Mexer em livros e baús faz também certos estragos. Mas nunca me furtei a passar por isso. No entanto, com o tempo, talvez fiquemos mais emotivos e vulneráveis.
Tudo tem a ver e nada tem também.
Meu momento me pertence, tenho a sensação de estar numa roda viva, sem férias, como se o mês de julho tivesse passado como um furacão. Forte e sem sentido que me baste para não entender todo movimento que se deu.
Tudo me parece estranho, até meio tonta tenho estado. Estudo numa tentativa de arrumar a casa e dar um rumo um pouco mais fixo para o contexto.
Sempre o contexto, o que não está muito visível aos olhos límpidos e distanciados.
De perto ninguém é normal, repito tal frase ao longo dos anos. Ninguém mesmo, muito menos eu.
O que lemos do mundo é como nós o sentimos. E nossas ações também são assim. Sem razão, sem coesão e muito menos coerência.
Quando diziam que Clarice era e esquisita, era apenas a ponta do iceberg, põe esquisita nisso. Todos somos, e minha passagem pela Psicologia vinte anos depois me fez ver que vivemos mesmo o tempo de esquisitices. Ou tudo sempre foi assim e eu é que não via ao viver no meu mundo cor de azul. Nunca gostei de rosa, tenho hoje uma tolerância maior, mas ainda me estranho com a cor.
Vou indo assim, analisando todas as formas.
Talvez ainda escreva um livro esse ano. Porque é assim, preciso escrever um livro sobre uma personagem mulher em suas divagações na caminhada solitária. Um contraste com outros que só caminham junto com alguém. Não é que a personagem será egoísta. Não, ela não será, pelo contrário, mas ela sabe, entendeu desde muito cedo, que para ir ver o mundo teria que ir só, pois que todo mundo que um dia se propôs a ir furou com ela. Ou seja, todos sempre tinham outras prioridades e desejos, ou nunca conseguiram se organizar para ir ver o mundo do lado de fora de seu próprio umbigo.
E hoje, tudo tão uniformizado. Tudo tão no mesmo padrão, que não existe mais o que se queira ver.
E assim começa o texto por um lado, desvia, faz a primeira curva e vai para outras paragens.
Nunca fica deserto, ou fica um deserto como o do atacama, onde por debaixo tem rotas e marcas na areia que lembram onde os povos arcaicos passavam guiados pelas estrelas.
Talvez tenhamos perdido esse dom ou o saber nos guiarmos pelas estrelas, talvez com isso tenhamos perdido muita coisa que não sei bem o que era, mas que numa segunda metade de vida poderia fazer muito sentido.
Não, não fumei e nem bebi, sou eu sendo eu mesmo.
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