sábado, 23 de fevereiro de 2019

Debate

Arte de debater tem a  ver com a argumentação. Temos uma tese e contra ela  coloca -se uma antítese e por aí vamos desenrolando os argumentos até que alguém vença ou não.
Em nossa mente talvez seja igual.  Mil pensamentos tontos e esfomeados por se fazer presente em sua realidade sem se darem conta do estrago que podem causar se se tornam  ações.
Um pensamento em potencial pode ficar anos em casulo, passando pela mente sem virar ação. As vezes ele maltrata onde passa, mas se esfumaça. Entretanto, se ele por um descuido vira ação, aí pode causar verdadeiros estragos.
Falou pensamento, agiu conforme ele te mandou, ferrou. Vais ficar condenado a toda sorte de sentimentos dele derivado.
Tem um ditado que diz "o que os olhos não veem o coração não sente" .  É mesmo por aí, a dúvida é menos dolorida que a certeza e podemos viver toda vida com ela, desde que não nos faça reféns. Se ficar se consumindo em dúvida aí também é a desgraceira. Um Bentinho da vida, atropela toda razão da existência.
Vivo o agora, policio os pensamentos e os dedos. Não mais busco  olhar o que em potencial sei que pode me fazer sofrer.  Foi uma escolha minha, até que todo desconforto se vá.  Que toda pulsação se  confine a inexistência.
Não é por medo, é por saúde mesmo. De que adianta eu olhar para o que me fará mal. Para que  me penalizar olhando a realidade, ou a virtualidade que não é minha, a pessoa que não mais me é.
Deixo fechada a porta dessa emoção  conflitiva. Abro janela  para outras, e entrego ao universo  o que podia, o que é e o que será. Perdoo as falhas de nós. E seja  o que  tiver que ser.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Abandono

De repente, descobre -se que o medo de  ser abandonado faz  você abandonar.
Repetidamente essa atitude fez parte de você. E por ironia ou loucura, você se aproxima exatamente das pessoas que  fazem o mesmo. Que também tem medo do abandono.
Isso não significa que ao abandonar você sofra menos, não sofre, você talvez sofra mais, pois sofre duas vezes, por abandonar e por se sentir culpado de ter feito no fundo, por medo, o que você mais temia, ser abandonado.
Nossa mente é mesmo louca!!! 
E no fim, para estancar o sofrimento você se entrega em seguida a qualquer relação que possa fazê-lo seguro de não ser abandonado.

Suzicleia

A chamavam Suzi. Usava botas vermelhas e dizia que depois do último homem que teve tinha decido levar uma  vida devassa. E que comprou aquele par de botas para sair dando para todo mundo.
Entretanto,  antes de tudo, precisava descabaçar. Já tinha um ano que o cara tinha fugido de  vergonha e logo arrumado uma ruiva cabeluda e Suzicleia nada.  No máximo deu uns beijos na boca de um menino 20 anos mais  novo,que achou no aplicativo, e que depois vivia pedindo para sair  com ela  e de um   pau amigo de plantão. Mais isso só fez depois que descobriu  que o Ex já estava de casamento sério com outra.
Suzi  ainda era romântica. Mas agora ela tinha que mudar. Precisava mudar. Não era mais uma menina. Estava inteirona e queria ver que gosto tinha a tal vida devassa.  Era de noite,  calçou a bota,  colocou seu baton  predileto que combinava com a bota. Prendeu os cabelos  deixando a nuca e os ombros a mostra,  a cor da roupa era preta.  Se perfumou e saiu.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Renascimento

O cinema sempre foi o grande palco das ilusões. Para o positivo ou negativo, nos pegamos vendo nossas histórias acontecerem  nas telas.  E podemos ver que não somos únicos a sofrer, a ser feliz, a ter dúvidas , afinal a matéria da arte é a vida em todas as suas nuances.
Conforta-me, sentir que estou agindo, que tudo começou a andar seja lá em que assunto for.
Emocionalmente talvez ainda um pouco magoada e desiludida,  confesso para mim mesma. Mas daqui  a pouco já passou. Esse tempo verbal mesmo que quero dizer.
Seguindo conselhos não vou mais  me detonar olhando porcarias da vida alheia.  É também não permitirei que ninguém me fale.
A vida segue seu curso para todos os lados, busco minha paz e minha saúde e isso é o que me importa. O que será será. A moira  seguirá o curso que tem que seguir, e em nada podemos  mexer no que toca a vereda. Mudamos sim alguma coisa, talvez a forma, mas não o caminho.
Certas constatações nos damos conta em horas mais improváveis.
"Preocupação em fazer o outro feliz, e esquecer de ser feliz".
Talvez tenha eu mesmo esquecido  disso, também deixando de curtir o momento e sendo eu mesma, com medo de me entregar de verdade e ser machucada.  O que nada adiantou, não fui inteira e fui machucada do mesmo jeito.
Serve  de lição para mim.
Presentificar, viver tudo que há para viver em cada momento sem medos ou excesso de expectativas. Na verdade serve para os dois lados do relacionamento.
Ser o que se é genuinamente. Sem que a fala do outro te iniba ou faça recuar.  Isso tenho que aprender, elaborar a questão da rejeição e do abandono.  Salve, a descoberta do calcanhar.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Rodrigueando





Era um dia nublado, a névoa de inverno ocupava toda a paisagem maravilhosa vista de cima.  Domingo de manhã muito cedo, a cidade dormia, o bairro dormia. Ninguém acorda cedo nos lugares boêmios, exceto poucos animais de rua que saem para caçar comida e os trabalhadores que  vem de fora para cumprir seus deveres e esperando  a cidade acordar.
Foi nesse dia que ela, tendo ido dormir cedo na noite anterior,  acordara com as galinhas no domingo. Tomara calmamente seu café com pão requeijão, geleia e leite e resolvera sair para caminhar, antes que  a névoa se dissipasse em chuva. Trocou-se, pois um calça de ginástica, uma blusa da  mesma cor, azul marinho, um tênis branco e um casaco, pois a névoa deixa o frio mais intenso escondendo  qualquer raio de sol. Pegou sua chave e saiu. Carregava junto ao corpo uma pequena sacola com suas chaves, 10 reais e o telefone celular. No rosto os grandes óculos escondiam  os olhos da claridade matutina.
Saiu  do prédio, desceu sua rua,  poucas pessoas, somente ônibus quase vazios trafegavam. Foi andando, passou pelo Largo do Curvelo,  no descampado observou, olhando morro  abaixo, que quase nada se via. O relógio da central não marcava as horas, estava escondido nas nuvens, passou pelo largo dos Guimarães, o cinema fechado, a antiga padaria, o jornaleiro e o posto policial. Seguiu a rua, o Simplesmente, o Mineiro, tudo fechado. Seguia os trilhos do bonde que não passava. Seu ritmo era decidido, com pressa, fazendo  pulsar forte o coração, e o corpo transpirar.
Desce a ladeira, na reta da Monte Alegre já respirava forte, a velocidade da descida impunha a retirada  do casaco. Em frente a uma placa de vendo de um prédio em ruína branca, ela parou.  Junto dela uma outra mulher que levava um pequeno cachorro. Parou chamada pela mulher   que recolhia as fezes do cachorro para colocar no lixo.
No meio da rua o ônibus se aproxima, dessa vez não havia passageiro. O motorista buzina e  a chama convidando-a a entrar. Não conhecia  motorista, jamais o tinha visto. Quem seria? Por que convidava? Pensou em Rodrigues seu noivo, pensou na missa em  que iria ao voltar da  caminhada, pensou na rua e no seu deserto . Olhou para um lado, nada viu, procurou a mulher com o cachorro,  também já haviam sumido. Virou a cabeça procurando outros carros, não os  viu e num movimento rápido atravessou a rua e entrou no ônibus.  Faltava pouco para o ponto final, sentou-se no banco da frente mirando  o motorista que entre uma curva e outra lançava-lhe  desejosos olhares. O ônibus virou a rua Oriente, seguiu reto, desceu a Paula Matos, parou.
Na rua  tudo deserto. O dia amanhecia, a névoa começava a se dissipar. Logo, logo novos ônibus chegariam e os passageiros também.
Saltou, caminhou  até a esquina, deu um ciaozinho tímido e foi. Certamente Rodrigues seu noivo já deveria estar chegando para mais um domingo no parque.             (ECC- O3\07\2011)


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Caderninho das exs

Quando ela foi embora eu jurei que ía voltar .  Afinal eu sempre fazia  o mesmo discurso quando a coisa ficava torturante para mim.  Era assim, começava a discussão, eu ia até um certo ponto sustentando meus argumentos , quando via que não dava mais eu estufava meu peito que nem um pombo e dizia: então tá tudo terminado, não aguento mais, faz o que você quiser.  Só que eu não tinha certeza se era isso que eu queria, na verdade nunca era. Era  apenas um efeito do discurso pois sabendo que ela me amava ela não daria valor aquilo que já conhecia e eu duas horas depois  voltava ao normal como se nada tivesse acontecido.
Certas vezes eu ficava mais agressivo e fazia minha voz mais grossa e ela se assustava.   Fiz  muitas vezes,  já estava viciado no comportamento,  não era só com ela, foi com todas.
Mas naquele dia eu a peguei de mau jeito.   Vínhamos  desgastados de tudo que tinha acontecido, e eu não conseguia sair do lugar. E na mínima discussão eu  fiz de novo o discurso, vou embora. "Se me ama deixa eu seguir meu caminho", ela então deixou. 
Duas horas depois eu mandei uma mensagem para ela  e ela disse para eu respeita-la. Afinal  ela estava sofrendo por fazer o que eu pedi.
Eu fiquei perdido,  pois ela me obedeceu, mas eu não sabia se era aquilo que eu queria. Mas ela respeitou.
Minha vida pareceu no ar,  eu não ligava, ela não ligava, precisava  arrumar o que fazer, ligamos e logo discutimos. Tudo tinha ficado nebuloso, mas eu tinha medo, não sabia o que esperar, tinha receio do confronto. Fiquei desesperado, seu silêncio me atormentava.
Resolvi então abrir meu caderninho de outras exs, precisava me divertir, não pensar . Era demais para mim, eu não subsistiria se fosse pensar no rumo tomado . Foi então que encontrei uma nova ex. Meu caderninho não falhou, nem tampouco o Facebook,  entrei em contato, ela prontamente respondeu, estava solteira, disponível.  Marcamos nosso encontro e  minha segurança estava de novo se restabelecendo. Fiquei calmo,  a vida seguiria.

Monitorando 2

Primeiro dia. Química nova pela manhã. Inicio com o pé direito, tudo   pode existir e melhor, vontade de ultrapassar essa fase.
Se não tivesse consciência apenas sentiria que  algo começa a mudar. Mas sei de  2 fatores, o  químico e o  psicológico. Não quero mais sofrer, fiz exercício e o peso  do que senti, eu não quero mais. Fui inflando e não conseguia mais andar, também não flutuava. Chorei e aí comecei a soltar, chorei, chorei, todo peso começou a  sair de mim, fui desinchando, tive de  novo meus movimentos. Volto a ser  eu sem o peso de carregar alguém nas costas. 
Sou tão frágil quanto ele, só que ele não viu que também eu precisava  de colo. No seu egoísmo cego, só ele foi quem sofreu, perdeu,  sentiu.
Um dia verá.  Não creio que passamos a vida completamente inconsciente. A consciência sempre vem e aí o livre arbítrio nos faz escolher se agimos com ela ou não.
Essa é a nossa escolha.

Textos antigos

Peguei meu caderno de escritos de fim. Escritos do fim próximo que eu sabia que viria mas que não aceitava.  Li tudo, mostrava para onde ía ,  e nós  e eu, que estava mais sã, falava mas não conseguia arrumar.
Ele cada vez mais no buraco, louco e eu também.
A cada dia pergunto-me  mais o por que disso ter aqui de novo acontecido. Por que de novo com ele.  Se não era para construirmos por que? Qual a razão disso ter acontecido? Para que nos encontramos de novo?
Não encaixa na minha cabeça.  Não tem sentido.

Desconforto

Cada vez que penso no ser, meu corpo se manifesta de uma forma estranha. Sobe uma sensação de queimação pela coluna vertebral como se um líquido quente chegasse até a cabeça. Não sei do que se trata, fico toda vez assustada e tento desviar o pensamento.  Passa.
Outra hora de novo vem a vontade de saber e só de insinuar a possibilidade já vem de novo a sensação. Que coisa estranha, nunca tinha sentido dessa forma. Sei que muitas dores de amor chegam a ser físicas mas essa éum pouco demais.  Todo corpo se contorcendo, como algo a te comer  as entranhas.   Não entendo, mas sinto.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Esforço

Meu esforço é para não cair, estou no consultório esperando para ser atendida.  Tudo lotado, meu Deus será que todos têm o mesmo problema. Assusto-me.
É um psi e um neuro.  Tenho gana de não deixar, não quero. Não tenho esse direito.
O cara é um merda eu sei disso, todos sabem, não vai adiante em nada até os amigos falam. Está na fase da euforia logo desaba.  Só quero apagar, não pensar, esquecer.
Desmaio, me acodem, passo o dia vegetando e  chorando.
Um turbilhão passou sobre mim. Não acredito que seja só pelo  ex, mas por tudo. Queria dormor e acordar quando não houvesse mais nada.

Desespero

Pensamentos ressonantes, noite sem dormir, 2 horas de sono um exame para fazer. Tô exausta, acabada, um foto e um inferno. Que cilada, queria sumir, preciso de qualquer  coisa que me transporte  a qualquer lugar onde o pensamento não exista. Onde a cisma, a dor, a angústia não sobreviva.
Preciso apagar, esquecercai e tudo existiu, preciso matar de verdade esse ser que ressuscitou. Eu preciso.