domingo, 28 de janeiro de 2018

E de repente ... 2 filmes






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O filme antigo" Eu sei que vou te amar" do Jabour tem uma cena que  os personagens discutem sobre o amor, ops,  o filme é todo isso.  Mas nessa cena eles falam do dia em que de repente um deixa de amar. Acorda de manhã e pensa :pô não amo mais fulano,ciclano, beltrano, como se fosse assim possível na vida real.
Pode até ser que seja para algumas pessoas.  Mas na maioria das vezes é um processo.
Mas o que é importante  nesse caso é entender o processo,como eu vou me movimentando diante da pessoa que julgo amar . E me pergunto o que é o amor que leva a querer somar as vidas?  Ou dividir o pão, talvez mais apropriado ?  Ou não?  Se cada um tem o seu, o mais correto seria somar.
Cada vivência quando se juntam somam e se complementam. Aprende-se junto, da-se força ao outro e eles viram cúmplices. 
A cumplicidade, na minha opinião, é a maior representante de uma relação.
Ser cúmplice na relação é sentir que se tem afinidades com o outro e mais que isso é compartilhar coisas,  ideais e conceitos.  Não digo com isso que ser cúmplice seria pensar tudo igual.  Não é isso.  É além disso, é apesar das diferenças que todos temos.
Hoje  senti saudades dessa cumplicidade.  Sinto agora e penso em como  nos fazemos  agir por contingências espaço temporais. Como somos filhos e produtos dessas mesmas contingências.
Não sei se acredito que tudo foi possível de acabar como num sopro de vela.  Todavia preciso aprender a pensar assim.  Sentir saudade faz parte do processo.  Na verdade, é mesmo a saudade um sentimento muito cultivado por mim especialmente. Hoje tenho mais noção disso que ontem. Muitas vezes o  grau de  expectativa era tão grande que  quando a coisa de fato não acontecia eu morria de saudade do que esperei e que não houve. Fala sério, não tem cabimento e é o que nos faz sofrer. A falta de presentificação e a expectativa. São as causas de frustrações.
Mas viver é aprender, mais uma vez  vamos vendo com  mais nitidez o que faz essa frustração. 
Sem remoer vamos nos desligando dela e vai rápido, pois a consciência é mais clara com a idade.
Nada mais é impossível e tão trágico que não passe com o tempo. Tudo passa e melhor que seja com mais consciência.
No filme Agnes Varda,88, "Visage villages",  vemos ali a lúcida velhinha  em seu projeto de criação. Junto com  o fotografo JR, ela que também foi fotógrafa constrói uma narrativa  fílmica livre, poética, registro sim, mas devidamente costurado no final para não ser chato.
O acaso talvez seja a grande pegada, pois chegavam nos lugares para ali descobrir quem seria fotografado e  reproduzido e colado no lugar escolhido na hora. 
Pequenos vilarejos na França, na Normandia.  Lugares escolhidos para intervenções com pessoas e fotos. Muito bonito e sutil, a arte impermanente, que se vai com a chuva, com o tempo. Não fica musealizada, ou fica se dela tiramos uma foto e levarmos para o museu. Foto da arte, foto registro.
A sociedade do registro do olhar, da visibilidade e sua exposição. Fotografamos mais que vemos. Isso é fato,já devem estar explicando porque precisamos tanto de selfs .  Não sei por que, mas a questão é que entramos no mecanismo alguma hora.  
Fico pensando se nossas memórias guardarão tudo de toda foto que fazemos. Tá na cara que não.
Vou escrever sobre a memória,  as cidades e tudo que nos envolve. 


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