sexta-feira, 3 de agosto de 2018

O descarte

Atenta a  quase tudo Maria ouve, escuta, racionaliza tudo e segue. MAS as  emoções nem sempre a deixam ir em paz e vira e mexe ela revive as angústias de um passado recente.
Maria sabe que é preciso largar o velho para o novo surgir. Movimentar as energias  para elas  fluirem e ela faz, mas se debate com algumas situações que a fazem retroceder.
Maria   acha que limpar a gaveta é bom, todavia tem objetos que não são tão simples de se desfazer. Ela tenta, tenta, tenta , mas  eles insistem em ficar e além de ficar ainda lhe causam prejuízo. Seria tão fácil se fosse algo levinho, algo que não  necessitasse  de manutenção, de vigilância, de calafetação, fácil seria se pudesse abrir a lixeira e jogar, mas ali está um passado recente que insiste em torturar Maria. Como jogar no lixo algo tão caro em valor nos dias de hoje, seria jogar no lixo toda uma vida de trabalho, um montante   que hoje e não tem como recuperar. Hoje seu trabalho não rende igual, está quase sendo mandada embora, não ganha suficiente para se manter e tudo que ganha  tem que colocar no objeto para que ele não pereça.
Que pode fazer, Maria pergunta.
Ela busca alternativas. Sabe que diante desse  fato só resta esperar. Sabe também que sua sede de ajudar resultou  nessa complexidade. A pessoa que ela ajudou a deixou achando que fazia o bem para Maria  e para ela própria. Foi tão egoísta que jamais teve coragem de perguntar a Maria se precisava de ajuda para resolver os problemas que deixou.
A pessoa que teve parceria de Maria não soube ser parceira . A abandonou olhando apenas a si mesmo.
Mas a vida dá volta. Qual sossego ela vai ter enquanto Maria estiver penando para resolver o descaso de quem ela ajudou.
O eterno retorno das coisas.  Deixar ir é fácil , por inúmeras vezes Maria falou. Mas não foi ouvida, a ela não foi dada atenção.
Doenças existem e se não tratadas persistem. MAS é preciso que ao abrir a gaveta do passado para deixá-lo ir tenhamos a consciência do que de fato fizemos , para ele não voltar e nos maltratar.  Porque ele volta e  a dor que provoca é   sem remédio.
Maria tem pena, queria que a pessoa ficasse bem e isso seria que ela tivesse z consciência de tudo é não apenas se eximisse de tudo.
Deixa ir, Maria  roga aos céus por favor leve de mim esse passado.

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