Num potinho verde que continha uma muda de alguma planta importante nasceu Magrela. Sua semente veio na terra que fora apanhada numa região de mata. Ela veio escondida, viajou muitos quilômetros até chegar ao Rio de Janeiro. Santa Teresa era o lugar em que ficaria.
Magrela ao chegar semente não
sabia que um dia viraria samambaia. No
entanto a dona da casa ao trazer
a mudinha que já era grande no vaso,
colocou o mesmo num lugar muito propício a germinação e por isso,
um belo dia a semente de
Magrela sentiu a água e depois o
calor e toda a sua estrutura começou a
se mover. O casco se abriu e
subiu ali um raminho. O raminho
foi empurrando a terra de cima e de repente Magrela conseguiu ver a luz.
Era então um bebê samambaia,
estava esvoaçante naquele potinho verde com a
amiga que era dona do espaço. Mas a
amizade durou pouco, o potinho era
pequeno mesmo e a raiz de uma começou a atrapalhar a outra. Elas
se espremiam no espaço, brigavam pela água despejada nem sempre com frequência. Mas não tinham o que fazer. Magrela tentou colocar suas hastes para fora do pote
numa tentativa de ganhar o ar como toda samambaia faz e de
certa forma conseguiu com isso chamar atenção da dona da casa.
Um dia, a dona
da casa ao se arrumar para mexer com as amigas dos outros vasos reparou em Magrela.
Olhando aquela esquelética se debruçando sobre o vaso decidiu dar-lhe a independência.
Foi aí que Magrela ganhou casa
nova. Foi dado a ela um vaso para chamar de seu. Um vaso todinho com terra e espaço. A
despedida foi dolorosa, Magrela tinha nascido ali e embora
disputassem espaço ela se sentia acolhida no vasinho
verde. Mas a vida era assim. Tudo
tinha seu tempo e era
hora de Magrela sair e crescer, se mostrar para o mundo das plantas . Estava conformada
mesmo sem saber seu futuro próximo.
A dona da casa trocou o
pote, mas não só, levou Magrela para
outro espaço da casa. Dentro do banheiro,
lugar claro e úmido. Tudo o que uma samambaia
gosta. Magela cresceu, cresceu, suas
hastes bateram no chão. Além das hastes com folhas outras nasciam, era uma
metamorfose no campo das hastes. Magrela
ficava feliz quando alguém tomava
banho e o vapor da água ia bater nas suas
folhinhas. Ela se balançava toda de alegria e se mostrava para todos.
Quanto mais crescia, mas a dona da casa gostava. Recebia água, as vezes suco de
legumes e muito carinho pois a dona da
casa falava com ela e as outras
plantas todo dia. Ficou ali muito tempo, escondida no banheiro iluminado.
Até que a Dona de
novo resolveu muda-la de lugar. Agora
deu-lhe um vaso redondo, grande e de pendurar. Trocou de casa de novo e
também fez-lhe uma poda, tirou as hastes
velhas, cortou os cabelos sem folha e a colocou na sala da televisão. Magrela estranhou um pouco mas percebeu que
ali além de ser vista por todos também
podia compartilhar da televisão.
Ou seja, Magrela ficou viciada em olhar para fora da janela e ver televisão. Era a primeira
Samambaia que via televisão. E
ali continuou a sua vida. E
até
história escrita já ganhou.
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