sábado, 25 de agosto de 2018

Sei lá, mil coisas...

Dançar a vida, movimentos de círculo que vão e vêm, que se entrelaçam como um 8. Nome de um livro de um escritor francês.
Retomar  questões, possibilidades. Contar  mil vezes a mesma história para si mesmo descobrindo nela as nuances perdidas que fizeram você estacionar.
Memórias e lembranças.
Livro emprestado que precisa ser recuperado que trata das sensações, um romance que traz a tona as possibilidades de entendimento da própria vida.

Maria virou -se para ele e falou como quem despeja o último suspiro de raiva e amor incontido ,"eu te protegi e você me abandonou".
" Protegi de todas as formas, para você sofrer menos, para não ser covarde e fugir outra vez, mas não adiantou,  você  saiu como fez todas as vezes em sua vida diante de qualquer problema, fugiu e largou para trás o rastro para outros resolverem, eu".
Ela, não estava  nervosa, estava equilibrada como se uma luz cálida estivesse sobre ela.
A certeza de ter entendido as coisas a fez  calma.
Continuava seu discurso engasgado na garganta fazia tempo.
" Eu sabia que você estava doente,  avisei a todos sobre isso 3 meses antes, chamei sua atenção vários meses antes,  dei -te remédio, florais que te fizeram suportar um pouco mais. Não a mim, mas às adversidades que foram chegando."
" as dores foram ficando insuportáveis, você bebia, bebia, bebia..."
" Até  que  tudo parou e vc parou , mas não buscou ajuda,  intolerante, agressivo, inconformado e  ainda prepotente. Não aceitava a doença, mesmo depois da perda de controle, e dizia que se tratava porque eu pedia ,e comigo só piorava".
" Acusou a mim por tudo, sem saber do meu esforço para proteger-te,  depois envergonhou-se , mas continuou prepotente.
" Por fim, não aguentou,  não teve mais coragem e fez o que ameaçou fazer sempre, foi embora sem olhar para trás, como sempre fez. Deixou para eu resolver tudo que estava pendente , que fora por você criado.
Jamais perguntou se eu  precisava de apoio moral, pelo menos.
Jamais perguntou se eu estava bem.
Se  você estava bem como dizia estar , como foi tão frio?  " Maria perguntou.
A mente dela clareava-se cada vez mais.
" Se um dia tiveres de verdade  consciência do que fez,  dizendo que amava abandonar sem qualquer apoio, vais ficar ainda mais  dolorido,   se fores inconsequente nunca mais lembrará. Jogará sob o tapete e tudo ficará lá até a próxima topada ".
" Talvez  sua percepção doentia tenha te dito   que   você  ter ido  era o melhor para mim ,  dentro do discurso de ser vc o problema, mas essa percepção foi errada, egoísta e omissa. Nunca disse que você era problema,  o problema era o que você se omitia de fazer, o problema era toda promessa que fez e não cumpriu,  foi o que você deixou para eu resolver  sem me apoiar, deixando-me sozinha tendo que pedir a outros que nada tinham coma história para me socorrer."
" Ainda tentou ser vítima  de todos, como se tivesse razão em ficar magoado comigo,  eu que só fiz o que você pediu, inclusive te deixar ir."

Maria olhava para ele e via ali alguém que teve tudo e  se perdeu. Mas não aceitava que  tinha se perdido para poder se reencontrar. 
Fazia tempo que ela não o via. Ela achava que um dia aquela conversa sairia de dentro dela. Era preciso perdoar,  ela precisava , ele precisava . Ela precisava que ele dissesse, e talvez ele precisasse dizer.
Não queria que ficasse para frente sem passar a limpo aqui tamanha questão.



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