O dia inteiro revendo, refazendo, remoendo, digerindo, reeditando para que? Ninguém lê. Somos escritores para nós mesmos, para a própria necessidade de ressignificar a vida. A dor nos impele para fazer algo que a anestesie. Hoje fiz isso, amanhã não mais. Fechei o livro reeditado com mais um capítulo de uma saga de amor , se é que isso existe. Construir personagens reais exige muito da memória, na estrutura da criação. Mas é possível.
No percurso reparei que dois personagens percorrem toda trama, Cássio e Raquel. Ele é um personagem complexo cheio de nuances, cheio de problemas existenciais, familiares, perdido. Ela parece mais simples, transita entre dores e momentos de lucidez. Ama incondicionalmente, mas se censura por isso. Achou que embotando o sentimento ele passaria, não passou, e 6 anos depois viveu a mesma dor da perda. Mas sua razão passa a entender ele. E isso era o que ela buscava. Não era ele o motivo do enredo, era apenas ela tentando dar conta dele. Ela queria chorar, mas não conseguia, sentia-se derrotada mais uma vez, o amor lhe pregou peças a vida toda. Nem sabe se um dia conseguirá entender de verdade o que era o amor. Fracassou em todas as relações. Mas todo mundo fracassa. tem dedo podre diriam alguns. Durou o que durou, mas por que ainda achamos que amamos? Falta de opção, medo de arriscar, medo de sair para vida.
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