sábado, 31 de agosto de 2024

O esquisito da vida

Em português esquisito, aquilo que é estranho, que não dá para definir, que não encontra  paradigma. 
Me disseram hoje,  gostaram muito do seu trabalho.   Você é inteligente. Achei interessante. Quem não gosta de escutar isso. Mas ele com a intimidade que temos completou,  fica desse jeito ainda mais difícil de encontrar  alguém, ou melhor,  um homem que se  consiga lidar com isso.  _ De fato respondi a ele, os que  tentam lidam mal, o machismo é estrutural.   Eles te admiram como a um bibelô, babam, até arriscam um pouco mais, chegam na cama, gostam. Mas a estrutura internalizada em suas mentes não os deixam ir adiante.  Eles tropeçam . Aí se sentem inferiorizados e buscam  imediatamente algo  que possam controlar,  que possam as vezes manipular, alguém que fique babando quando eles falam qualquer coisa.  E olha que eu respeito as insanidades e devaneios  alheios.  Vejo que a questão não é o outro, são eles mesmos que  inventam narrativas para fugir  que não sabem  dividir tolerar,além de serem  machistas são egoístas ao extremo  mimados por suas mães e irmãs.  Esses que não se acham não conseguem lidar  com mulheres livres, independentes inteligentes.
Oxalá a próxima geração melhore, já está na hora.

A moira

Ninguém foge dela, muito menos eu,narrador  compulsivo em uma  manhã de inverno. Saindo para caminhar e manter em dia a adrenalina, eis que  no meio no caminho topo com um fantasma de mãos dadas com outro. Eu vinha embalado, de hora e meia de sobe e desce de montanha.  Não poderia supor que fantasma caminhasse ainda pela  manhã. Um pouco distante, achei que a energia tinha ficado  um pouco pesada mas não me importei.   Afinal fantasmas gostam de amedrontar, embora sejam eles os medrosos. Segui o caminho, quando a energia  ficou ainda pior eu olhei para direita onde a mata reluzia e a energia melhorou.  Ou seja,  nem vi quando passou. Fingi demência cognitiva.  
 
 


Da janela

Não é  da janela lateral, mas da frente que vejo um grande hotel que foi sem ter sido,  ser demolido.
O vazio que se mostra  não simboliza  nada, pois como disse,  não foi nada.  Não é o vazio de um memorial, como dessas cidades que viveram a guerra.  É apenas um vazio temporário de onde se vê nitidamente o prédio da outra rua com suas janelas laterais.  Algumas acesas outras apagadas. A maioria fica apagada e fechada. Talvez por causa da poeira da demolição.  Entretanto,para os moradores que lá vivem deve ser  bonito ver esse prédio antigo, de construção de inspiração alemã  do início do século xx , pela janela. Antes esses moradores não tinham vista, nem sol, especialmente os andares mais  baixos. Hoje eles não só tem o sol da manhã que aquece os apartamentos como a vista livre.
A Cidade cresce,crescem os prédios, cresce a população. Aos poucos a mata vai sendo escondida pelo concreto  e nós  que viemos para ver o verde somos  sacrificados.
Todavia para um voyer a imagem é boa.  Parece que estamos num filme de Hitchcock, "Um corpo que cai" a bisbilhotar  a vida alheia. Só espero que um corpo não caia. Mas uma boa cena viria a calhar.
 

sábado, 10 de agosto de 2024

Feridas inflamadas

Feridas  as vezes  demoram a cicatrizar. O melhor a fazer é não passar a mão, não cutucar, não olhar.
Mexer  em livros e  baús   faz  também certos estragos.  Mas nunca me furtei a passar  por isso. No entanto, com  o tempo,  talvez  fiquemos mais  emotivos e vulneráveis.
Tudo  tem a ver e nada tem também.  
Meu momento me pertence, tenho a sensação de estar numa  roda viva, sem férias, como se o mês de julho tivesse  passado como um  furacão. Forte e sem sentido que  me baste para não entender todo movimento que  se  deu.
Tudo me parece estranho,  até meio tonta  tenho estado. Estudo numa tentativa de  arrumar a  casa e  dar um rumo um pouco mais fixo para  o contexto.
 Sempre  o contexto, o que  não está  muito visível  aos olhos  límpidos e distanciados.
De perto ninguém  é normal, repito tal frase ao longo dos  anos. Ninguém  mesmo, muito menos eu.
O que lemos  do mundo é como  nós  o sentimos. E nossas  ações também são  assim. Sem razão, sem  coesão e muito menos  coerência.
Quando  diziam que  Clarice era e esquisita,  era  apenas a ponta  do iceberg, põe  esquisita  nisso. Todos  somos, e  minha passagem pela  Psicologia  vinte anos  depois me fez ver que   vivemos  mesmo o tempo de esquisitices. Ou  tudo sempre  foi assim e  eu é que não via ao viver no meu mundo cor de azul. Nunca  gostei de  rosa,  tenho  hoje  uma tolerância  maior, mas  ainda me estranho com a  cor.
Vou indo assim,   analisando todas as formas.
Talvez  ainda  escreva  um livro esse ano. Porque é assim,  preciso escrever  um livro sobre uma  personagem  mulher em suas   divagações  na caminhada solitária. Um contraste com outros que  só  caminham junto com alguém. Não é que a personagem será  egoísta. Não, ela  não será, pelo contrário, mas  ela  sabe, entendeu desde muito cedo, que  para ir ver o mundo teria que ir só, pois que  todo mundo que um dia se propôs a ir furou com ela. Ou seja,  todos  sempre   tinham outras  prioridades e   desejos, ou  nunca  conseguiram se  organizar para ir ver o  mundo do lado de  fora  de seu próprio umbigo.
E hoje,  tudo tão   uniformizado. Tudo tão no mesmo padrão, que não existe mais o que  se queira ver.
E assim  começa o texto por um lado, desvia, faz a primeira curva e  vai para outras paragens.    
Nunca    fica  deserto,  ou fica um deserto  como o do atacama, onde por debaixo tem rotas e marcas na areia que   lembram  onde os povos arcaicos  passavam guiados pelas estrelas.
Talvez  tenhamos  perdido esse dom ou o  saber  nos guiarmos pelas  estrelas, talvez  com isso  tenhamos perdido muita coisa que não sei bem o que  era, mas  que numa segunda metade de  vida poderia fazer muito sentido.
Não, não fumei e nem bebi, sou eu sendo eu mesmo. 
    

quarta-feira, 7 de agosto de 2024

O esquisito da vida

As vezes me parece estranho  essa coisa  do fim de semana e ter ou não que sair, que ver que estar.

Dá e passa...

Muita coisa dá e passa, coceira, espirro,   coisas fisiológicas, será que saudade também ?
Num impulso de romantismo  a personagem se pega pensando na possibilidade de  tudo ser mais uma etapa, igual a tudo que já foi. Mas uma história de amor da vida toda resgatada do caderninho das exs.  São tantas exs, de tanto tempo, de tanta imaturidade . Mas pode também não ser, vai que de fato a história vinga , e de fato é o amor. Vai saber!!
Dizem que  amor é muito diferente dessa paixão que o personagem que tem o caderninho exalta.
Essa paixão, estar apaixonado move um instinto,  ligado talvez a uma série de hormônios que ativam sensações de todo tipo. Não se pensa muito com a cabeça é o corpo envolvido naquele  estágio de  topor onde não se pensa muito em nada a não ser no ser amoroso. Se esse estágio não é vivido até o fim, digo, se é interrompido por algum motivo fica a sensação de que poderia ser. Romeu e Julieta e outros exemplificam.  Sim porque se é vivido de verdade, acaba passando.   Não se fica  nesse torpor eternamente.  O amor precisa de algo calmo,  de identificação, admiração,  química, também. 
Mas passa, a saudade passa, o medo, o amor também.
A personagem queria  entender porque  ela foi assolada com esse sentimento.
 Ela sabe o que acontece, mas não procura mais. Não quer sofrer, não quer que doa mais, precisa ir adiante, precisa deixar partir de verdade, para ela mesmo se libertar.  E chegar  ao sentimento de  indiferença, é o que vai mostrar  que de fato fechou.
Não dá mais para ela sustentar isso.  Foi o que foi, mas se a pessoa  acha que amor é só a paixão, não tem como  interferir. Só a maturidade dirá.Mas quando? A personagem precisa se libertar.... Ela que não sabe o que sente, já tá aceitando que ficou parada, amando sozinha.  Não apaixonada,   amando, e confessou para si mesmo isso.   Não, não posso querer isso que quero ela se enganava.  Dizia que não queria, mas quando o per.sonagem a puxou ela foi.  Ela voltou, ela cismou,  mas porque ele foi buscar a ex do caderninho?   Será que teve medo? será que não confiava  nela? Será que se  pegou envolvido de novo e fugiu?  Sim, porque para romper suas amarras ele  tentava se soltar da razão. Ela sabia  que era demais para ele.  Mas que tipo de outros sentimentos envolviam os dois.  O personagem dizia ter que saber onde  estava pisando,  ter que competir,  ter que controlar.  Só depois da nova fuga a personagem se tocou. Mas pode ser tudo diferente.
Fim