Ouvir as mesmas conversas,
Sentir os mesmos sentimentos, que não sei identificar, se são de dor ,de raiva, de falta de entendimento da vida.
Não escrevo na alegria,
Na paz, no pleno amor,
Nesses momentos eu contemplo a sensação de estar ali.
Não são produtivos, pois a contemplação não exige trabalho de esmiuçamento da alma.
Ao contrário é diferente,
Escrevo no momento do absurdo desconexo de emoções.
De dores e desafetos,
Da ausência de entendimento do mundo e de mim.
Quando não sei se caso ou compro uma bicicleta.
Para o filósofo, a crise é que era produtora de desenvolvimento, assim como a guerra.
Talvez por isso, por querer estar nesse inferno de elocubrações, é que eu ainda me permita estar assim na angústia de pensar em certas coisas, que já deviam ter sucumbido na masmorra do pensamento.
Mas elas não foram, não morreram, e eu pensei que tivessem.
Dizer para mim mesma, eu errei, eu me confundi, é me revelar para mim. Jamais superei a situação. Alimentei todo tempo, algo que eu mesmo escondia de mim, que eu tinha e tenho vergonha.
Crítica comigo mesma, fui incapaz de fugir de mim. E eu mesma velei o que sentia.
Vi na rede um pequeno poema de Pessoa dizendo que fugiu de si mesmo. E o poeta como sempre fingidor. Tanto não fugiu que criou outros eus, para ainda ficar mais dentro.
O poeta não olha para fora, tudo vem de dentro . O olhar para fora sempre remete ao dentro e a angústia de não saber.
Só os l sadios dizem que se entendem. Eu por mim sou louca de pedra. Sempre fui. Jamais na vida achei possível entender meu querer. Querer de verdade alguém.
Sempre a mistura do querer e o não querer.
Quem sou, não me disseram.
Quem amei também não sei.
Tentando saber escrevendo livros, que desvendam para mim o que sinto.
Não sei, acho que nunca vou saber.
Sinto que controle nunca tive, talvez jamais tenha. E o objeto do meu descontrole temeu nunca conseguir me controlar, por isso de novo fugiu.
Ele sim, foge o tempo todo de dentro de si.
Eu não, queria apenas os momentos . Talvez para não enfrentar a dor de ve-lo sempre fugir. Fugiu antes, temeu que fosse eu a fugir.
Talvez como a mim, também eu nunca saiba de verdade quem ele é. Pois que se ele mesmo não sabe, como eu saberei.
E sigo, tem vez que em 2 dias passa. Outras demora mais.
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