Blog que traz um pouco de reflexão sobre o momento em que vivemos. Um pouco de riso, um pouco de dor, um pouco de expressão. Também tem alguns textos já publicados em outros lugares. Aproveite a leitura, deixe seu comentário e compartilhe.
terça-feira, 21 de abril de 2020
sábado, 18 de abril de 2020
Rotina
Vejo filmes, ando
disciplinadamente na minha rua deserta,
faço yoga, lavo louça, faço comida, lavo roupa, leio, escrevo, arrumo. Rotina boa, conveniente, nada diferente de sempre. Descobri Acrópolis, palestras, tudo
que gosto, como se estivesse assistindo a uma aula me atualizo, me formo e não
me informo sobre o que acontece do lado
de fora do meu reino.
Faço conexões com a vida pregressa, a minha e a dos outros,
analiso amores, detenho os mitos e
penso na importância dessas
histórias para a humanidade.
Tenho em mente que aquele que
sofreu o trauma e não consegue dele falar, não o superou. Isso só vai
acontecer quando falar, elaborar,
reinterpretar o que foi o trauma. Não falar é colocar embaixo do tapete mais uma vez o que viveu e não vai crescer nunca.
Crescer é ultrapassar uma coisa para
viver outra, crescer exige desacomodar,
sair do cômodo, sair do estabilizado e ir viver. Parado não se vive, parada é a condição de quem desiste de viver. Viver
é perigoso, viver não é preciso. Viver da medo. Viver é se expor, é se deixar,
é se questionar e se rever, Viver é rir
de si mesmo, rir das merdas que faz tendo consciência delas, mesmo que te doam, é assumir que fez e
ser responsável por si mesmo, viver é não servítima, é não fazer culpado todo o resto, é assumir que você foi quem fez e por isso paga a conta, viver é se dar conta, é cuidar de si, se amar
e se odiar, saber que pode errar mil vezes, e que pode depois de errar acertar, viver é entender que
existe um sopro, uma energia que te impele para falar, para sentir, para
experienciar e não parar. Viver é dançar, é chorar, é ficar com raiva e
também com amor e se permitir as duas faces da
moeda, pois que somos assim, temos anjos e demônios em nós, e saber
disso nos faz forte para controlar o que de pior temos e não deixar que
nos façam mal, a nós e aos outros. Viver
é acima de tudo, amar a vida, gostar de ver, gostar de sentir, ter tesão pela
vida por mais árdua que seja. Viver é isso, se permitir ser quem você é, sem se
iludir.
Abril de 2020 -Pandemia mundial 1
Em casa, buscando livros que ajudem na minha pesquisa,vem sempre a mesma pergunta, será a que
imagem da pandemia será aquela que muitos filmes nos fizeram crer? Será que
tanta gente é assim tão visionária a ponto de
escrever em um mês livros e mais um monte de estratégias de como fazer nesse momento, ou tudo não
passa de um povo que só quer se aproveitar da
situação e ganhar um troco a mais.
Nada contra, cada um que se guie e
faça o que seu ego mandar, e publique
o que quiser e como quiser, tanto faz desde que não estrague a massa mais do que ela já está estragada.
Não, não tenho visão pessimista,
mas aqui da minha janela toda vez que olho
fico imaginando aquelas cenas de filmes
onde se tem uma terra pós tudo
completamente devastada por alguma hecatombe,
guerra, meteoro, e o ser humano lutando para sobreviver e deixando
aflorar a sua mais cruel e dolorosa feição, do ódio, do lucro, do egoísmo.
Hollywood está cheia de exemplos, não vou pagar para vê-los nesse
momento, mas é a imagem do “Ensaio sobre
a cegueira” a que mais me vem a
cabeça, o livro é de José Saramago e o
filme do Fernando Meireles. Pensando no
filme, vejo que estamos ainda no início,
na contaminação. E ela é que vai definir quem fica e quem vai. Lá a morbidade do vírus não é tão grande, todos ficam cegos, mas ficar
cego não mata. Aqui a contaminação
também é aterrorizante, mas com o agravante de
que o vírus hoje, além de ser transmitido com super velocidade,
também mata, mata a todos sem poupar classes, gêneros, credos, raças,
idades.
Algo assim com tamanha letalidade
a ficção não conseguiu fazer, ultrapassa
a nossa capacidade de criação
fazer algo que pode nos exterminar, sem que tenhamos um salvador, e talvez por isso, por não conseguir
racionalmente dar conta de entender e expressar não consigamos criar. “Melancolia”, filme de Lars von Trier, talvez
seja o que melhor relate o embate onde não sobrará ninguém para contar.
Mas o que
faz a ficção nesse momento? Faz pensar a realidade. Do alto do meu
morro, numa posição privilegiada vejo a cidade e escuto, não me atrevo a sair,
nem notícias tenho visto. Mas
hoje, sábado, o barulho é maior que de ontem.
Parece que tem gente que ainda não se tocou, ou que num ato inconsequente desafia o poder do vírus. Mas também, os exemplos de cima, não censuram o exercício
de egoísmo, pelo contrário, até o estimulam.
Faz algum tempo que as sociedades vem vendo crescer certos tipos
e tribos que desconsideram completamente o que é humanidade. Discursos de tal
forma podres que nem tenho palavras para
adjetivar, além de podre mesmo. Algo que
é tóxico para a espécie e para o
planeta, que não serve para nada, e o pior, um discurso que infelizmente agrega
gente que se pensa do bem, gente
que sequer pensa no porquê da sua indignação, usam uma palavra chave, ‘corrupção’, para
fundar a sua filiação a esse discurso, essa mesma palavra cuja ação continua aí, e que é
corrente em muitos que defendem a sua extinção. Eu tinha vontade de entrar em certas cabeças para ver qual foi o chip que foi ali implantado, pois sem dúvida a
ação é digna de um filme arrebatador que no momento me foge a
racionalidade.
Alguém um dia falou, uma mentira
repetida mil vezes vira uma verdade(
frase batida), e assim foi o que aconteceu nos vários momentos
da humanidade, toda história contada é contada a partir de quem estava ali no
poder para contá-la, e mesmo quando ela fica sujeita a uma revisão, a mentira
introjetada é difícil de sair.
Acho que vivemos uma situação assim, e quanto maior a ignorância
geral, mais cruel o processo de desinfecção de retirada do vírus. Vejo que socialmente a maneira como certo vírus entrou nossa sociedade é muito semelhante ao percurso
do vírus visto na biologia, ele chega,
se instala, vai desconstruindo toda
estrutura social organizada, contamina
tudo, promove um desmonte ,se
muda, camufla e vai embora, parece
outra ficção, aquele filme onde os alienígenas vem pegar toda a nossa energia, pois acham que diante
do que vêem isso aqui não tem resgate, e
não temos, pelo menos aqui, nesse
momento, alguém que nos de esperança. Mas
aí, como que diante do inominável, pequenos atos de esperança começam a ser
vistos. A sociedade sem esperar por um Messias falso começa a entender que o discurso era falso, que os planos não
existiam, que tudo não passou de uma enganação e começa reagir, a se
transformar. Vivemos um momento que ficará na história da humanidade,
estamos frente a frente com o acontecimento do século, que embora não saibamos como terminará será um divisor de
águas, se quisermos, para esquecermos
de muita coisa que fazíamos errado e que
precisaremos modificar, que
a humanidade tenha olhos para se ver e
crescer, sabendo que do jeito que está
não dá mais para ficar.
segunda-feira, 6 de abril de 2020
Esperar, esperar, esperar
Aguardamos o momento de sair, aguardamos o momento em que nos dirão, vai ... segue com sua vida e continua ou transforma tudo que tocares daqui para frente.
No entanto, essa expectativa de futuro não sabemos quando será. Ainda não atingimos a curva e depois dela não temos ideia do que nós seremos.
Tentamos a todo custo retardar nosso momento, nossos sentimentos mais profundos de medo, angústia, sensação de ineficiência diante de um monstro que não podemos ver. Esse ainda pior que aqueles que nosso inconsciente produz ao longo da vida.
O que ele nos sugere não temos ainda condições de saber. Estamos em casa, respeitamos às leis vigentes dos homens sãos, não a dos loucos de plantão. Respeitamos e seguimos às determinações, mas não temos condições de fazer mais, a não ser esperar.
Não temos competência para ir a linha de frente, cuidamos dos nossos que necessitam cuidados, saímos para trazer o que se precisa para ficar em casa.
Mas ao contrário do que podíamos pensar, ficar em casa não significa que temos também condição de fazer o que devíamos, se estivéssemos por querer em casa. O ar tá preocupante, todos se envolvem com tudo, o medo está no ar e a preocupação também, então como criar, como concentrar em várias horas.
No sono, a dor aparece e te contamina, te faz acordar e tentar sair dela, às vezes ineficaz a saída e acordamos pior, cansados, exaustos, desgastados.
E ainda mais, não bastava a questão viral temos ainda a política, que porra, seria pedir muito para o tal homem que nos governa ser um pouco mais gente, sem ser um imbecil de plantão. Se não pode ajudar, se não pode acalentar os corações assustados do povo, pelo menos se cale.
Entretanto o mal não descansa, ele é vigilante e segue no seu percurso fazendo o que mais sabe, maldades, insegurança, divergência.
Queria ter uma bola de cristal para entender a quem atendem esses indivíduos, a qual patrão, a qual interesse maior, que o de vida da própria humanidade.
Penso que o grande imperialista caiu, tornou-se o centro de todo do mal invisível, mas ele não me causa arrepio, tem dinheiro para comprar tudo que existe, o que me causa arrepio e dor é pensar naqueles em condições mínimas de sobrevivência, como será que estão? Quem fala? Como está a Africa? Como estamos nós de verdade nos confins mais aterrorizantes, nos quartos lotados, nos mangues, nas ruas.
Somente reflexões para tentar não pensar e esperar, esperar, esperar.
No entanto, essa expectativa de futuro não sabemos quando será. Ainda não atingimos a curva e depois dela não temos ideia do que nós seremos.
Tentamos a todo custo retardar nosso momento, nossos sentimentos mais profundos de medo, angústia, sensação de ineficiência diante de um monstro que não podemos ver. Esse ainda pior que aqueles que nosso inconsciente produz ao longo da vida.
O que ele nos sugere não temos ainda condições de saber. Estamos em casa, respeitamos às leis vigentes dos homens sãos, não a dos loucos de plantão. Respeitamos e seguimos às determinações, mas não temos condições de fazer mais, a não ser esperar.
Não temos competência para ir a linha de frente, cuidamos dos nossos que necessitam cuidados, saímos para trazer o que se precisa para ficar em casa.
Mas ao contrário do que podíamos pensar, ficar em casa não significa que temos também condição de fazer o que devíamos, se estivéssemos por querer em casa. O ar tá preocupante, todos se envolvem com tudo, o medo está no ar e a preocupação também, então como criar, como concentrar em várias horas.
No sono, a dor aparece e te contamina, te faz acordar e tentar sair dela, às vezes ineficaz a saída e acordamos pior, cansados, exaustos, desgastados.
E ainda mais, não bastava a questão viral temos ainda a política, que porra, seria pedir muito para o tal homem que nos governa ser um pouco mais gente, sem ser um imbecil de plantão. Se não pode ajudar, se não pode acalentar os corações assustados do povo, pelo menos se cale.
Entretanto o mal não descansa, ele é vigilante e segue no seu percurso fazendo o que mais sabe, maldades, insegurança, divergência.
Queria ter uma bola de cristal para entender a quem atendem esses indivíduos, a qual patrão, a qual interesse maior, que o de vida da própria humanidade.
Penso que o grande imperialista caiu, tornou-se o centro de todo do mal invisível, mas ele não me causa arrepio, tem dinheiro para comprar tudo que existe, o que me causa arrepio e dor é pensar naqueles em condições mínimas de sobrevivência, como será que estão? Quem fala? Como está a Africa? Como estamos nós de verdade nos confins mais aterrorizantes, nos quartos lotados, nos mangues, nas ruas.
Somente reflexões para tentar não pensar e esperar, esperar, esperar.
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