domingo, 6 de abril de 2025

Dia de chuva e de lasanha

 A lasanha é um prato italiano que normalmente de faz para muita gente. Porque demanda   muito trabalho e não é como uma pasta convencional que você faz um prato e acabou.

Faz-se o  molho  vermelho com passata italiana, o branco com noz moscada e a massa que eu comprei fora da cidade de uma marca que não vi nos supermercados daqui.  Uma  massa dura, mas que cozinha no molho, é finíssima , espero que boa.

Enfim passado o trabalho vai ao forno e  esperamos o sabor final com o vinho.

Eu chamei  a  família, mas nem sempre é possível as  pessoas se desenrolarem de seus problemas crônicos para  saborear uma lasanha em  minha casa.

Então comerei sozinha, porque confesso que aprendi muita coisa nesse contexto da  solidão, que não é solidão.  

Comer sozinha, cozinhar para mim é prazer, faço o que  quero, abro o vinho se vou beber e  desfruto da minha própria companhia,  no domingo ou dia qualquer.

Não que ter outros me seja ruim, mas não ter também dá no mesmo.

Corrijo um texto de  alguém que sofre de solidão, e  vejo como a limitação  é dolorida para as  pessoas.  A limitação  física, nem conto, mas a psicológica é ainda pior. As  pessoas  não se tocam que se destroem e  aos  outros também. Chantagens emocionais estão no grupo da pior espécie e  há que se ter cuidado, mesmo para sem querer, não  faze-las.

Mãe são mestres nesse quesito. Vejo    claro esse contexto no texto e na vida. Deve ser  por ter parido se sentem nesse direito de  exigência. Não pari, não sei da  dor nem do prazer desse ato. Mas sei que as  vezes  elas extrapolam. 

Mas a lasanha está no fogo, e  já cheira. Eu queria marca-la nesse  dia  ímpar de estado de atenção na cidade e no Estado depois de  tanta chuva. Já fiz  outras, mas não só para mim. Para  todos.

E a vida  vai seguindo sem que tenhamos dela qualquer controle e apenas coragem  para aceitar e  mudar o que  se pode Embora  pouco se  possa no sistema atual. 

Acho que chega um momento em que  tudo parece meio anestesiado e apenas esperamos o encaminhamento.   Ganhar o  mundo já não é nossa  função,  revolução não podemos fazer,  sobreviver é o que fazemos. A diferença é se pensamos como ou não. Se rimos ou choramos com o que a moira, sempre ela, nos reserva. Eu não sei do amanhã, nem do profissional nem do emocional, vou, deixo a moira levar. Posso estar aqui ou em outro lugar, tanto faz, serei sempre eu.  Porque talvez eu tenha me encontrado e tenha  me permitido viver o que sou, essa miscelânia de desejos e vontades, essa cabeça que  conjectura possibilidades e reflete, que não tem saco para alienação porque essa é  pobre de espírito e  isso me incomoda.  Enfim    esse ser que tem vontade  de lasanha e  vinho hoje.  

      


quinta-feira, 20 de março de 2025

Esperar, esperar...

 Sensação  estranha,  preciso esperar,  não  sei o que fazer. Ter o primeiro lugar em uma seleção não garante que  o prêmio será  seu. Pelo  contrário, parece que  inspira o olhar negativo dos  outros. Quem  fica  feliz por você? Ninguém, todos  ali querem suas vagas e pouco se  importam se o direito do  outro está sendo violado ou não.

A energia  não  foi boa, será  que vale a pena sair de  minha zona de  conforto para um pouco mais de grana. Talvez  não seja, e  talvez aqui de fato não seja  o meu lugar. Preciso ou não preciso?  Vivo bem com o que já tenho? Talvez sim, pode entrar algo mais  a frente.

Peso o sim e o não. Não me cabe sair atrás dos diretores com  pires na  mão   para  conseguir um lugar.  Minha função é ir dar aula, não tenho culpa se  eles não têm organização, se  não têm  profissionalismo, ou se não  querem  ter para tudo continuar do  jeito que e está.

Burocratizam para   dizer  que há lisura no processo. Mas será mesmo que tem? Como alguém vai hoje, quando o dia de escolha  foi ontem, de onde saiu ? Com qual aval?

Pois é, vivendo e aprendendo. Como sou otimista, seguirei o me disse meu amigo. Espera,  que  você  já fez o que tinha que fazer.  

sexta-feira, 14 de março de 2025

Roda viva

 











Lembrei-me da música do Chico Buarque . "Roda  mundo , roda gigante, roda moinho , roda pião, a gente estancou de repente". Desde pequena  ouvia aquele disco, um vinil de uma coleção comprada em banca de jornal. Eu colocava para ir lavar a louça. teve tempo que eu sabia de cor a letra. Hoje  ouço pouco disco, exceto quando dirijo e sempre dirijo, O rádio sempre ligado nas músicas geralmente  velhas a  mover minhas  emoções.

O que será o amanhã, como vai ser, não sei. Crio expectativas quanto a tudo, mas não às alimento. Especialmente ao trabalho. Quanto aos  afetos, nem pretendo dizer. Se se busca distancia a  terá.

   Não sei se minha  vida é uma novela mexicana ou turca, tamanho dramalhão, nunca assisti nenhuma dela, mas sei o que são. Na verdade não vejo nada. Nem filme,  nem novela, apenas  programa político de  geopolítica, incrível mas não tem nada  que  me faça tão bem. O Pepe Escobar já é meu íntimo.  Acho ele impetuoso e temperamental, mas só acho, não o conheço de fato.

Essa semana de  escolhas, de teses, de avaliação do pode ser bom ou não. Mas se não for, aqui ou lá, ou em qualquer lugar, dou-me o direito de  largar.  Afinal para isso me montei, me organizei.

Vivo com pouco, desde que não queira atender aos impulsos  consumistas. No mais, controlando como posso meus sentimentos e  impulso vou vivendo um dia após o outro. E como disse hoje para meus alunos, chamando Guimarães Rosa  comigo, o que a vida exige na gente é coragem para continuar indo, indo e indo até quando nunca sabemos, pois que a  roda é mesmo viva.    

Dia de paz e dias de luta

 



A luta  com a  a sua  mente é a luta  mais  vã. Nessa  luta  sempre perdemos, pois se  tem algo que não controlamos,  isso é a nossa mente. Ela  é um cavalo doido, que sai colina abaixo com a crina revolta tomando vento.

Ficamos então a mercê do vento que  nos  joga como a uma folha de papel, para um lado e outro, que nos agarra no mato e nos solta, que nos revira de  ponta a cabeça  sem explicação.

Controle não existe e quem diz que controla mente  descaradamente, se   engana  sabendo que está se  enganando

Assim tenho vivido. Descubro que  preciso controlar minha vontade e despista-la para o dia-a-dia. E assim fazendo tudo vai ficando mais longe do meu sentimento. O ditado é  certo, o que os olhos não  veem o coração não sente, exceto se  a mente  resolver lutar com  você e te pregar peças aleatórias.  

  

quarta-feira, 12 de março de 2025

Chega!

 https://www.youtube.com/watch?v=Nhyde7mZz88

O tempo parece que não para, mas ela parou

 




Decidiu que ia  escrever um livro para aquele que a tinha abandonado. Chamaria "Cartas a". Queria isso porque  já  era tempo de  se  livrar de tudo aquilo. Embora  tentasse  há  tantos anos fazê-lo, mais ou menos sete anos e meio, e ainda  não tinha  conseguido  efetiva conclusão. Tanto tempo e  pouco tempo. No decurso de tudo isso uma Pandemia me disse ela, o que fazia o tempo não  ter uma clareza de passagem, mas passou. Ele, ela  sabia, que  havia se dado em vários outras  relações.  

Jamais  ele  deixou de   procurar em várias  bocas e corpos aquilo que tamparia seus  vazios.  Ela  disse isso a ele. Mas tudo que vivera depois dela não tinha talvez o mesmo compromisso que  agora, quando ele apresentava à família a pessoa da  vez. Já teve casamento para  rede social, mas para a família não tinha apresentado ninguém. Se isso significa   amor eterno, compromisso e todo o resto, está então feito. Família Margarina na foto do perfil.

Mas as  cartas  dela não são de censura a ele. Não, ela  acha que ele tá  certo, porque  com a  carência que ele  tem, não lhe restaria nada mais a  fazer.  Mas  ela  sabe que só agora  entendeu a carência  dele. Antes ela  não sabia, ela  não via. Pouco observadora e desligada. talvez  pensando também no próprio umbigo. 

Entretanto, ela  precisa falar-lhe, ela talvez precise  ainda  falar para ele tudo, tudo que não teve coragem, por ser também orgulhosa. 

Quando durante esse tempo decorrido eles tiveram uma pequena recaída, quando ele a beijou e passaram mais algumas noites juntos, ela  não lhe conseguiu dizer o qual prazeroso foi. O quanto ela   o amou plenamente naqueles dias de entrega. E nem ele entendeu, ou ele teve medo de se entregar, embora tivesse sido ele a dar a partida com um beijo.   

Tudo isso é contexto de  suas cartas, que trazem um lamento de  alguém que ama e não é correspondido, alguém que está cansado de sentir o que  sente, que se esgotou de um sentimento infantil, que pensa  racionalmente na dependência que  esse amor lhe causou que  ela  não conseguiu entender até a  escritura das cartas, onde mostra que já perdeu a esperança, achando que ninguém mais vai aparecer, que ela não tem um caderninho de EX para acionar quando sozinha como ele  faz.

Contextualizada a questão vamos às cartas:


"Hoje senti tanta saudade, foi uma espécie de  nostalgia de algo que  eu não saberia explicar. Eu sei que você sequer tem   lembranças de mim no seu dia-a-dia, mas eu não passo um dia que não me lembre de  você todos os dias. Tem  dia  que  choro ainda, mesmo depois de tantos anos. 

Acho realmente que  durante 5 anos eu embotei todo esse  sentimento. Dizia para  mim que não te amava, mas era mentira. Dizia e aceitava tudo que você fazia de  longe. Te ajudei o que  pude, perto ou longe, sabendo que você estava em outras relações por várias  vezes.

Não sei porque  eu fazia  aquilo, talvez na esperança de  você  reconsiderar a decisão de ter me abandonado, de ter fugido me deixando com a bola quente na mão.  Eu sei que para sua  fuga você  criou uma narrativa desconsiderando tudo, sem me consultar e sendo egoísta como se  só você  tivesse sofrido com o que aconteceu, por culpa exclusivamente  sua.

Eu jamais falei isso, mas toda  culpa  foi sua. Eu te defendi o tempo todo, para  todos,  julguei que  você  estava  doente para  te mandar para casa, mas tudo para te  proteger. Mas você jamais entendeu.  Você conseguiu em uma semana sair do " quero casar contigo" para  "deixa-me  viver em paz". Não sei se esperando que eu  não deixasse e te  pedisse para reconsiderar, mas  eu estava tão esgotada com todos os  problemas que por sua causa eu tive, que  não tive como pedir. E você  ficou com raiva,  me ignorou ficou magoado comigo e  arrumou a primeira  Ex, que  só fui saber um ano depois.

Não te disse isso, porque acho que  você  negaria. A sua  mania é de  testar o amor do outro, com todas. Acho mesmo que  a atual deve estar  vivendo isso.

Quando você vai crescer, nunca? Por que diz  ser amigo quando não consegue isso? Que tipo de homem é  você, que  criança  carente é você?

 Eu te resumi em uma mensagem que  você agradeceu, e  eu disse que não ía te chamar mais, com convicção. Mas eu não consigo. Vez por outra te interpelo e vejo seu silêncio e desprezo. Cheguei a pensar em que  merda eu tinha feito para merecer tal castigo. Mas você  disse que não, que era o trabalho que  o estava a consumir.

Então, essa  é  minha última esperança de  me despossuir desse amor adolescente, que me consome para além da  minha Razão".


A cada  carta que leio  dessa personagem talvez fizesse inúmeras considerações, mas não sou psicóloga, apenas transcrevo o que para  posteridade pode vir a ser uma narrativa diferente. Lembrei-me de Rahel, a personagem de Hanna Arendt  ou de um outro livro que li, que por  uma carta a personagem principal se livra de  toda  uma gama de sentimentos. Vamos ver se assim ocorrerá com nossa personagem em suas  recaídas  solitárias de  paixão.             


segunda-feira, 10 de março de 2025

Angústia de quem vive , fim de quem ama

 








Mas o que é? Quando alguém fica insano procurando algo para se ferir porque assim produz o que quer. Como um gatilho, essa palavra que a psicologia usa tão bem. Aquilo que estarta algo que estava parado, imóvel, sem lembrança., de repente vem a tona e provoca estragos.

O que mais incomoda é a ausência. Mas de verdade, ela é melhor.  Ela faz esquecer e  depois olhar diferente. Você tá gordo, feio, mal vestido. Uma  vez achei um cara tão pequeno que  desconfiei dos meus óculos na  época que  estava com ele. 

Mas eu te vejo. Não, eu não te vejo, eu te imagino. Mas você nunca foi na real aquilo que eu imaginei mesmo sem querer. Não correspondeu ao que sonhei, ou que pensei que sonhei. O que eu esperava de ti você não foi, não fez e ainda inventou o que fez.  Talvez eu saiba o que você pensa de mim. Ou melhor, eu sei a narrativa de mim que  você criou para si.  Uma grande  mentira que te contenta e te protege de mim, com quem você não consegue lidar porque te tira da  área de conforto. Talvez eu seja o espelho  que reflita( pelas palavras que falo) para você aquilo de ti que você não quer ver. Por isso, eu te assusto. Você me ama, mas  não sabe me ter. Não se sente seguro, se enrola,  se contradiz. Eu te mostro seus defeitos que  você não quer ver jamais, daí fugir é melhor.  Um ser que não consegue olhar o outro apenas a si mesmo, sem no entanto se  entender. 

Entendi que  você precisa de controle e é um controle esquisito, é um controle pelo amor que o outro tem a você. Na sua louca mente, você tem que sentir que o que o outro sente é uma devoção por você e para isso você testa o outro, testa o amor do outro por ti. Para o outro sempre estar aos seus pés. Mas quando o outro saí desse hipotético controle seu, você pira e  foge antes do outro sair.

De fato é um mecanismo estranho. Percebo agora isso e acho que de verdade você nunca amou ninguém, não a mim, não a elas outras, todas foram eclipses de amor ou um cometa. Acho que é isso, termo legal, talvez o tempo da paixão.