Jurou para si mesmo que aquela seria a última coisa que escreveria ao seu amor.
Passados muitos meses, talvez tivesse enfim a constatação de que, como tudo, também o amor deveria acabar.
Acabar com o apego, com a vontade de recuperar o tempo perdido e todas as promessas abortadas desde o primeiro encontro.
Tudo que ficou por ser feito depois que o resto desse certo. Era o que ele dizia, era o que ela esperava. Eram essas as questões que agora habitavam sua mente sem deixá-la parar.
Agora ela dizia, num último risco de papel de verdade , a moda antiga, tudo que era para ser dito olho no olho.
Não, ela não queria cobrar dele o que ele não podia dar. Ela queria apenas deixar para ele uma lembrança, uma materialidade de que ela tentou. Talvez para ele dizer aos netos, quando bem velhinho estivesse que ela foi quem mais o amou do jeito que ele mesmo não entendia, já que talvez não se julgasse digno disso.
Esse risco de papel seria também para ela o fim de um ciclo, várias vezes percorrido em sua vida. Jamais entendido,mas percorrido.
Dizia ela que eles agora estavam empatados, quites.
Ela uma vez terminou uma relação com ele esperando ele a procurar. Eram jovens . A vida começava. Experimentou muitas outras coisas depois dele, mas lhe faltou tato para entender o que ela mesmo esperava do amor. E só quebrou a cabeça em relações que a fizeram sofrer, porque esperava do amor somente aquilo que ele não podia dar.
Ele que dissera que havia respeitado a vontade dela quando eram jovens. Posteriormente, quando a procurou na maturidade para enfim viverem o amor, ele não estava bem e agora pedia para ela partir, para deixá-lo em paz se ainda o amava.
Como ele, na juventude, ela obedeceu o que ele disse.
Entretanto, depois de meses separados ela se arrisca a ter dúvida. Será que de fato era para ela te respeitado a fala dele?
Ela acha que não era. Ele não estava bem e sempre que se sentia pressionado falava aquilo como última cartada para talvez acabar a discussão, pois ele mesmo nunca bancou o que dizia.
Mas dessa última vez tudo foi exacerbado. O esgotamento emocional de ambos os levou ao métron, a medida última .
Ela explicou a ele porque se segurou. Ele não entendeu.
O que ela quer disso tudo ela não sabe .
O que ele quer? Também ela não sabe, mas aos olhos ele não quer mais nada, seus sinais não existem,pois silenciou, talvez tenha virado mesmo a página e ela lhe seja indiferente agora.
Uma vez ela falou algo rapidamente , não pediu diretamente para ele rever a decisão, mas ele respondeu que estava deixando ela viver e que estava muito bem. Ela então resolveu sumir.
Mas talvez ele queira que ela lhe peça para voltar como ele já fez. Assim ficariam quites. Ou ele espera ela para justamente negar o pedido.
Ela talvez o pedisse quando encontrasse com ele.
Mas tem medo de ficar mal depois. Ela acha que ele ainda se sente culpado, que sua vida não deslanchou por isso ele a quer longe. E o tempo vai passando, sedimentando as camadas da vida, colocando terra sobre todos os sentimentos , até que chegará a hora em que olhará e não verão mais o vestígio um do outro. Talvez ele faça isso mais rápido que Ela, talvez já tenha feito, pois está mais acostumado nesse processo. Ela sabe que também fará, quando todas as esperanças se forem, quando tiver tentando tudo o que podia. Para ela a esperança da saúde plena seria o antídoto. Mas ela sabe que isso é quase impossível.
Blog que traz um pouco de reflexão sobre o momento em que vivemos. Um pouco de riso, um pouco de dor, um pouco de expressão. Também tem alguns textos já publicados em outros lugares. Aproveite a leitura, deixe seu comentário e compartilhe.
quarta-feira, 29 de agosto de 2018
A moda antiga
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