terça-feira, 18 de junho de 2024

Revisões

 O dia  inteiro revendo, refazendo, remoendo, digerindo, reeditando para que? Ninguém  lê. Somos escritores para nós mesmos, para a própria necessidade  de ressignificar  a vida. A dor nos impele para fazer algo que a anestesie.  Hoje  fiz isso, amanhã não mais.  Fechei o livro reeditado com mais um capítulo de uma saga de amor , se é que isso existe. Construir personagens reais exige muito da  memória, na  estrutura da  criação. Mas é possível.

No percurso reparei que  dois personagens percorrem toda trama, Cássio e Raquel. Ele  é um personagem complexo cheio de nuances, cheio de problemas existenciais, familiares, perdido. Ela  parece mais simples, transita entre dores e momentos de  lucidez. Ama incondicionalmente, mas se censura por isso. Achou que embotando o sentimento ele passaria, não passou, e  6 anos depois viveu a mesma  dor da perda. Mas sua razão passa a entender ele. E isso era o que ela  buscava.  Não era ele o motivo do enredo, era apenas ela tentando dar conta  dele. Ela queria chorar, mas  não conseguia, sentia-se derrotada mais uma vez, o amor lhe pregou peças a  vida toda.  Nem sabe se um dia conseguirá entender de verdade o que era o amor. Fracassou em todas as relações. Mas todo mundo fracassa.  tem dedo podre diriam alguns. Durou o que durou, mas por que ainda achamos que amamos? Falta de opção, medo de arriscar, medo de sair para  vida.            

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