domingo, 31 de dezembro de 2017

Velho ano, ano novo!

Na praia, a água gelada do fim da tarde propiciou um último mergulho de 2017, um mergulho que levou tudo que tinha para ser levado e congelou as reminiscências que sobraram.
O gelo e sal abusivo da água começaram a curar as cicatrizes, elas doem ainda,mas sei que vão curar.
É preciso o luto e é preciso ficar a deriva para conseguir ver o outro lado.
Talvez tivesse me afastado demais da paz,  talvez tenha feito escolhas erradas, contudo sobrevivi.
As feridas virarão cicatrizes que mostrarão o quanto fui forte, o quanto aprendi,me doei, amei e lutei o bom combate sem desisti, sem fugir e sendo acima de tudo leal e corajosa. 
Tenho consciência disso e em pouco tempo a paz reinará.
Fracos são os que fogem,desistem e não lutam.
Sei que ainda vou chorar,mas passará, tudo passará e eu passarinho.

sábado, 30 de dezembro de 2017

Sensações e sensações!!!




Imagino a bomba atômica! O cogumelo e depois a radiação corroendo a carne e os ossos de quem ficou. Câncer escondido nas entranhas de cada ser que por ali passou.
Nossa, de repente  o enunciado me pareceu  mais que  real, hiper realidade surgindo de uma constatação.
Será que alguém se deu conta, alguém se deu? mas quem?
"Hiroshima mon amour", quem esteve em Hiroshima, quem?, quem? 
Ode ao amor de Alain Resnais e  Roteiro de Marguerite Duras.
Cada dia de confronto uma tristeza, uma dor, um quê de não sei o que. Melhor deixar Hiroshima, esquecer, apagar, porque  nem todos tem memória, tem ciência se tocam do que fizeram e continuam fazendo por aí.
Em nível macro, o nível micro.   










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caminhante, não hai camino!

Tiradentes!

Todos dizem que no final tudo dá certo!
Confesso que não estou muito interessada no final, importa agora para mim o caminho, o final leva a torre, ao alto, ao metafisico e  apaga tudo isso que vai no caminho.  A busca agora é do caminho que faz o caminhante e para esse não há o caminho, são os caminhos de pedra, de tempo, de dor e alegria também. Não sei, de fato não sei, o  se passa na cabeça de ninguém, nem na minha às vezes, mas o que sentimos da energia do outro sobre nós, isso da para saber e como dá.
Todavia no caminho sem caminho hoje vivido, o tempo é o soberano e busca-se o que se encontra por aí nos bailes da  vida. 
Que vale é que nesse caminho aí da foto a luz está nas margens e em cada curva uma nova etapa.   

Dominando as contradições



Reserva no sul do Chile

Reconhecer o que somos, fruto do que nem sempre sabemos. Escutar o outro dizer disso e reclamar disso e se aborrecer com isso, e nós buscarmos a  mudança do rumo, não tem  preço!! Vale cada instante da busca pelo autoconhecimento.

sábado, 23 de dezembro de 2017

Literatizando a vida

Cada manhã que acordo escuto uma mensagem budista, ou qualquer outra que me lembre que é necessário repensar a vida, que é necessário prestar atenção no que se anda fazendo.
Escrever  é um jeito ! Não é fácil,  nem difícil mas para maioria das pessoas quase impossível.
Escrever exige que queiramos tocar na coisa em sua forma mais profunda, e elabora-la de maneiras diversas.  Escrever é como um caleidoscópio,  cada mexida da um desenho diferente.
No final ,talvez seja tudo a mesma coisa  mas difere a maneira,  a palavra e o quanto nós a elaboramos.
Vamos aos poucos tomando pé de tudo, remoendo os acontecimentos e refazendo os caminhos percorridos e de como percorreremos daqui para frente.  Não que consigamos prever isso,  mas o mínimo de  luz do que fazer tem que ter, se não é deixar a vida levar para qualquer lado e as vezes não tão bom.
O filósofo fala que esperançar de fazer acontecer e não de apenas esperar, esperar apenas pode levar a dissabores.
E aí as emoções confundem e se precipitam na mente da gente.
As vezes temos receio de fazer uma coisa aparentemente boba, mas que achamos necessária e remoemos com medo,  medo de ser mal recebidos,  medo de sofrer e desconstruir a ilusão que possamos ter.
Mas finalmente fazemos e é triste, constatar como certas pessoas com as quais nos envolvemos são tão frias, tão fracas,tão irresponsáveis com os nossos sentimentos.  Pessoas que jogam com os sentimentos das outras como se fossem de  brincadeira,  que fazem as outras sofrerem sem qualquer piedade , que com 50 anos na cara agem como crianças que não aprenderam nada com a vida.
Agem de maneira a fazer sofrer  outras pessoas inconsequentemente pois jamais pensam no outro só em si mesmos.
Eu tenho certeza que não vai demorar muito, essa mesma pessoa estará junto com outra, pois não consegue olhar o estrago que vai fazendo pela vida só vampiriza, sugando o que pode, até ter certeza que o outro tá na sua mão ,aí  larga pois é  fraco, medroso.
Desejo o bem, mas lamento porque ainda vai penar muito pois cava a própria    desilusão,  cava  com a inconsequência a  própria alienação e reação.  Volta para nós a inconsequência.
O que eu espero é que se existe uma coisa justa nisso tudo eu já fui até onde podia.  Que eu apague esses 3 últimos  anos da convivência dessa pessoa e nunca mais me lembre desse ser.   

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Meu caminho é cada manhã!

O respeito.

O que é o respeito?
Palavra que soa estranha para quem   houve ou para quem fala.
Sempre procurei ser uma pessoa respeitosa com todos, não  falar palavrões , não humilhar as pessoas, falar o que é o necessário e não qualquer coisa que me venha a  cabeça, guardar para mim críticas excessivas que podem magoar.
Ao longo de 3 anos isso de fato norteou a minha relação amorosa também.  Em nenhum momento eu fui desrespeitosa mesmo as vezes tendo vontade de se-lo.  Ao contrário de outras pessoas que humilharam, que xingaram, que fizeram a autoestima da pessoa ir para o ralo eu nunca fiz isso.  A ponto do meu terapeuta uma vez dizer que que achava isso legal da minha parte quando eu segurava a língua para não ser brusca ou criticar demais.
E como me segurei,  como vi e ouvi e me segurei . Não me arrependo do que fiz, não me arrependo  de nada no que diz respeito a pessoa e a relação.  Fiz imbuída de uma vontade suprema de ver tudo ficar bem, apostei nele e na relação e no amor que tínhamos.  Não me arrependo.
Mas me responsabilizo por não ter tido mais força para tirar  antes as conclusões que hoje tiro.
Fui sim manipulada mesmo que inconscientemente  por ele. Ele foi teimoso e cego e não conseguia ver os fatos claramente.  Talvez agora é que veja e isso que causa vergonha. Como pode ser tão tolo. 
Mas acontece.  A fragilidade dele era clara, mas eu queria acreditar que não era. Eu vi em uma determinada hora o que estava acontecendo e paguei para ver mais.
E vi ele se quebrar, chegar ao fundo do poço,doente e completamente desnorteado.  Em dois verões eu vi isso.
Mas ninguém podia fazer nada.  Ele sozinho é  que precisa se encontrar.  Se ele tiver essa consciência ficará bem.
A amiga dele tem toda razão.  Não será mulher, filho,pais ou amigos que poderão ajuda-lo. Isso todos já fizeram.  Agora tem que ser por si só.
Somente nessa consciência ele conseguirá.
Sinto e sinto muito não ter conseguido chegar onde queríamos

Ele tem razão em não querer ficar, é demais continuar.
Tenho que a aceitar que  não posso ficar, pois o que eu podia fazer já fiz. Que os planos não aconteceram e que tenho que partir para outros.
De nós restará aquela saudade grávida do poderia ter sido.  Por hora não será.  Nem sei se poderá um dia chegar a ser. Não cabe a mim, ultrapassa minha alçada.
Entendo que só amar nesse caso não é suficiente,  mesmo que incondicionalmente.

A transformação

Em mais um capítulo de  romance, a personagem resolver reler  tudo que sentiu e resolve parar e escrever sobre sua história. 
Não seria a primeira vez,  no caso anterior ela também fez isso,  transmutou em literatura "barata", o que estava transcorrendo com ela e nesse processo conseguiu ultrapassar a barreira da dor e metabolizar os sentimentos.
Decidiu então fazer da mesma maneira.  
Na vida tinha escrito muitos diários e ali sabia que ficaria registrada a sua loucura e a loucura alheia.
A alheia dessa vez ela sabia o que era. E cada um tem a sua, sempre.  O problema é quando ela fere os outros deixando as cicatrizes mais profundas.
Ela decidiu no momento da escrita, naquele dia que a partir de então  tudo seria diferente.  Acordou de madrugada tonta e começou apagando todas as fotos que tinha no Facebook.  Depois apagou o Facebook do telefone.  Chorou, chorou até ficar com dó de si mesma e, embora sabendo que recaídas existem, vai lutar para apagar. Uma amiga que também foi abandonada pediu o nome da borracha que ela disse que ia usar.
Disse que será fé em si mesma,  e busca da paz de espírito surrupiada.
Ele, o que se foi, que se dizia calmo e em paz,  com uma carta perdeu o controle.  De 100 palavras ,só leu uma única,  a que menos importa no discurso. 
Ela sentiu pena naquele momento,  mas já tinha feito.
Chorou de novo ao chegar em casa, ficou com dó de si mesma.  Mas sabe que dessa vez será diferente.  Afinal não tem mais 20. Já passou por isso no mínimo 5 vezes, em graus profundos de dor. E com o último pela segunda vez. 
Algo tem que aprender.  Que dói, dói, dói.  Mas que passa,passa, passa.

domingo, 17 de dezembro de 2017

Aprendendo com a vida, aula de vida

Fui hoje na casa da ML , que nasceu  João e mudou. Opção difícil isso lá nos anos 70 talvez. ML foi para  Paris e lá fez sua vida. Conheceu muita gente,   voltou para cá com o marido que aqui a deixou. Mas ML não desistiu ,criou seu negócio aqui e vive dele, embora agora arrendado.
Na sua casa conheci X,  que também mora na França,  X me conta que viveu 42 anos com seu marido  francês.  Que quando eles compraram aqui no Brasil um terreno para quando se aposentassem ficassem lá e cá,  o marido aposentou e ficou doente.  Um câncer que durou 6 anos até leva-lo definitivamente.
X e ML me falam, num país machista como aqui, uma mulher que é independente e com certo nível cultural tem muita dificuldade de arrumar um parceiro.
Logo eles não aceitam e se sentem inferiores,  e não conseguem conviver com isso. 
Isso é uma questão cultural , e  eles não conseguem ser,  se não for dentro de um padrão antigo construído por família etc,  eles não entendem que não é isso que vai medir o tamanho da   parceria,   da entrega e do amor e disponibilidade de estar junto.  Não se trata de ser o cara dependente da mulher,  lógico que isso é algo  de outra ordem.  É de deixar de ser machista e caminhar junto ao lado, cada um sendo  o que é.
Porque também depender do outro causa uma inferioridade que não é boa. Mas cada um colaborando com sua parte formando o todo.
X me conta de sua vida de 42 anos e me fala da parceria e do chão que perdeu e que agora vive o presente.  Não deixa para ser feliz amanhã.  Pois esse é vago pode não chegar.
Contei-lhes do meu momento, quero eu também chegar aos 60, daqui a 10,  entendendo isso.  Talvez seja nesse meio de vida que temos que nos refazer sabendo que o caminho é o do meio. Sabendo o que queremos e valorizando o que merece esse valor. Pessoas que merecem estar ao nosso lado e que queremos que estejam.
Nesse momento já podemos avaliar quem  vale ou não.
E se achamos que vale , que lutemos por isso.
Saber pelo que se luta, e porque ,ou por quem se luta.
Mas o problema é quando esse quem não está na mesma vibe.
Que fazermos?  Como fazermos?  Agimos ou paralizamos?
As vezes nos impõe desistir mesmo sem querer.
Mas a conversa valeu, valeu muito.

sábado, 16 de dezembro de 2017

Vampiragem

Sair e parar de pensar, que um vampiro sugou seu sangue até a exaustão e quando se cansou saiu voando para outros pescoços!!!!.

sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Lei do karma

Sofrer  2 vezes por amar a mesma pessoa é  realmente uma das coisas mais cruéis que a lei do Karma nos pode infringir.
Aos 20 e  30 anos depois.   No mínimo  a pessoa que se deixa acontecer isso deve ser lesada. Como não viu que  aos 50 a pessoa poderia estar pior que aos 20.
Como se iludir assim?
A sensação é de revolta, raiva,  toda hora o sentimento vai e volta. E não entendemos como nos envolvemos , como fomos manipulados.
Histórias e mais histórias de amor e sempre a mesma coisa.  Quem se doa é que sofre , é que sente. Mas passa , tudo passa. 

E ponto final. ..

Em certas relações  que vivemos, chegamos as vezes a um momento em que  nos perguntamos por que fomos tão bobas, tão tolas, por que nos deixamos iludir tão facilmente e por que nossa  percepção é tão  frágil a ponto de não ver como as pessoas nos usam e manipulam?
Usam  por ação ou omissão,  usam porque se fazem de vítimas e nos colocam em situações que nós jamais imaginávamos.  Usam, abusam e nós deixamos. Culpa e responsabilidade só nossa, eu sei disso .Fazem o que nós permitimos. E depois, quando  dizemos,"pera aí",   a pessoa covarde foge. Faz estrago e foge e joga no lixo tudo.  TUDO aquilo que nós pensávamos que  fosse verdadeiro.
Joga no lixo porque não interessa mais, pois se interessasse cuidava, apesar de   não poder. Todavia
essas pessoas não fazem isso, NÃO SE dão ao trabalho,  é mais fácil fugir, colocar embaixo do tapete.  E ir na vida repetindo,encontra outra pessoa e faz tudo de novo.
Pois é fácil desistir,  difícil é lutar, difícil é dizer que ama e lutar e investir, difícil é enfrentar todos e tudo  e depois ser posto de lado.
Mas a vida é assim,   ela própria se encarrega.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

E ela chegou! !

Depois do tsunami social,mental, pessoal, hoje começam as férias.
Planos diversos,  sem viagem marcada ainda. Podem vir mas ainda não.
Um barco por gerir,  um livro por escrever, um curso para criar.
E vamos! !!

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

E foi assim - o que não tem remédio remediado está.

De tudo que levamos da vida,  quando chegamos ao seu meio, sendo muito  otimista de viver 100 anos, algumas coisas demoramos a aprender,  outras aprendemos com tanta intensidade que basta um minuto  de aula para que refaçamos toda a nossa história e pensemos, que para frente será tudo diferente.
Às vezes um ato ruim que sofremos dura um instante e causa marcas para sempre que ficarão como tatuagens.
Assim também acredito seja com  o amor  e suas dores.
Por duas vezes até hoje tive a oportunidade de me expor a alguém pedindo uma chance. Nas duas, a chance foi negada, e o estrago havia sido feito. Dor absurda que fez tremer todos os alicerces de mim. Dor física e psicológica.   Não sei se todo mundo que passa por isso sente igual.  Mas é F maiúsculo.
Escolada por essas vezes, uma aos 25 e a outra aos 35 mais ou menos não saberia mais como seria vivenciar tudo de novo. 
A tecnologia então socorre o indivíduo medroso.  A mensagem gravada esconde atrás de si o medo da voz, a covardia em não se expor de maneira categórica.  Na mensagem não tem o interlocutor para dialogar. Falei sozinha por 15 minutos de  reflexão.  Como se escrevendo  com a voz tudo o que pensava. Ponderando,rebatendo comigo mesma e com o ser imaginário que estava na minha frente. 
Sem o som das palavras alheias pude mostrar o meu ponto de vista. Pude me emocionar e falar da beleza que eu achava que tinha.
Exaltei a clareza e fui. Nada que não tivesse por base uma taça de vinho do almoço de confraternização.
Todavia foi o que tinha que ser. Eu precisava dize-lo,  pedir para que pensasse,   que não respondesse  imediatamente.  Que pensasse, eu não aguentava mais guardar dentro de mim tudo aquilo  e se deixasse só me faria engasgar.
Falei, chorei,  analisei, pedi, e pedi bonito.
Se serei atendida,  não faço idéia.
Talvez não, talvez sim. O que sai da minha boca é karma meu.  O que sai do outro é dele. Quanto a mim fiz tudo que eu podia fazer para tudo ficar bem.
Engoli meu orgulho e o medo,  ou meu coração,  e meu corpo. Um pouco de razão também.  Mas bem pouco.
Sem orgulho, sem vergonha mas com muita ciência e amor próprio.
Se dará certo,  não tem como saber.  Surgiu  a minha voz de um não ouvido.
Ouvido não,  escrito. Também o outro tem medo.
Enfim, será o que será.  Só sei que da forma que for será feliz.  Junto ou separado.

 

domingo, 10 de dezembro de 2017

O horóscopo e a vontade

Ontem abri meu horóscopo e dizia turbulência de 9 a 11 de dezembro e expôs uma situação que é exatamente a que tô vivendo. Fiquei surpresa.  Não é o horóscopo do jornal , é um site que faz mapa astral.
Minha amiga me indicou. 
Todavia o que mais me impressionou foi a tempestividade e certeza da coisa.
Acho que, sem dúvida, um programa de computador pode ler muito melhor  os astros  que alguém que senta ali e interpreta.  Até porque para existir alguém já fez a leitura e colocou no programa.  E o programa pode arnazenar mais dados que a cabeça humana.
O fato é que acertou e vou esperar a turbulência passar. Mas como toda turbulência mexe em tudo. Eu ne remexo e não consigo ficar quieta. Pareço um fantoche, mexido por coisas que nem sei.
Muito influenciável, muito crédula, muito receosa. Será da turbulência?
Essa que mexe com emoções até o fio de cabelo,que não dá brecha para nada.
Me permito algo e logo vem o receio dessa permissão acabar  sendo ruim em vez de boa.
Mas se era p que tive desejo de fazet por que cercear. Então foi... se será de novo não sei dizer.
Sei que também preciso aprender a respeitar a mim mesma, em tudo. Saber minha medida e limite de aceitação.
Aprender a conviver com insatisfação , mas também saber o que me satisfaz ,deixando claro isso para as pessoas.
Nas relações interpessoais  as vezes fazemos mais pelo outro que por nós mesmos e ficamos insatisfeitos. O outro vê a nossa insatisfação ,  não gosta, mas nós não colocamos para ele na real,no presente o que gostamos.  E as vezes colocamos mas o outro não consegue ver.
A cegueira do ser amado nos prejudica. Lembro do filme com base no livro do Saramago.
Onde só ela via,e cuidou de todos até a exaustão. 
Essa abnegação da mulher que  é tão pouco entendida por todos até por elas mesmas.  Uma doação incompreensível. 

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Ser quem sou sem culpa.

Assistindo ao filme Yoga -arquitetura da paz  escuto que o objetivo da vida é o auto conhecimento!  Paro, penso, medito e vejo sentido nisso.
De tudo que conquistamos na vida, no fim só o sentimento é que fica, verdade que qualquer tipo de sentimento.  Mas nada mais carregamos e se foi bom partimos bem, se foi ruim, também é possível que partamos mal.
Mas o pior  deve ser partir arrependido.  Arrependimento de não dizer, de não amar , de não se doar ou  permitir.
Vamos nos permitir, diz o Lulu.
Permitir o que?  Permitir ser quem somos,  e para ser quem somos precisamos nos conhecer.  Aí o ciclo fecha.
Nossa sociedade é tão cerceadora  de sentimentos que hoje as pessoas acham que podem dizer qualquer coisa aos outros. Esquecem que ter liberdade não é isso.  Ter liberdade é acima de tudo ter discernimento.
Como a paz, a liberdade vem de dentro,  o ser atormentado não pode ter nem um, nem outro. 
E de novo isso vem do sentir, de se conhecer e voltar ao estado de luz e paz para ser livre.
Dizem que é o estado essencial,  o da essência.
Buscar a paz não é fácil, demanda muita coisa que hoje não temos ,já que vivemos no mundo cheio de penduricalhos , de coisas para fazer,de coisas que não  resolvemos e que nos acompanham pela vida,  e de coisas das quais fugimos.
Por isso é tão difícil , tão complexo e complicado. 
Temos tendência em achar que a culpa é sempre do outro, da vida , do etc e tal,  mas o filme,  a monja  e em qualquer filosofia antes de qualquer psicologia, já nos dizia que é nossa sempre a culpa.
Não digo aqui culpa no sentido cristão de ser, porque esse implica toda uma formação e punição que só estraga mais ainda.  Mas no sentido próprio,  de você não querer e aquilo mesmo assim acontecer  a sua revelia.  E embora aconteça a sua revelia você precisa assumir certa punição menor,  por isso.  Ou por nossa  omissão  ou ação, mesmo que não intencional.
Juridicamente a diferença entre o doloso e o culposo.
E o sentido da vida,  da busca, é então esse de saber quem sou eu, o que posso,   e qual a minha responsabilidade,  e o auto conhecimento, serve para isso, libertar.
Estar só para descobrir-se é possível, mas não em momentos de festa,  não em momentos com o outro , pois esse também faz parte de nós, da nossa existência.
Fácil é ser santo sozinho. Difícil é ser santo a dois ou em família.
O outro saber mais de nós ,que nós mesmos, incomoda. 
Incomoda tanto que às vezes fugimos dele.  Sua presença representa as vezes para nós o próprio espelho.  E quando não estamos bem,  em paz conosco, olhar no espelho é por demais dolorido.
Na vida, nós, nos colocamos em situações que somos espelho. E quando o outro nos olha e  vê em nós as suas falhas e omissões ele não consegue ficar.
Não porque ficamos falando,ou cobrando, ou por fazermos alguma coisa,  mas porque quem olha  saiu do lado escuro e viu a realidade, viu o reflexo de si mesmo.
Como se ele jogasse para nós o que ele é.  Nós não somos , mas o outro nos vê assim. JOGA o que ele sente como se nós é que sentíssemos.
A mente humana é terrível.  São muitos mecanismos.
Por exemplo,  eu penso A, o outro não pensa A, pensa B,  mas eu não consigo ver que ele pensa B, porque eu me reflito nele e só consigo enxerga-lo pensando A. E não B, como ele realmente é.
Isso é causa de inúmeros  conflitos, separações entre casais.
E é necessário muita reflexão para sair da cilada da mente antes de destruir tudo.
A mente do cristão se vangloria de sentir culpa. E mesmo assim nada faz para dela ter conhecimento e supera-la. Apenas paralisa o indivíduo,tornando-o doente,apático e se punindo eternamente.  Ou seja, enquanto o ser não se livrar dessa culpa vai viver o inferno terreno. Por mais que fuja aquilo estará sempre ali numa voz vociferando - vc destruiu,vc se omitiu,vc fugiu,vc não assumiu e mais uma tonelada de verbos.
Importante por isso é se olhar e olhar o entorno, e se livrar a partir de um auto exame. E acima de tudo se perdoar.
Perdoar de verdade e perdoar os outros.  Não da  boca para fora ,mas de coração mesmo.  Deixar ir. Só assim a paz virá e com ela a liberdade de ser de novo luz. 

Esperando clarear.

Que a água  que ficou turva  com a chuva que caiu ,volte a ficar cristalina para que os peixes que habitam  o rio consigam de novo enxergar a vida!

As escolhas ...

https://youtu.be/TyArRKseP8c

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Ouvir

Antônia era minha avó, dizia que mulheres são seres que ouvem e o que ouvem reverbera no tempo de sua  existência.
Penélope até hoje se lembra de ter escutado de seu amado que ela era excessivamente carinhosa e ele naquele momento de surto de liberdade não aguentava aquilo.
Acho que Ulisses bateu tanto a cabeça por aí , que  mais tarde queria que Penélope  fosse sua provedora em vez de ser sua mulher já que ela tinha tão bem administrado os bens em 20 anos de ausência.
Ouvindo outras mulheres Penélope se  ressente de Ulisses , que  se a princípio aceita a maneira que tinham combinado,  cada um no seu reinado,  quando perde seu reinado ele quer impor a Penélope que mude o jogo. Só que quer mudar o jogo  e nada faz para mostrar a ela como se pode jogar.
Ulisses  parece um menino mimado, não sabe jogar e quer descer para o play.  Guarda na mente todos os paradigmas familiares,  mas não vê que mudaram com o tempo.  E nem sua própria vida o faz olhar , ver que as coisas mudaram.
Que Ulisses não quer  o modelo arcaico ,a arqueologia já provou, todavia  por que ele insiste em retomar um modelo que sabe desgastado?  Pois ele mesmo não dá conta de cumprir , mesmo depois de  vários casamentos em 20 anos.
Penélope chama a isso infantilidade, teimosia. O novo modelo pode ser muito melhor se Ulisses aceitar.
Penélope cada vez tem mais certeza disso.  Todas as pessoas que assim fizeram são mais felizes.
Esse modelo não quer dizer que haja um abandono do outro ser, ao contrário,  cada um fica dentro de uma cumplicidade muito maior.  São amigos, amantes, sem desgaste do dia a dia. Mas se o outro precisar sempre se estará lá.  Sem brigas,  ansioso pelo encontro. 
Todos que optaram por isso tem relações muito mais duradouras , sem desgaste, sem que a dureza da rotina os massacre.
A maioria das mulheres que Penélope tem conhecimento, mulheres próximas  de sua condição fazem assim.  E acham melhor, pois na história cabia a elas sempre o ônus maior de obrigações e deveres. Assim é mais fácil curtir e cada um continua no seu quadrado com sua individualidade  e obrigações pessoais.
Se o filho já tá criado e não necessita-se de duas pessoas o tempo todo juntas, por que não experienciar outro modo? Cada um respeitando o outro.  E se um dia a junção se fizer primordial assim se faz.
Penélope então se questiona se Ulisses quer uma mulher ou uma mãe provedora. Mas isso ele já tem, Eritreia, para que outra?
Com tudo isso, ele mais uma vez rompe o jogo. Não sabe jogar, embora tenha descido para o play.
Mas ele não quer respeitar a regra, é intolerante,   faz -se de vítima da história para todo mundo  e é claro que não foi.
Foi astuto com quem não devia, manipulador de desejos e sentimentos pueris de Penélope e agora posa de coitado.
Ulisses sabe que se deixou envolver pelo que outros falaram.  Tem vergonha e orgulho que não aprendeu a conter, e não aprendeu a ser humilde e ter gratidão. 
Assim é que Ulisses se coloca.  Está livre para a eternidade ou para qualquer outra  que passe e ele vá atrás.
A questão então é de Penélope: ela que fez tudo para espera-lo, que se entregou e investiu tudo, e agora?  Sente dor, sente-se usada  se o que pensa  for confirmado.
Se já pensa é talvez porque já sente.  Depois de tudo  que se dispuseram a fazer, ela ainda fica com essa parte.
Estava enlouquecida, com todos esses pensamentos.  Aí vê uma msg apagada, como num instantâneo, solta a força de tudo que estava pensando.  "Penso em vc Ulisses, sem orgulho , vergonha ou pudor" a vida é uma só.
Lógico que Ulisses não respondeu.  Não tem  como.  Não sabe ...  É o tempo e suas  imperfeições,  dúvidas,  mágoas e perdas.

As voltas de Virgínia

Virgínia começa  seu texto:  nos momentos de reflexão nesses últimos meses,  em que um turbilhão tomou conta de meu relacionamento ,mais por questões externas que internas minhas,  embora externas e internas dele, me deparo com voltas esporádicas de  fatos do passado que não foram por mim, nem por ele  relevadas durante a vida.Digo isso porque tudo que construímos  nesses anos recentes foi muito pautado numa idealização de amor do passado.  Virginia confessa: cegamente voltei 30 anos para tentar dar sequência a um amor adolescente.  Esquecendo que eu não era a mesma, e ele também não deveria ser. Todavia se eu  me considero mais dona de mim, se me caçei por 30 anos ,pelo outro não posso responder.  Certos conflitos que tinha, não tenho mais. Certas ilusões também não.  Mas para isso foi preciso estar atenta ao que vivi.Eu me recordo de escrever como Rahel, personagem de Hanna Arendt, para registrar o que vivia.Fazia isso o tempo todo. Em todos os rompimentos , em todos os momentos.  Mais nos de dor que nos de alegria.  Na alegria a gente esquece de escrever. Parece que  as musas nos deixam em paz. Mas hoje a escrita é como o ar.Punhetação mental, talvez seja.  Mas de certa forma faz expurgar e ressignificar.Recebi então um trabalho  que comecei a ler,despretensiosamente me deparei com minha história aos 20 anos.Surpresa percebi que aos 20  quase todo mundo vive a mesma coisa. E depois?  No roteiro a menina deixa o namorado amando-o, porque ele nunca largaria a outra para ficar com ela.De repente diante desse texto eu vi o desdobramento 30 anos depois.Sapo e príncipe ou o inverso para ser mais precisa. Dá primeira vez não voltamos atrás pois não tive coragem de pedir isso.  Orgulhosa ,eu no fundo sabia que tínhamos tudo para viver. E vivemos, cada um ao seu modo. No entanto , a dor daquele momento foi descomunal pois era só  causada pela separação. Dor da gravidez de futuro que tínhamos planejado.   E do apaixonamento e romantismo que  sempre cultivei. Mas passou e  nos 2 encontros que a vida proporcionou com 25/ 30 anos  não tinha foco mais para aquilo. Embora aos 25 anos de idade tivesse tido a oportunidade de retomar não o quis.Enfim, mas isso é o que foi.  Importa ler o hoje de tudo isso.E Virginia me pergunta se tudo foi uma ilusão atemporal, um remake do que ficou embaixo do tapete.Não e sim.     Não por um lado,não somos os mesmos e sim porque um desejo existia.  Será  que esse  era o último tempo.?  Era toda essa loucura que faltava viver nessa relação? Ela  se recusa a achar que sim. Apesar de ser  quem mais saiu  do habitual para vive -la.A  vida estava arrumada, dentro do princípio da impermanência das coisas,  independente, coerente,  vivendo  as coisas ,os dias ,  movimentando o que queria.  A do outro  não tenho como  falar ,só sei que não estava como a minha,   estava  estacionada numa acomodação,  numa auto punição que ele mesmo não se dava conta, sendo  iludido de que havia escolhido aquilo que estava vivendo, dependendo de parentes,  sem receber salário,  sem nada , fumando a vida em completa alienação.  Tanto ,que quando se deu conta ,quis empreender e   fomos juntos.  Empenho mútuo, deveria ser,   mas a visão alienada  não se descortinou. E sobreveio os percalços que se arrastaram até  o final . O problema era maior que parecia.  A mente cria subterfúgios e tem subterrâneos desconhecidos para nós. Se não formos persistentes sucumbimos aos caprichos mentais que nos enganam e nos fazem ver trocada a realidade.  O medo e a falta de autoconfiança imperou. Fomos todos abduzidos pelas circunstâncias.  Não era a ação que era errada, embora também fosse, era a omissão. E o pior a omissão inconsciente. A letargia,  o horizonte  obscuro e  maquiado.  Tudo foi maquiado para esconder a realidade.   De longe, Virgínia conta que não via. Nem podia, se do lado ele não via como de longe ela veria. Todavia  com sua inércia  ele desconsiderava seu poder de persuasão.  Ele manipulava Virgínia até sem se dar conta.  E ela fazia o que ele  queria.  Ela foi deixando. Se ela falasse ele invertia o jogo se fazendo de vítima, dizendo que ia embora. E o pior ,como manipulador ele era cruel. Se fazia de  vítima e subia nas tamancas.Agora Virgínia consegue ver,  e como sempre também em tempo de ausência, consegue se ver.Não como deveria. Ainda acha Virgínia que a história não terminou.  Ela sente falta porque ama.  Sabe que não tem mais tempo suficiente de vida para esperar o outro cair na real e encarar os fatos. Talvez, a palavra maior da dúvida,  o grande rei ,  nunca saía da sua cabeça. VIRGÍNIA pensa que embora ela não tenha orgulho infantil ou vergonha de pedir,  tem medo de receber um não.  Já passou por isso antes, por  duas vezes ouviu não de seus amores  . E  não tá disposta a ouvir agora. Mas e o tempo que ,voa e passa atroz... o amanhã que será? E se, E se,E se...Lembra da música  cantada por Nana. Resposta do tempo.