Fico pensando em qual dos desertos me insiro. E se certas dores me são boas exatamente para fazer o que agora faço, transcrever os sentimentos, dar-lhes palavras que os constituam com a chancela de ser sentimento.
Meu deserto é diverso do teu. Aliás você desconhece o deserto porque não tolera nem de longe vê-lo quanto mais senti-lo. E se não o sente não entende o que eu digo. Não falo de dor no deserto, falo do quanto a sua aridez pode ser benéfica para eu entendê-lo.
No meu deserto eu aprendi a ver o que não via. Acho que finalmente consegui entender aquela pessoa que se sente no deserto que não é como o meu, porque ao contrário de mim ela fala, fala, fala, aí nada sobra para a escrita.
Então, mais uma fase da heroína. Não sei dizer em que fase estava.
Sete anos, parece cabalístico esse todo de ano. Passou tão rápido, com um recaída esquisita. Que não foi bem recaída. Foi como que um tropeço em um processo de luto, que não foi bem elaborado. E o mais engraçado nisso tudo, é que sem falar para ninguém e para mim mesmo, tudo parece dentro da mesma estrutura no conjunto do sentir.
Eu reconheci que me deixei levar de novo. Não sei dizer não. Não sei me impor, não sei nada. Não digo que sou vazia, sou cheia. Mas não entendo. Nossa interpretação é o que percebemos do outro e não ele propriamente dito.
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