segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

No meu deserto








Fico  pensando em qual dos  desertos me insiro.   E  se    certas dores me são  boas  exatamente para  fazer o que agora faço, transcrever os  sentimentos, dar-lhes palavras que os constituam com a chancela de ser  sentimento.

Meu deserto é diverso do teu. Aliás você desconhece o deserto  porque não tolera nem de longe  vê-lo quanto mais  senti-lo.  E se não o sente não entende o que eu digo. Não falo de  dor no deserto, falo do quanto a sua aridez pode ser benéfica para eu entendê-lo.

 No meu  deserto eu aprendi a ver o que não via. Acho que  finalmente consegui entender  aquela pessoa que se sente no  deserto que não é como o meu, porque  ao contrário de  mim ela  fala, fala, fala, aí nada sobra para a escrita.

Então, mais uma  fase  da heroína.  Não sei dizer em que  fase estava.

Sete anos, parece  cabalístico   esse todo de ano.  Passou tão rápido,  com  um  recaída  esquisita. Que  não foi bem  recaída.  Foi como que um tropeço em um processo de  luto, que  não  foi bem elaborado.  E  o mais engraçado nisso tudo, é que sem falar para ninguém e para mim mesmo, tudo parece dentro da mesma estrutura no conjunto do sentir.

Eu reconheci que me deixei levar de novo.  Não sei dizer não. Não sei me impor, não sei nada.  Não digo que sou vazia, sou cheia. Mas não entendo. Nossa interpretação é o que percebemos do outro e não ele propriamente dito.       

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