Vamos fugir,
ninguém precisa saber, vamos
para uma ilha grega, trabalhar num
hostel para pagar a acomodação e a alimentação pelo Workaway, depois para uma fazenda na Itália e ainda depois
para a Inglaterra e finalmente Portugal, a passagem a gente resolve, precisa ter passaporte, mas
isso é fácil, agenda num lugar tranquilo. As passagens eu resolvo e a vida a gente inventa. Lá haverá um tobogã pra
gente escorregar, vamos brigar
certamente, mas vamos falar qualquer
idioma que der, qualquer coisa que puder.
Não temos o que preparar a não
ser que nos aceitem em tempo para seis meses, e que
nos aceitemos para seis meses, e
se nada der, voltaremos e cada um segue
seu rumo.
Fato é que naquele
dia eu tive curiosidade. Ali estava escrito,
vamos fugir? a pergunta me chamou
ainda mais atenção. Como
assim? Isso é verdadeiro ou falso? Alguém já havia me proposto aquilo?
Era 10 da manhã
quando abri meu e-mail, coisa que não costumava
muito fazer, já que todos que comigo falavam tinham Wat zap ou msn. Mas naquele dia eu abri. Ali vi uma carta,
achei estranho o remetente. Era quem eu não queria que fosse. Afinal, já tinha
passado tanto tempo daquele término e incomodava-me receber cartas que me
lembrassem o passado. A última tinha
sido há uns meses, mas eu sequer tive
coragem ou saco de ler, sempre o mesmo
reme e reme. Mas eu respeito, cada um
tem seu processo de cura e eu realmente
achava que tudo tinha sido desgastado, tanto que eu já vivia com outra pessoa.
Entretanto, aquela não era uma carta comum, era um convite que não podia ser falado com ninguém, muito menos com quem me
rodeava. Eu parei e li, pensei, pensei. Julguei uma brincadeira boba, um
exercício lúdico que estava alguém fazendo comigo. Mas por que?
Passei dias com
aquilo na cabeça sem comentar com ninguém.
Até que tomei coragem e
perguntei com uma única pergunta. “É sério?”. E mandei.
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