caso em questão ,se rendeu aos caprichos de Romeu e só  fez o que ele  quis.
Ela acreditava tanto nele, que também  ficou  cega  para  ver que ele não  dava conta de sua própria  vida,  embora ele dissesse que sim.
Ele ia  perdendo aos poucos, a casa, proteção  da psique  e depois todo o resto  que já  estava deslocado, desenraizado, desterritorializado. Daí  para o fundo  do poço  foi rápido.
Mas é  que Romeu não  aceitava que  estava indo pelo caminho errado.
Mas Julieta  sabia, mas não  conseguiu  faze-lo mudar.
As vezes, Julieta acha que ele nunca conseguirá  ver a realidade . Que viverá  eternamente  fugindo de tudo. Isso  porque se não banca a própria  história  não  tem como ressignifica-la.
Na vida temos que vez por outra  ou sempre rever onde fomos. Uma anamnese básica  para  saber se o percurso  é  o correto. Se demos valor  as coisas certas e se temos que corrigir, voltar  atrás, pedir desculpas, deixarmos a prepotência  de lado e admitir que erramos,  que  falhamos porque  fomos teimosos e cegos e pedir desculpas por nossas  fraquezas, e pedir perdão  a quem ferimos e a nós  mesmos e acima de tudo perdoarmos.
Senão  fazemos isso   corremos  o risco de amargar o resto  da vida.
Podemos  até  fugir para religião  ou outros  tipos de fuga,mas aquele evento, trauma vai estar sempre ali.
Julieta acha que  com Romeu vai ser assim. E enquanto for assim ele não  conseguirá  ter uma boa relação  com ela.
Julieta não  tem bola de cristal,  mas sabe que é  assim. É tem pena de Romeu.Tem pena de desperdiçarem um história  tão  bonita por causa da falta de discernimento dele.
Ela sabe que por ela muita coisa  mudou . Ela reviu seus conceitos, tá  olhando seu próprio umbigo. Viu que o que buscava não  existe. Viu  que  sua insatisfação  era com ela mesma e não  tinha a ver com a forma  como deve  ser uma relação  madura. Viu  que  ele no seu caso de tratamento ,até  que   era normal. Mas ela era excessiva.  A forma  dela exigir é  que era errada. Mostrava uma coisa insana que ela  não  se dava conta.  E então  foi preciso perder para ver.
Tudo bem que Julieta sabe, que do jeito que ele estava  era impossivel a convivência.
Mas já  foi. O tempo  dirá  se Julieta  e Romeu já  finalizaram ou se algo  ainda acontecerá  entre eles.
Por enquanto, o medo que ela tinha se acabou dado ao acaso que veio bem a calhar. Mas ele parece que ficou meio  desconfortável.
Só  o tempo e o perdão. Auto  perdão  com próprio reconhecimento e perdão  do outro. Só  o perdão  nos liberta.

sexta-feira, 23 de março de 2018

Coincidências

Eis que abro um livro, que fotografei abaixo,  e que comprei  no bazar da igreja para deixar aqui em Teresópolis.
A dedicatória  interessante  " A este grito  da consciência  criou -se um espaço  para um eu-o eu solitário-caminhar em liberdade .
Que curioso,pois amo esse livro e ele me cai nesse momento quando  a menos provável das coincidências  acontece.
Por hora, rindo do acaso  e deixando  seguir.

quinta-feira, 22 de março de 2018

Romeu e Julieta e o eterno retorno







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22/03/2018
Romeu e Julieta não  se suicidaram no eterno retorno, foi tudo uma ilusão.
Quisera que todas as questões  que envolvem nossa  vida não passassem de meras ilusões  de ótica, mas   sendo míopes ou astigmáticos,  tudo acaba em algum momento pegando mal para nós mesmos.
Depois de toda  uma entrega e construção de sonhos e planos, Julieta se viu  num grande dilema, ela havia  se metido numa enrascada  negocial que não sabia como sair. Quando entrou  na causa da enrascada achou que  fosse possível resolver o problema de  Romeu, que andava nesse tempo já em maus lençóis , Romeu estava desempregado e  já não tinha como viver no seu recolhimento, a briga com a  família  desde aquele tempo em que não se suicidaram, já lhe causava estragos embora sempre tivesse alguma alma caridosa que lhe socorresse com algum no fim do mês.
Mas Romeu,  achando-se o entendido de um assunto pensou que devia dar a Julieta uma prova de que ele podia sair daquela situação em que se encontrava. E  assim que Romeu, auxiliado por Julieta,  resolveu empreender. Julieta acreditando no potencial do querido, não mediu esforços, fez tudo o que podia. Caminharam até um ponto sutil, quando a coisa começou a  degringolar. Romeu cercou-se dos piores para trabalhar e não conseguia ver que isso estava acontecendo, por mais que Julieta falasse Romeu restou-se  cego para ela. Julieta sem saber o que fazer, foi fazendo o que Romeu queria, não teve forças e decisão para sair e  levar consigo o bem adquirido para o negócio. Um ano, dois anos   Romeu atingiu seu auge de decadência  e Julieta teve que de fato intervir, pois Romeu se apagou . Ou Julieta reagia, ou Julieta perdia todo o resto.
Julieta reagiu, mas  Romeu  não entendeu, adoeceu, Julieta esperou, esperou Romeu entender, mas ele não entendeu e fugiu deixando Julieta com a batata quente.
Julieta hoje sozinha tem que dar conta de recuperar o que Romeu abandonou. Romeu estava doente Julieta fala para si mesmo o tempo todo. Mas não consegue  no fundo, no fundo, aceitar como a vida pode ser tão cruel com eles. Depois de toda a luta, Romeu abriu mão de ajudá-la a sair da barafunda que eles se colocaram.
Julieta sente-se inconformada, aceita os sentimentos de Romeu que a trata com frieza e descaso, assim lhe parece. Romeu não fala nada, sequer olhou-a nos olhos antes de sair  para seu recolhimento.  Cada dia que passa Julieta alterna o  bom e mau sentimento a respeito de Romeu, estava doente, mas não aceitava a doença, e ela hoje sofre todo tipo de consternação para esfriar a batata quente que ele deixou. Ele sequer pergunta como ela está, se conseguiu resolver o que ele deixou. Faz-se de esquecido, de rogado, ouvido de mercador. Julieta se culpa por ter avaliado mal seu querido Romeu. Por não ter  visto e saído  fora antes de tudo acontecer. Ela tentou, várias vezes alerta-lo, não conseguiu, Romeu prepotente e orgulhoso, mas ela o amava  e pagou para ver.
Hoje Julieta tem no seu quintal um elefante branco que come pra caramba, Romeu sumiu, pouca ou nenhuma  notícia ele dá. Julieta não sabe o que pensa, acha que o ama, mas do que isso  adianta?  Escreve para Romeu quando não dá conta de si mesma. Quando dá, deixa rolar, silencia. Julieta sabe que talvez não  tenha solução, somente o tempo pode apagar. Escuta amigos que tem posições  diversas, uma diz que devia ir logo falar com ele e se livrar das  esperanças,  outra diz que ele espera ela  ir, que ainda deve gostar. Outro diz que não existe mais nada, ele  a apagou de vez, e seria orgulhoso demais para voltar atrás, mesmo depois dela lhe contar a verdade de  tudo. Mas ele  parece culpa-la por despertar nele a vontade de sair do primeiro lugar em que estava, de sua alienação e penitência.
Mas Julieta  também acha que não seria bom ter ele igual. As cicatrizes  ficaram  forte, e ainda estão.  Mas o que foi mesmo que as fez nascer?  Foi por causa deles mesmos ou não?
Julieta está confusa, tem vontade de busca-lo mas  tem medo da rejeição. Não sabe como lidar com isso. E assim o tempo vai passando.  Manda-lhe poemas,  músicas e palestras, mas ele é irredutível .
Talvez a culpe de sua situação. Se assim o faz ainda terão muito pela frente e talvez nunca cheguem a  algum lugar. Uma pena diz Julieta, terá que buscar novo Romeu.
Mas o que mais perturba Julieta é ainda ela  não se perdoar, talvez sejam eles mais iguais que diferentes nessa jornada.  Ambos carregam a culpa e não conseguem se ver. Ele sustenta que sim, mas não dá sinais disso. Ela constrói na sua escrita tudo aquilo que pensa que é. Que será?                     

quarta-feira, 21 de março de 2018

Um dia,outro, depois outro...




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Cada dia que passa, mais  um tempo que passa sem saber o que se deve fazer. Ou não  fazer nada.
Nada,Nada, Nada.
A vida tem respostas  sábias. Se estou no desfavorecimento porque a conta soma para  outrem, não se tem no que fazer.
Poderia ser melhor  procurar para ter a derradeira  resposta, que levaria ao mesmo lugar em que se encontra agora. Ou ficar quieta  esperando o tempo agir e continuar  como  agora.
Ir ou não ir poderia  dar no mesmo. Mas diferia na ilusão, será?
Teria eu a capacidade desencanar rapidamente? São muitas as interrogações.
 

Literatizando a vida



“No mundo do eterno retorno, todos os gestos têm o peso de uma insustentável responsabilidade”.
Acho que a frase é do Milan Kundera na “Insustentável leveza do ser”, livro que eu deveria reler, pois creio que quando li não tinha idade suficiente para tal.
Literatura  é assim, vez por outra  você precisa voltar e ressignificar  tal como a vida, tal como devemos fazer a cada época da existência.
Pergunto-me pelo conceito de  Nietzsche  do eterno retorno, e quem sou eu para falar disso? NADA!!! Definitivamente  NINGUÉM  e isso não é dito como foi por Ulisses para se livrar do Ciclope.  Embora  eu tenha de sobra “ necessidade, vontade” de me livrar de algumas coisas e situações.
Meu “bateau”  não está bêbado, rimbaudianamente, mas me dá muito trabalho, muita angústia à existência, é meu filho que ficou e que  necessita ir com todo o resto, para que só algum sentimento fique de memória e lembrança .  Ele precisa ir, mesmo que seja  para depois outra  coisa  voltar. 
O que me foi deixado para resolver é que é uma pedra, noite e dia, no meu sapatinho vermelhinho de verniz.
E quando entra uma pedra a mais nesse sapatinho eu grito, pulo esperneio, não sei o que fazer.  Tenho que me livrar desse bateau, mas ele é faceiro, não quer ir aportar em outro porto. Por que? Por que? Por que? Eu  berro como um animal machucado.
Acho   também, que quem   o deixou deve estar do mesmo jeito, por mais que se fuja, que se baste e se envolva em outras coisas, esse bateau  sempre virá à tona, seguido de tudo que ele representou.
O bateau não sou eu,  podem me confundir, podem achar que eu fazia  parte daquilo, mas eu não fazia. Eu era extra, de fora e enquanto não se “desconfundirem”, e se perdoarem, isso vai continuar pela vida machucando, doendo, por mais que tentemos  nos enganar, disfarçar, simular etc, etc, etc.
“Será preferível dar um grito que apresse o nosso próprio fim ou ficar calado e comprar uma agonia mais lenta?” Diz Kundera. Eu não sei.  Talvez seja necessário para desencanar de vez. Mas preciso aprender a me respeitar e fazer quieta o que sinto. E o que sinto não tenho ainda condição de definir. Será a vida uma partida? E nesse jogo de pedidos, eu estou perdendo. Eu estou manipulada pela razão e pelo orgulho e não me deixo violar pela ditadura do coração?
Talvez eu precise de socorristas!!!! 21/03/2018


quinta-feira, 15 de março de 2018

Desculpa ,mil vezes desculpa

Cada vez que chegava e dava de frente com  aquilo que não conseguia resolver ela se desesperava.
Como podia sair assim do eixo? Como  deixava que   uma situação a desequilibrasse tanto.   Chorou como jamais  tinha feito, um choro tão doído que  não lhe cabia. Achou que fosse morrer com tudo aquilo.  Parecia  que tinha vindo para que fosse espezinhada,  cobrada, oprimida com toda aquela coisa.
Gritou e sua voz não vinha como  num pesadelo.
O que fez para receber isso? Como pode deixar isso acontecer?  Quisera apenas  ajudar alguém e estava agora sofrendo isso tudo por causa dessa mesma pessoa, que fez o que já tinha querido, se mandou  e a deixou com a bola quente na mão e agora é muito quente e vai queimando  tudo.
Caralho, não foi ela quem inventou a história,  por que tem que passar por isso agora?
O pensamento é confuso. Está sozinha para decidir e para sofrer. Já não bastava tudo que tinha perdido todo dinheiro empregado,  todo afeto colocado ali, todo empenho.
Não, não era certo.  Anos de trabalho gastos num sopro. 
A culpa que o outro tinha e que não  tinha,  que nem olhar olhava,  a doença  que cegava a todos.
Como pude, como pode?
Perdão, preciso  me perdoar e liberar o outro.

segunda-feira, 12 de março de 2018

De novo o passado.

Será que nos atrapalhamos tanto assim com o passado?  Talvez sim, porque o inconsciente talvez não tenha a idéia de tempo criada por nós para viver . Será?  Não sei dizer.
Mas o fato é que muitas de nossas ações, de nossos bloqueios e sofrimentos  no presente são de algo que vivemos e que nem lembramos ou que nos damos conta.  O cético vai dizer, se eu não lembro como posso por isso sofrer. Mas o pior é que sofre.
Às vezes determinados sentimentos que temos diante de coisas e pessoas tem a ver com isso.
Todo mundo seleciona o que vai lembrar e o que vai apagar e essa seleção não é arbitrária e consciente.  Ela acontece e então  quando vem a tona alguma coisa que remeta a isso que ficou camuflado a gente sofre. E pior, às vezes até agimos inconsequentemente munidos de algo que não sabemos o que é mas nos impulsiona.
Certas situações de bloqueio, de afetos, de medos são facilmente explicadas por isso.
Penso em uma situação  limite como vingança  por exemplo onde conscientemente ou não o indivíduo quer que o outro sinta aquilo que o fez sofrer.
Ou de bloqueio de não se conseguir realizar uma atividade por conta de algo que aconteceu e que a pessoa não lembra.
Mas como fazer?  Não faço a menor ideia. Alguns fazem hipnose , mas não é comum.  Outros terapia,  e as vezes se consegue resolver, descobrir , outros preferem a religião.  Que não sei se dá conta uma vez  não foi feita para isso. Creio  que a importância do processo místico e religioso serve para outros fins. Pode servir também para o auto conhecimento, é,   desde que o indivíduo consiga trazer para sua própria vida as questões. Se não vira apenas fábula.  A forma é a mais antiga. Mas se as discussões existem creio que pode ter efeito.
Acho muito complexa essa questão sobre o que se busca.
E quando vamos buscar?  É muito complicado ver  um processo doentio ir consumindo as pessoas e elas continuarem relutantes dizendo que não tem nada, quando tá na cara que tem. Quando as pessoas serão menos preconceituosas com as coisas da mente. Será preciso ir ao fundo do poço para se tocar em tentar uma experiência.
E os que vão ao fundo e mesmo assim boicotam?
A quem punem se não a eles mesmos.
Relutantes só sofrem. Acabam fazendo o que nem querem,  pois imputam sofrimento a quem tá do lado.
Como fazer, como ajudar ? Mesmo para quem já esteve dos dois lados  é difícil.
Existem os graus, até onde o outro pode?  Na ansiedade de ajudar as vezes atrapalhamos e  perdemos o jogo.   
Como lidar?  Que angústia  é essa nossa  quando tentamos e não conseguimos agir certo ? Ou agir de maneira a fazer  a pessoa reagir.
Ocorre de  perder o jogo e depois não ter como retroceder.  Não pela morte pois seria extremo, mas pela não convivência.
Esse nosso despreparo  ainda doi mais, pois por causa dele nos sentimos mais  imprestáveis,
quando não temos diálogo,  quando perdemos o viço para a luta, quando ficamos exaustos de tanta pancada, e pressão e o ser doente não se toca, ou não consegue se tocar, não alcança  e se pune ainda mais por isso.
São muitos os obstáculos , que por vezes se tornam quase intransponíveis.
Mas é a vida, não dá em poste.  

 

domingo, 11 de março de 2018

O passado nunca termina?

A criança no meio da cena olhando para tudo  pergunta meio afirmando. -Papai, o passado nunca termina?
0 pai fica parado, olha para a criança   e como se saisse do ar  sua vida passa  quase inteira pela sua mente, tudo o que ainda  lembrava e tudo que ficara sem ser resolvido,  era como se de repente o tapete lindo e desenhado que tinha abrigado os acontecimentos  rasgasse com aquela pergunta do menino . 
Como  ele poderia com tão pouca idade perguntar aquilo?
O que o teria feito concluir o que eu jamais pensara ? Que não adianta esconder ou camuflar  que o passado sempre vai estar ali parado, a fim de que eu lhe desse a cada momento um significado diferente de acordo com o meu amadurecimento e minha disposição para olha-lo.
Pensei naquele momento em todas as leituras de minha vida,  que eu tinha deixado passar,   em todos os planos que eu abortei,  em todos os jogos que desisti de jogar, isso porque o que deixamos de fazer dói mais e é mais lembrado do que aquilo que realizamos.  E não é por acaso, é que se quebra a corrente de  energia no meio e quando desistimos  sem resolver ela fica estagnada.  Não vai nem para frente e nem some.  E pior, vai nos acompanhar para o resto da vida.
Taí as coisas  da  infância que  por vezes nos traumatizam. As dores e amores, os desejos não realizados.
Mas o menino insiste, papai,  quer dizer que  mesmo depois de tudo, o passado ainda estará ali?
De novo o pai titubeia, e então responde . Sim filho,   nossa história é feita do  passado e de nossa expectativa de futuro. O futuro não existe e quando chega já vira passado no momento seguinte.  O que nós temos é tão somente o presente, que para ser pleno precisa ser vivido intensamente, se sabendo que ele é único e que no minuto seguinte já se foi. Ter atenção e sentir o que ele nos oferece nos seus momentos.  Todos os afetos, todas a alegrias, todo o conhecimento e as dores também.  Tudo isso faz parte desse grande mistério que é o viver.
O menino olhou,  pensou e  lançou - Eu gosto muito de mistérios, papai.
  

Se a Martha pode eu também posso










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O quadro aí é do Gerard ter Borch (1617-1681), certamente não demonstra uma imagem usual da época,  já que  grande parte da população era analfabeta ainda mais em se tratando de mulheres. Mas num exercício habitual digamos que ela está a escrever cartas e não para um blog de internet.
Mas já estamos no  século XXI e  talvez também não tenhamos tantas mulheres assim escrevendo. Aumentamos muito em número mas ainda sofremos com outras questões  no tange a nossa expressão.
Já temos muitas romancistas, poetas, historiadoras etc, mas ...carecemos de nos falar, falar para nós mesmas e falar para outras e outros. 
Tem escritoras que  quando chegam a um patamar conseguindo um público  interessante são logo taxadas de autoajuda e não há nada pior para um escritor que isso.
 A academia é cruel, sabemos seu machismo e seu conservadorismo que, na prática hoje, nada importa para a indústria cultural, editoras que querem vender e tirar seu lucro, porque o autor mesmo, ganha muito pouco.
Enfim,  vamos falar um pouco mais sobre nós. Se temos espaço eu não sei, sei que  o passeio por esse blog vem aumentando . Labiríntico ou não, com flores no jardim ou  não, ele vai indo. Se quem ler ajudar compartilhando e indicando, vai mais rápido e podemos abrir  para falarem outras e outros também.
Por isso hoje eu afirmo, se a Marta pode todo domingo, eu também posso e todos podem, é  só querer e se aventurar.         


sábado, 10 de março de 2018

Voltar a conexão

A vida tem mesmo caminhos estranhos,  às vezes paralelos, outras bifurcados. Como o jardim borgeano de caminhos bifurcados e labirintos.
Duas coisas diferentes que talvez acabem num mesmo ponto, naquele em que buscamos uma resposta para a existência.
Não é a toa que nos damos conta num determinado momento, que temos que voltar para determinadas práticas que nos fizeram   bem uma hora lá trás.   Aí quando voltamos descobrimos que o corpo e a mente não esqueceram aquilo e   se lembram fácil do que era.
Práticas de mais de 10  anos atrás, respostas que tentavamos encontrar a todo vapor  e que certa hora abandonamos e que de repente só agora fazem sentido.
Essas coisas tem a ver com a necessidade de um caminho interior,  somado ao exterior. 
E tudo junto misturado nos dá um  sentido e paz de espírito.
Durante o tempo que me afastei da prática de Yoga,  de certas tentativas de meditação, de certas respostas em muitos livros de  linhas diferentes, de certa forma aquilo que eu tinha visto me alimentou e me fez existir bem até agora quando intensiono voltar.
E por que volto?
Como todo mundo,quando acho que meu equilíbrio ficou mexido,  quando acho que tenho que entender um pouco mais para ter resultados melhores. 
Não que tenha saído tanto assim daquilo que formei. Não,  não sai.  A base que criei foi sólida durante  há uns 10 ou mais anos atrás, me deu uma leveza, e uma paz de espírito boa , que foi testada nesses últimos 3anos.
Não me desesperei como aconteceu em outras vezes.  Tá bom que a maturidade ajuda, mas meu sentir já mudou muito.
Muda a cada hora,sinto a influência dos hormônios desde sempre e eles são fundamentais.  Lembro de um remédio que tomava e que deixou de ser fabricado  para tpm. Dizia  que tirava água do cérebro. Muito bom. Quando eu tomava o pensamento fluia.
Mas como meu pensamento se comporta hoje?
As vésperas do meio século,  não me sinto assim.  Me sinto com muito menos.  Diz uma estudiosa que agora entrarei na fase de crescimento   da curva da felicidade.  E já começo a me  preparar para isso.  Estou aprendendo a ligar o foda-se, principalmente com aquilo que me incomoda.
Se to  a fim de escrever  para um amor que perdi ,escrevo. Não vou mais me tolir,  ou agir jogando para ter cuidado, o que tiver que ser vai ser, gostando eu ou não.   Então não tenho nada a perder ou ganhar. Tô no neutro, então escrevo, mando e façam  o que quiserem com isso.
Escrevi, mandei.Se aproveitar bem, se não, amem. Tanto faz.
Imposição de certas coisas não me cabem mais.  Eu conquistei minha independência para fazer o que me for caro.  Não vou ferir ninguém, nem me criar karmas negativos . Mas vou sim falar o que sinto para quem eu gostaria de falar.
Nossos caminhos bifurcaram e não foi por ação minha.  Eu fiz tudo que estava ao meu alcance. Tudo bem que grande parte do meu sentir tem a ver comigo mesma , mas isso eu tô trabalhando. Em 4 meses  mudei talvez mais que em 10 anos e sigo mudando,elaborando reorganizando afetos e desejos.  A parte que falta é a que tem que faltar sempre, pois só não falta  a quem não vive. Rael , por Hanna Arendt diz que viver é estar na tempestade sem um guarda chuva. E  é  verdade  porque é perigoso ,  molha e às vezes cai raio. Mas se não tiver isso não energizamos e não mudamos,reformamos,hibridizamos.  Fazia tempo que o pensamento estava focado no outro e um simples movimento fez ele voltar para a existência.  Que delícia... pena que o outro não tenha conseguido disso compartilhar.  Mas é assim mesmo,  cada um no seu quadrado,quando tem maturidade para hibridizar as formas fazemos. Quando não dá, vamos sozinhos mesmo pois que o prazer é  o mesmo.

Dia de amanhã

Então, de repente  num lugar já preparado você encontra uma carta de  você para você mesmo te dizendo antecipadamente tudo que aconteceu.
Você pára, lê e se pergunta por que não abriu uma tenda de mistérios, antes de se tornar  o que é?
Talvez seja a  questão mais complexa.  Todos, por vezes, sabem o que está acontecendo  em suas vidas de  bom e de ruim, mas se limitam a observar e tem medo de agir e sofrer.
Os afetos são complicados e  hoje tenho a plena certeza de que eles nos enganam.
Quando se  convive com uma pessoa mentalmente doente, você  tem idéia do que se passa na cabeça dela. Mas mesmo assim, não consegue ajudar e não consegue também aceitar sem nada fazer.
Escrever o que eu sentia,  com um tom premonitório não me livrou de sentir. Pois fosse qual fosse a  minha posição, eu sentiria da mesma forma.
O pensamento do outro e a sua falta de força para lidar consigo mesmo o faz pensar que é você quem o oprime, ele não consegue ver que as correntes  são de sua propriedade e seja quem for ,no tempo ou no espaço ,se ele não tirar suas próprias correntes elas sempre estarão ali. Como Sisifo. 
Engraçado é que ontem encontrei uma outra pessoa que fez parte de uma  história de vida e que pelo mesmo motivo se foi.
  E o que foi,  perversamente bom de sentir,foi ver  que o outro se desestabilizou   ao te  ver, enquanto eu,simplesmente, o vi .
A certeza de ter feito tudo que podia para estar, deu a tranquilidade de ver o tempo passar e apagar.
Sempre foi e sempre será assim, mas é preciso amadurecer para ver.
Não que  nada mais sinta no momento.  Mas  o que fazer se as circunstâncias não ajudam.  Viver é realmente muito perigoso diz o Rosa, e ultrapassa o entendimento da gente , diz a Clarice.
Mas temos que ir vivendo e vendo antecipadamente ou não.
Eu vejo um desconforto que não é meu,  mas me negam, vejo uma raiva mal resolvida projetada , mas me negam,  vejo uma vontade camuflada colocada embaixo de montes de tapetes persas bem desenhados,  mas sonegam. E  até vejo uma  vingança fria de pagar com a mesma moeda de outrora,será? ???  Não acredito.  Mas o inconsciente faz dessas coisas.  Então, o que posso dizer.  Fico quieta quando consigo e  deixo o vento levar o tempo. Vivo e amo o que vivo. Até o que não gosto amo. Porque é meu e me faz crescer.  Como diz Nietzsche o que não me mata me fortalece.

  

Fim do mundo

https://youtu.be/cpzfG1qbqjs

sexta-feira, 9 de março de 2018

Brownie e cinema!!

A conversa sempre boa, tarde de elocubrações, nada melhor para os espíritos livres!!

quinta-feira, 8 de março de 2018

O dia de hoje...ser mulher

Entrei em sala para dar aula e fui surpreendida com o parabéns de um aluno sorridente. Não tinha caído a ficha do dia de hoje.   Dia da mulher.  Dei minha aula  e aproveitei para passar um curta sobre Pagú-Patrícia Galvão.
Cheguei em casa e  meu wat zap alucinado com mil mensagens de mulheres e homens . NOSSA! exclamei -Será que nosso dia de receber parabéns,flores, amores, direitos, respeito é só hoje?
A contar pelo número de manifestações que todas as mulheres estão mandando e recebendo nesse momento pode parecer.  Porque amanhã todos já esqueceram e continuam com as mesmas atitudes.
Vejo o dia de hoje como um dia  principalmente de luta, de consciência, não de festa.
A mídia propaga mil mulheres por todo canto, mas no dia a dia, não dá voz, pois continua propagando o modelo clássico que somente desfavorece às mulheres.
Vejo muito alarde para algumas questões que se colocaram nos últimos tempos e que acabam sendo mais discutidas  que a questão da mulher , que mais uma vez é colocada de lado e só lembrada no dia de hoje.  
Talvez não entendam que a nossa questão é a primitiva, e que uma vez sendo resolvida fará que todas as outras o sejam.
Se a sociedade respeita a mulher, o fato de que ser mulher é ser diferente,  respeitará todo o resto, que também é diferente. 
Se a sociedade tem leis   é para que homens e mulheres tenham os mesmos direitos.  Direito de ser diferente porque o somos.
Não dá para continuarmos brigando  para sermos iguais se somos diferentes.  Temos  é que ter direito às nossas diferenças. 
Quando penso nas histórias que tenho ouvido de amigas  que lutam o dia a dia para serem mulheres  em sua diferença me surpreendo em ver como a sociedade   ainda traz um olhar preconceituoso, racista, desigual  frente às pessoas.
As mulheres continuam com suas duplas jornadas,  continuam escutando de seus maridos e parceiros que eles às ajudam, mas não que dividem as obrigações da casa. As mulheres continuam sofrendo preconceito porque  não se casaram, porque agem com mais independência, porque resolveram assumir os seus desejos.  Sofrem preconceitos  dos próprios parceiros que não admitem  o que elas podem SER, porque competem temendo que seu poder seja tomado.
Mulheres que   sofrem violência psicológica todo dia quando chegam do trabalho ou no próprio trabalho sendo preteridas por homens  ganhando menos e ainda sendo assediadas.
São muitos os casos, as estatísticas não nos deixam mentir para a festa, mas  somos  guerreiras  continuamos  lutando, sabemos "a dor e a delicia de ser" o que somos; amigas, doces, responsáveis,  cuidadoras, amantes,parceiras, inteligentes, mas também, loucas,raivosas, hormonais, briguentas, leoas com a cria e simplesmente Mulheres .
Que nossa luta não seja só hoje,  que saibamos  que muito, mas muito mesmo ainda nos resta conquistar,ou melhor, conscientizar.

terça-feira, 6 de março de 2018

Sono, cansaço ,exaustão, tratamento de choque

Era segunda, um dia qualquer. Ela não havia dormido e os pensamentos insalubres continuavam a perseguição.
Não sabia ao certo as motivações.  Estava razoável,  já tinha seguimentado  e separado cada parte de uma longa história para finalizar o roteiro da vida, mas ainda não sabia que fim dar.  Toda história tem um fim se dizia.Todo filme também.
Num impulso fez a personagem reagir depois de um dia de muita conversa.  Ela achou que precisava ter um ato de esvaziamento.  Abriu então o armário e juntou tudo que tinha colocando em uma caixa . A atitude foi soberba. Seria aplaudida por todos,fora a sugestão de alguém e como ela era assim  suscetível, fez.  Mas pecou no final, em vez de  guardar para si o impulso benigno ou a dor atroz de ter que encaixar coisas de lembranças dolorosas, fez uma foto e compartilhou com com o dono das coisas.
A atitude dele foi a mais natural. Agradeceu, sem o menor esforço e disse o que quis e que ela talvez não quisesse ouvir.
O escudo da amizade soou forte com a pancada.  Mas uma vez ela se perdeu de si mesma.  Mas por que provoca?  Por que é partidária do tratamento de choque?  Que machuca e maltrata.  E já não era a primeira vez.   Masoquista seria ela?
Não suficiente ainda, no dia seguinte escreve uma carta.  Culpa da tpm pelos sentimentos exacerbados e pelo destempero de falar dele com uma propriedade intuitiva.  Por vezes falsa. Como saber se não o vê?
Ela sabe que precisa parar.  Será que para encerrar a história precisa ter coisas assim tão impactantes. Parece que ela precisa a cada instante ter um corte para se auto convencer que o corte já foi dado, que agora tem que encaixar as coisas para continuar  .
Todos e ele já sabem o que ela sente e como sente e mudar isso demanda tempo.
Todavia  ela não mais consegue se calar.  E ele, depois da carta responde, embora ela tenha pedido para não faze-lo.
Ele fala de um único ponto,  talvez o menos importante . Mas reafirma que está muito bem.
Mas uma vez ela sente a distância e se desculpa, pois por mensagem é difícil de ver as emoções reais.
E se desmancha mandando uma música que surge na hora e que fala de certa dificuldade nesse processo.  Mas o que ela não sabe é do impacto da leitura, é como ele reagiu a afirmativa dela de que não está pedindo  nada e não está sugerindo volta, que nunca sugerirá.  Que ele veio e foi quando quis.  Isso ela  nunca saberá.
  Talvez agora, ela tenha dito para si o deve ser por hora. Embora a música remeta a outras coisas.
Bem, a personagem é ambígua, continua assim e de certa forma é a sua forma de ser.
A impermanência de suas decisões que  não duram nem mesmo um dia. Mas é assim mesmo, personagem de vida própria em processo de reconstrução. 
Tá na hora de dar um tempo, desfocar e acreditar que independentemente do que faça, o que tiver que ser será e não adianta  querer para hoje o que é praticamente impossível de ter.
Só o tempo terá a resposta.
 
 

sexta-feira, 2 de março de 2018

Aceite e tempo ...







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Dificuldade de aceitar as coisas como elas são e criar fantasias para si mesmo são as ações de que  fora acusada.
Ela que achava que estava indo bem no seu processo de recuperação, que tinha resistido a procurar a pessoa que amava, que tinha  segurado todas as emoções dentro do limite do tolerável  e se depara agora com essa afirmativa.
Faz uma anamnese em seus últimos processos semelhantes. Vê que foi tudo igual.  Sempre demorado, mas não menos eficaz  no resultado do esquecimento.
Para ela se se impuser de novo aceitar, aceitar, aceitar, tudo volta a tona.  Se ir vivendo como faz, sem essa preocupação a coisa flui. E naturalmente passa.
Mas por que o terapeuta insiste nisso?
Porque vê  ela alimentando esperanças vazias com base em si mesma.  Porque olha nos olhos dela e vê que sente falta dele. 
Porque vê que ela fez seu dever de casa e ao se distanciar conseguiu enxergar seus próprios pontos errados e seu descontentamento presente em todas as outras relações inclusive nesta. 
Porque teme que em alguma  hora ela vai acabar perguntando ao cara se não teria outra forma de se verem e ela vai sofrer porque ele vai dizer que não.
Talvez seja assim tão simples determinar o que ela vai fazer e o que o outro vai fazer? 
Talvez não se esteja considerando o medo de se expor, o medo de receber o não que querendo ou não,  vai certamente mediar tudo isso.
Ela não pensa em fazer isso, não enquanto sentir que ele não está bem, e talvez isso dure toda a vida. Aí realmente não há que se fazer. O tempo, senhor de todas as coisas dirá, somente ele, sem preocupação.   

Feliz no caminho, muda tudo e começa de novo

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Há certas coisas que  aprendemos  que   não nos levam a lugar nenhum.  Uma delas é a frase,que embora conforte só nos causa ilusão, que é  a que remete ao final, tipo, no final tudo dá certo,  no final viveram felizes para sempre, no fim será feliz.
Começando pelo ideal inexistente de felidade eterna, coisa de conto de fada, que vicia a cabeça da criança e do adulto e não prepara para o caminho.
Acho que o determinismo dessas frases causam um impacto  em certas pessoas que elas ficam esperando o final e se esquecem do agora. Deixam a potência da frase tomar conta e de fato acreditam nisso, não se dando conta  de que não há final certo.  Como se fosse possível dizer, cheguei ao final, agora vou fazer o que gosto, vou ser feliz,vou curtir e tudo mais.  Só que isso é mito. Se não sabemos quando vamos morrer, e vamos  é o mais certo, então por que esperar?
Todo tempo é tempo e não há a famigerada "perda de tempo".  Estamos vivendo.  Todo tempo é o que se ganha no caminho,  fazendo qualquer coisa para estar bem na paz de espírito, pois essa é a felicidade. 
Pode -se ter tudo, dinheiro,  fama, casa, amor, se não tiver paz de espírito, tá na merda. Ao contrário, pode-se não ter nada, se tem a paz de espírito tá na boa. Isso é o mais importante.  Não adianta ter tudo, ser tudo e estar mal. E muitas vezes é o que mais acontece.
Tem pessoas que acham, quando estão mal, que resolvendo uma coisa teriam a paz de espírito, a felicidade.  Aí resolvem a coisa e a paz não vem. Aí se frustram. A paz vem de dentro para fora. Buscando ela o resto é consequência, simplesmente porque estando com ela tanto faz onde você esteja, o que você tem,  ou com quem.
As vezes nas relações as pessoas atribuem ao outro o seu mal estar e, no entanto, ele não tem nada a ver com o outro, é pessoal. Lógico que sofremos quando quem amamos está doente, ou morre, mas isso é da vida. Quem disse que  ser feliz o tempo todo é o que vale? Se no mundo há mais motivo para o contrário,por que seria assim?
Por isso não tem o final. O final é a morte e é no caminho da vida que moram os momentos de felicidade e paz .
Então fico realmente questionado as pessoas que falam que perdemos tempo quando estamos com alguém, ou que estamos marcando passo. Poxa, se estamos  é parte do nosso caminho e que busquemos ser feliz nele.
Outra coisa é quando querem alguns, psicólogos principalmente,te dizer como você deve sentir o que você sente, como deve você  olhar as pessoas . Ou como deve    você dar significado determinados ao seu sentimento, ou que sabem como você será mais feliz.
Caramba, cada um sabe onde lhe dói o calo, se o cabra s sente feliz do jeito que está , mesmo que esteja se enganando, ele se sente feliz. A ignorância sob si mesmo e seus sentimentos é valida enquanto não está causando dor em ninguém, muito menos em si mesmo.
Mas quando a pessoa começa  a perguntar SE, aí amigo tá fufu.  Já  foi o tempo de ignorância, ou você mergulha de  cabeça e se enfrenta, enfrenta esse monstro que dorme dentro de você ou estará condenado a  ficar cada dia pior. Aí vem tudo junto, medo, desespero, depressão, angústia e por aí vai.
Mas como conduzir esse monstro que nos habita, uma vez que perdemos a ignorância, não sei. Por enquanto tem algumas formas que tenho visto. A contar pela quantidade de remédios para a felicidade que se vende, diria de forma medicamentosa, a indústria agradece, mas não descarto os casos  que de fato são FUNDAMENTAIS. Outra forma é pela religião, sim, qualquer uma tem o mesmo efeito creio eu,  é como um transe, você delega ao divino tudo, e ele te dará o reino dos céus, e você vive tranquilo sem pensar muito esperando a sua vez. Outra  forma é estudando-se,autoconhecimento, psicologia, filosofia, artes, tudo e  outra forma ainda   é tentando articular as várias formas anteriores.  Logo, dá para perceber que vivemos a procura de domar esse monstro. Escrever pode também ser uma...