Blog que traz um pouco de reflexão sobre o momento em que vivemos. Um pouco de riso, um pouco de dor, um pouco de expressão. Também tem alguns textos já publicados em outros lugares. Aproveite a leitura, deixe seu comentário e compartilhe.
sábado, 9 de agosto de 2025
uma foto velha e uma dor
sexta-feira, 27 de junho de 2025
A luta continua
segunda-feira, 19 de maio de 2025
Mil imagens e nenhum pensamento

Muda aqui, muda ali, muda fora e não muda dentro. Nossa vida é mudança o tempo todo. Não sei se quem muito muda na foto, muda por dentro, ou se por dentro tudo permanece cristalizado em convicções que se tornaram cláusulas pétrias da existência.
Cristais do tempo é tudo em que nossos sentimentos viram com o tempo. Me faz pensar que uma história que contamos para nós mesmos tantas vezes acabam virando nosso pensamento de verdade se não os questionamos.
Vi hoje uma foto de uma mudança cotidiana, semanal, mensal. Sem esquecer que vivemos na sociedade da imagem e que todas que postamos devem gerar engajamentos , pergunto-me porque alguém tanto muda de cara. O que quer dizer mudar todo dia a foto do endereço para comunicações breves dos dias de hoje. Talvez não ser reconhecido, ou talvez ser interpelado pela mudança. Se queria provocar alguém já o fez, já rendeu a crônica do dia, pois que cronos está sempre atento às transformações.
Cronos esse que não para, que entra porta adentro de nossa casa a dizer, "tô passando, tô passando e você tá aí parada esperando o que?" Eu respondo que não sei. Que não tenho, e de fato não tenho, mais força para as coisas do coração. Não me importo de estar só. Só tenho medo de assim estar por esperar e não por plena convicção, por sentir.
O dia passa, o tempo passa, lá se vai a eternidade, a velhice chega e lá se vai a eternidade. Confundo-me com o que sinto que não sei quando vejo a imagem. Acho que me doi ainda, mas será que as imagens dizem algo ou são só imagens mostrando para quem está na imagem, que tudo é apenas imagem eternamente..
segunda-feira, 21 de abril de 2025
Ciao Papa Francisco!
Posteriormente a esse momento ainda estive num encontro do Papa e outros grupos, num salão onde ele recebe grupos de peregrinos de todo mundo. Fiquei na terceira fileira, pertinho, mas não fotografei ele, fiquei absorvida com as palavras e a emoção de novo tomou conta de mim. Ele benzeu todos os rosários que levei e ainda tenho aqui alguns que não presenteei.
Hoje por várias vezes me emocionei ao ver as reportagens sobre Francisco. De fato é um momento triste pois se perde uma voz pela paz no seu mais profundo sentido. Uma voz que aclamava pela justiça social, que falava diretamente o que deveria ser falado, que aceitava todos de maneira igual e que fez transformações onde podia.
Não deve ser fácil ser Papa e conviver com as mais diferentes posições e as divergências entre o que se é e o que se deve ser nessa posição. Todavia o discurso dele era sorridente, sem deixar de ser sério. Era profundo e desejava de fato a paz, a principal paz, aquela de espírito, quando se busca fazer o que é correto, quando se rebate o que ele rebatia sem subterfúgios, afinal alguém acha que é fácil minar o sistema de dentro deste. Foi isso, o combate é com palavras, é com os discursos que ele deixa e como ele via o seu semelhante. Vida eterna ao Papa Francisco!!
sábado, 12 de abril de 2025
Paciência
domingo, 6 de abril de 2025
Dia de chuva e de lasanha
A lasanha é um prato italiano que normalmente de faz para muita gente. Porque demanda muito trabalho e não é como uma pasta convencional que você faz um prato e acabou.
Faz-se o molho vermelho com passata italiana, o branco com noz moscada e a massa que eu comprei fora da cidade de uma marca que não vi nos supermercados daqui. Uma massa dura, mas que cozinha no molho, é finíssima , espero que boa.
Enfim passado o trabalho vai ao forno e esperamos o sabor final com o vinho.
Eu chamei a família, mas nem sempre é possível as pessoas se desenrolarem de seus problemas crônicos para saborear uma lasanha em minha casa.
Então comerei sozinha, porque confesso que aprendi muita coisa nesse contexto da solidão, que não é solidão.
Comer sozinha, cozinhar para mim é prazer, faço o que quero, abro o vinho se vou beber e desfruto da minha própria companhia, no domingo ou dia qualquer.
Não que ter outros me seja ruim, mas não ter também dá no mesmo.
Corrijo um texto de alguém que sofre de solidão, e vejo como a limitação é dolorida para as pessoas. A limitação física, nem conto, mas a psicológica é ainda pior. As pessoas não se tocam que se destroem e aos outros também. Chantagens emocionais estão no grupo da pior espécie e há que se ter cuidado, mesmo para sem querer, não faze-las.
Mãe são mestres nesse quesito. Vejo claro esse contexto no texto e na vida. Deve ser por ter parido se sentem nesse direito de exigência. Não pari, não sei da dor nem do prazer desse ato. Mas sei que as vezes elas extrapolam.
Mas a lasanha está no fogo, e já cheira. Eu queria marca-la nesse dia ímpar de estado de atenção na cidade e no Estado depois de tanta chuva. Já fiz outras, mas não só para mim. Para todos.
E a vida vai seguindo sem que tenhamos dela qualquer controle e apenas coragem para aceitar e mudar o que se pode Embora pouco se possa no sistema atual.
Acho que chega um momento em que tudo parece meio anestesiado e apenas esperamos o encaminhamento. Ganhar o mundo já não é nossa função, revolução não podemos fazer, sobreviver é o que fazemos. A diferença é se pensamos como ou não. Se rimos ou choramos com o que a moira, sempre ela, nos reserva. Eu não sei do amanhã, nem do profissional nem do emocional, vou, deixo a moira levar. Posso estar aqui ou em outro lugar, tanto faz, serei sempre eu. Porque talvez eu tenha me encontrado e tenha me permitido viver o que sou, essa miscelânia de desejos e vontades, essa cabeça que conjectura possibilidades e reflete, que não tem saco para alienação porque essa é pobre de espírito e isso me incomoda. Enfim esse ser que tem vontade de lasanha e vinho hoje.
quinta-feira, 20 de março de 2025
Esperar, esperar...
Sensação estranha, preciso esperar, não sei o que fazer. Ter o primeiro lugar em uma seleção não garante que o prêmio será seu. Pelo contrário, parece que inspira o olhar negativo dos outros. Quem fica feliz por você? Ninguém, todos ali querem suas vagas e pouco se importam se o direito do outro está sendo violado ou não.
A energia não foi boa, será que vale a pena sair de minha zona de conforto para um pouco mais de grana. Talvez não seja, e talvez aqui de fato não seja o meu lugar. Preciso ou não preciso? Vivo bem com o que já tenho? Talvez sim, pode entrar algo mais a frente.
Peso o sim e o não. Não me cabe sair atrás dos diretores com pires na mão para conseguir um lugar. Minha função é ir dar aula, não tenho culpa se eles não têm organização, se não têm profissionalismo, ou se não querem ter para tudo continuar do jeito que e está.
Burocratizam para dizer que há lisura no processo. Mas será mesmo que tem? Como alguém vai hoje, quando o dia de escolha foi ontem, de onde saiu ? Com qual aval?
Pois é, vivendo e aprendendo. Como sou otimista, seguirei o me disse meu amigo. Espera, que você já fez o que tinha que fazer.
sexta-feira, 14 de março de 2025
Roda viva
Lembrei-me da música do Chico Buarque . "Roda mundo , roda gigante, roda moinho , roda pião, a gente estancou de repente". Desde pequena ouvia aquele disco, um vinil de uma coleção comprada em banca de jornal. Eu colocava para ir lavar a louça. teve tempo que eu sabia de cor a letra. Hoje ouço pouco disco, exceto quando dirijo e sempre dirijo, O rádio sempre ligado nas músicas geralmente velhas a mover minhas emoções.
O que será o amanhã, como vai ser, não sei. Crio expectativas quanto a tudo, mas não às alimento. Especialmente ao trabalho. Quanto aos afetos, nem pretendo dizer. Se se busca distancia a terá.
Não sei se minha vida é uma novela mexicana ou turca, tamanho dramalhão, nunca assisti nenhuma dela, mas sei o que são. Na verdade não vejo nada. Nem filme, nem novela, apenas programa político de geopolítica, incrível mas não tem nada que me faça tão bem. O Pepe Escobar já é meu íntimo. Acho ele impetuoso e temperamental, mas só acho, não o conheço de fato.
Essa semana de escolhas, de teses, de avaliação do pode ser bom ou não. Mas se não for, aqui ou lá, ou em qualquer lugar, dou-me o direito de largar. Afinal para isso me montei, me organizei.
Vivo com pouco, desde que não queira atender aos impulsos consumistas. No mais, controlando como posso meus sentimentos e impulso vou vivendo um dia após o outro. E como disse hoje para meus alunos, chamando Guimarães Rosa comigo, o que a vida exige na gente é coragem para continuar indo, indo e indo até quando nunca sabemos, pois que a roda é mesmo viva.
Dia de paz e dias de luta
A luta com a a sua mente é a luta mais vã. Nessa luta sempre perdemos, pois se tem algo que não controlamos, isso é a nossa mente. Ela é um cavalo doido, que sai colina abaixo com a crina revolta tomando vento.
Ficamos então a mercê do vento que nos joga como a uma folha de papel, para um lado e outro, que nos agarra no mato e nos solta, que nos revira de ponta a cabeça sem explicação.
Controle não existe e quem diz que controla, mente descaradamente, se engana sabendo que está se enganando
Assim tenho vivido. Descubro que preciso controlar minha vontade e despista-la para o dia-a-dia. E assim fazendo tudo vai ficando mais longe do meu sentimento. O ditado é certo, o que os olhos não veem o coração não sente, exceto se a mente resolver lutar com você e te pregar peças aleatórias.
quarta-feira, 12 de março de 2025
O tempo parece que não para, mas ela parou
Decidiu que ia escrever um livro para aquele que a tinha abandonado. Chamaria "Cartas a". Queria isso porque já era tempo de se livrar de tudo aquilo. Embora tentasse há tantos anos fazê-lo, mais ou menos sete anos e meio, e ainda não tinha conseguido efetiva conclusão. Tanto tempo e pouco tempo. No decurso de tudo isso uma Pandemia me disse ela, o que fazia o tempo não ter uma clareza de passagem, mas passou. Ele, ela sabia, que havia se dado em vários outras relações.
Jamais ele deixou de procurar em várias bocas e corpos aquilo que tamparia seus vazios. Ela disse isso a ele. Mas tudo que vivera depois dela não tinha talvez o mesmo compromisso que agora, quando ele apresentava à família a pessoa da vez. Já teve casamento para rede social, mas para a família não tinha apresentado ninguém. Se isso significa amor eterno, compromisso e todo o resto, está então feito. Família Margarina na foto do perfil.
Mas as cartas dela não são de censura a ele. Não, ela acha que ele tá certo, porque com a carência que ele tem, não lhe restaria nada mais a fazer. Mas ela sabe que só agora entendeu a carência dele. Antes ela não sabia, ela não via. Pouco observadora e desligada. talvez pensando também no próprio umbigo.
Entretanto, ela precisa falar-lhe, ela talvez precise ainda falar para ele tudo, tudo que não teve coragem, por ser também orgulhosa.
Quando durante esse tempo decorrido eles tiveram uma pequena recaída, quando ele a beijou e passaram mais algumas noites juntos, ela não lhe conseguiu dizer o qual prazeroso foi. O quanto ela o amou plenamente naqueles dias de entrega. E nem ele entendeu, ou ele teve medo de se entregar, embora tivesse sido ele a dar a partida com um beijo.
Tudo isso é contexto de suas cartas, que trazem um lamento de alguém que ama e não é correspondido, alguém que está cansado de sentir o que sente, que se esgotou de um sentimento infantil, que pensa racionalmente na dependência que esse amor lhe causou que ela não conseguiu entender até a escritura das cartas, onde mostra que já perdeu a esperança, achando que ninguém mais vai aparecer, que ela não tem um caderninho de EX para acionar quando sozinha como ele faz.
Contextualizada a questão vamos às cartas:
"Hoje senti tanta saudade, foi uma espécie de nostalgia de algo que eu não saberia explicar. Eu sei que você sequer tem lembranças de mim no seu dia-a-dia, mas eu não passo um dia que não me lembre de você todos os dias. Tem dia que choro ainda, mesmo depois de tantos anos.
Acho realmente que durante 5 anos eu embotei todo esse sentimento. Dizia para mim que não te amava, mas era mentira. Dizia e aceitava tudo que você fazia de longe. Te ajudei o que pude, perto ou longe, sabendo que você estava em outras relações por várias vezes.
Não sei porque eu fazia aquilo, talvez na esperança de você reconsiderar a decisão de ter me abandonado, de ter fugido me deixando com a bola quente na mão. Eu sei que para sua fuga você criou uma narrativa desconsiderando tudo, sem me consultar e sendo egoísta como se só você tivesse sofrido com o que aconteceu, por culpa exclusivamente sua.
Eu jamais falei isso, mas toda culpa foi sua. Eu te defendi o tempo todo, para todos, julguei que você estava doente para te mandar para casa, mas tudo para te proteger. Mas você jamais entendeu. Você conseguiu em uma semana sair do " quero casar contigo" para "deixa-me viver em paz". Não sei se esperando que eu não deixasse e te pedisse para reconsiderar, mas eu estava tão esgotada com todos os problemas que por sua causa eu tive, que não tive como pedir. E você ficou com raiva, me ignorou ficou magoado comigo e arrumou a primeira Ex, que só fui saber um ano depois.
Não te disse isso, porque acho que você negaria. A sua mania é de testar o amor do outro, com todas. Acho mesmo que a atual deve estar vivendo isso.
Quando você vai crescer, nunca? Por que diz ser amigo quando não consegue isso? Que tipo de homem é você, que criança carente é você?
Eu te resumi em uma mensagem que você agradeceu, e eu disse que não ía te chamar mais, com convicção. Mas eu não consigo. Vez por outra te interpelo e vejo seu silêncio e desprezo. Cheguei a pensar em que merda eu tinha feito para merecer tal castigo. Mas você disse que não, que era o trabalho que o estava a consumir.
Então, essa é minha última esperança de me despossuir desse amor adolescente, que me consome para além da minha Razão".
A cada carta que leio dessa personagem talvez fizesse inúmeras considerações, mas não sou psicóloga, apenas transcrevo o que para posteridade pode vir a ser uma narrativa diferente. Lembrei-me de Rahel, a personagem de Hanna Arendt ou de um outro livro que li, que por uma carta a personagem principal se livra de toda uma gama de sentimentos. Vamos ver se assim ocorrerá com nossa personagem em suas recaídas solitárias de paixão.
segunda-feira, 10 de março de 2025
Angústia de quem vive , fim de quem ama
O que mais incomoda é a ausência. Mas de verdade, ela é melhor. Ela faz esquecer e depois olhar diferente. Você tá gordo, feio, mal vestido. Uma vez achei um cara tão pequeno que desconfiei dos meus óculos na época que estava com ele.
Mas eu te vejo. Não, eu não te vejo, eu te imagino. Mas você nunca foi na real aquilo que eu imaginei mesmo sem querer. Não correspondeu ao que sonhei, ou que pensei que sonhei. O que eu esperava de ti você não foi, não fez e ainda inventou o que fez. Talvez eu saiba o que você pensa de mim. Ou melhor, eu sei a narrativa de mim que você criou para si. Uma grande mentira que te contenta e te protege de mim, com quem você não consegue lidar porque te tira da área de conforto. Talvez eu seja o espelho que reflita( pelas palavras que falo) para você aquilo de ti que você não quer ver. Por isso, eu te assusto. Você me ama, mas não sabe me ter. Não se sente seguro, se enrola, se contradiz. Eu te mostro seus defeitos que você não quer ver jamais, daí fugir é melhor. Um ser que não consegue olhar o outro apenas a si mesmo, sem no entanto se entender.
Entendi que você precisa de controle e é um controle esquisito, é um controle pelo amor que o outro tem a você. Na sua louca mente, você tem que sentir que o que o outro sente é uma devoção por você e para isso você testa o outro, testa o amor do outro por ti. Para o outro sempre estar aos seus pés. Mas quando o outro saí desse hipotético controle seu, você pira e foge antes do outro sair.
De fato é um mecanismo estranho. Percebo agora isso e acho que de verdade você nunca amou ninguém, não a mim, não a elas outras, todas foram eclipses de amor ou um cometa. Acho que é isso, termo legal, talvez o tempo da paixão.
Margarina, a personagem
Teve um tempo em que as famílias ditas felizes eram encontradas nos anúncios de margarina. A vida que aparecia ali era uma utopia parecida com aquela que fala do casamento da princesa com o sapo e q é o inverso, isto é, ela casa com o príncipe e este vira sapo.
Hoje a coisa mudou um pouco. Não são mais os anúncios que moldam, pois tudo já foi moldado lá trás, agora são as fotos das famílias reais que correm atrás daquela moldura. A rede mostra tudo, tudo é feito para o grande álbum do mundo virtual, que sozinho vez por outra é lembrado pela inteligência artificial que nos mostra o que aconteceu anos atrás, para nós reverberarmos de novo ou não.
Tanto prolegômenos para nada. Ou só para dizer que alguém a todo momento muda sua foto para uma de família feliz, mesmo que tudo que seja colocado tenha um monte de sujeira e mágoa por debaixo do tapete.
Mas então a história da vida é na verdade aquela que nós contamos e recontamos aos outros e não a que realmente aconteceu. A cada tempo relemos as coisas e conforme a maturidade, tiramos um ponto, ou os reinterpretamos.
Foi assim, foi assado e falamos tudo de novo. Expomos as coisas que relemos, ou simplesmente, continuamos sem nada disso, e quando isso ocorre repetimos.
Acho que mulheres releem, homens não. O mais recente episódio me faz pensar assim. O rapaz colocou a foto da família margarina no seu perfil de whatsapp, que coisa linda, emotiva, tão forte e afetiva. A musa inspiradora ele e tal. Memorável a cena. Porque já foram tantos os amores da vida do sujeito que acho que realmente dessa vez ele se bastou, vai parar, pois que é tanto pedido de casamento que chega um momento que esgota. Ele está no seu momento paz, é o príncipe que ainda não virou sapo, será?
Todavia a outra pessoa da foto é escaldada. Sonhou com o amor da vida que esperou por tantos anos, mas que parece pisar na bola e a deixa dúvidas, quem não tem, caso ou compro uma bicicleta, ela sente as ausências e escreve num perfil anônimo que é seguido por ele. Inexplicável. São dois os personagens da história, um que se sente livre mas que é seguido pela figura que é o motivo de sua aparente insatisfação. Eu vou, não vou, se eu for, e se acabar, me tenho, as vezes uma depre aqui, outra acolá, é minha vida, preciso falar. Somos nós humanos assim, ainda mais quando vivemos com sujeitos que falam sozinhos o tempo todo.
Então, para um escritor tudo isso são estudos de personagens que vivem aí na vida real e que nós observamos para escrever personagenfs reais, cheios de dubiedades, de idiossincrasias e formas. Mas é assim a vida.
A distância cura, o olhar amadurece. E de fato o melhor para escrever é observar.
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025
No meu deserto
Fico pensando em qual dos desertos me insiro. E se certas dores me são boas exatamente para fazer o que agora faço, transcrever os sentimentos, dar-lhes palavras que os constituam com a chancela de ser sentimento.
Meu deserto é diverso do teu. Aliás você desconhece o deserto porque não tolera nem de longe vê-lo quanto mais senti-lo. E se não o sente não entende o que eu digo. Não falo de dor no deserto, falo do quanto a sua aridez pode ser benéfica para eu entendê-lo.
No meu deserto eu aprendi a ver o que não via. Acho que finalmente consegui entender aquela pessoa que se sente no deserto que não é como o meu, porque ao contrário de mim ela fala, fala, fala, aí nada sobra para a escrita.
Então, mais uma fase da heroína. Não sei dizer em que fase estava.
Sete anos, parece cabalístico esse todo de ano. Passou tão rápido, com um recaída esquisita. Que não foi bem recaída. Foi como que um tropeço em um processo de luto, que não foi bem elaborado. E o mais engraçado nisso tudo, é que sem falar para ninguém e para mim mesmo, tudo parece dentro da mesma estrutura no conjunto do sentir.
Eu reconheci que me deixei levar de novo. Não sei dizer não. Não sei me impor, não sei nada. Não digo que sou vazia, sou cheia. Mas não entendo. Nossa interpretação é o que percebemos do outro e não ele propriamente dito.
No teu deserto
No teu deserto
O título é belo e é de um romance do Miguel Souza Tavares, um escritor português muito lido por aqui.
Um livro curtinho fala de uma relação em meio ao deserto. Entretanto, o deserto aí tem duplo sentido como tudo na vida tem múltiplas leituras. Um deserto espacial e um deserto existencial.
Agora na maturidade, se é que um dia chegarei nela, estou mais atenta aos sinais. Mas não sei bem de que. Para meu livro ( A heroína de mil fases) escrevo pensando no que nos torna mais maduros e nas agruras de sermos quem somos.
Mas as vezes somos desertos e buscamos algo que nos faça florescer. Embora eu de fato pense que no deserto se juntam mais substâncias para a escrita do que na florescência. Na dureza do sofrimento exposto é que sem poder falar usamos a escrita para nos dizer algo que nem nós sabemos.
Eu não sei nada, falando ontem a uma amiga dizia que não tenho projeção de encontros, nem tenho homens ideais. Acho que de verdade perdi a esperança de me chegar algo. E com isso se fechada já era, mais ainda fiquei. Cansei de me auto iludir, essa é a palavra, porque o movimento é meu, nós nos iludimos a nós mesmos. Contamo-nos histórias que não são na maioria das vezes reais a partir do que vemos. Mas queremos tanto acreditar nelas que acabamos mesmo por crer.
Eu estava aqui a toa esperando a hora de ir para um almoço em que fui convidada e nada a fazer, preguiça de trabalhar na revisão de um texto de vida de outra pessoa. E me deparo com a minha própria vida.
O sentido da vida é viver alguém disse, a missão, será que tem isso? Viramos também empresas de sentimentos, com produtos a dar conta no fim, com metas a seguir, resultados a comparar. Que porra é essa? Para que tanta imposição?
Não vou entrar nessa vibe esquisita, porque já me cobrei muito e não quero mais. Mas que é foda é.
Aí cai numa página de facebook, como muitas que existem, em que não sabemos quem escreve, porque a pessoa quer ser livre para colocar qualquer coisa que pensa. Na verdade são suas angústias existenciais, seus dramas e vontade, sua falta de liberdade, e reclamação com sua própria vida. Ali a pessoa desabafa e não vai encher o saco de quem vive com ela.
Achei uma boa técnica.
Talvez a literatura seja um pouco isso, a arte em geral. Mas tem diferença. Vejo poemas de amor ridículos, como sempre foi qualquer carta de amor, já disse Fernando Pessoa, mas que ali contentam o outro lado da história. O ser que se entende/sente amado e que precisa daquela adrenalina da paixão para ficar vivo.
Será que isso combina com a maturidade. Uns dizem, eu nunca vou desistir de sentir isso e o amor vira uma espécie de droga que vicia e cada tempo a pessoa precisa tentar de novo, pois que a adrenalina acaba e a pessoa quer de novo. E vai trocando de parceiro e se sente só, e não sabe ficar só. Precisa controlar, ser controlado ter alguém para pensar e chamar de seu. Pois sem isso perde o sentido.
Pergunto-me se todos são assim. Não creio. Tem casais que ficam a vida toda, que viram parceiros e se entendem. Mas tem umas pessoas que são tão egoístas que buscam essa adrenalina e vão por aí fazendo vítimas, deixando os outros criarem ilusões.
Falei uma vez para uma pessoa, que ela sempre estragava tudo com essa sua mania de querer adrenalina. Que no fundo, ela não sabia o que era o amor, apenas a paixão. Acho que ela não entendeu.
Eu mesmo não entendo, porque também creio já ter sido assim. Mas depois de tanto sofrer fiquei sem saco. E uma coisa que não tenho é medo de ficar só. Até porque tem muita gente acompanhada que é só.
Meus fantasmas me fazem companhia, minha escrita, minha estranheza e ansiedade.
Viver é muito misterioso, existir então, pior ainda( da máxima, penso logo existo). E tentar entender isso é o top da FODA!
Penso antes de escrever essa palavra. E penso será que alguém vai ler está bosta que escrevo. E de repente quando entrei em uma estatística vejo que se ninguém me lê, porque meus blogs tem minha assinatura, pelo menos entram na página.
Mas eis que o acesso se dá. E examinado o outros e pelos outros talvez eu chegue a mim.
De verdade, nesse esquenta e esfria que nos exige coragem, como diz Guimaraes, tem dia que é mesmo pra jogar o lençol. Que não entendemos porra nenhuma de nada, de porque, de amor, de raiva, de ilusão e se temos nisso tudo alguma ingerência . Muitas vezes acho que não temos. A moira tá sempre ali, para bagunçar tudo o que achávamos que ia para um lado e ela levou para o outro porque quis.
domingo, 16 de fevereiro de 2025
O que passa
quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
Monitoria
terça-feira, 7 de janeiro de 2025
sobretudo eu
sexta-feira, 3 de janeiro de 2025
A véspera-eu com meus pensamentos
No meu ostracismo voluntário de hoje, impossível não lembrar de certas figuras que transitaram na vida. Penso se vou escrever, se vou deixar, se esperam minha mensagem ou se nem lembram que existo. Acho de fato que para alguém ensimesmado toda e qualquer lembrança vale e por mais que digam que são eles indiferentes aos chamados isso não é verdade.
Tendo a achar que da mesma maneira que nós mulheres nos desconsertamos eles também. E ao contrário do que tendemos a achar que a indiferença faz a diferença, não sei se só isso. Se quero incomodar a presença virtual também pode surtir efeito.
Talvez tenha de fato internalizados que "há amores que nascem apenas para estar no coração mas não na nossa vida.", e isso talvez signifique que não preciso ficar me desesperando para apagar, ele pode ficar e quando menos esperar se torna indiferente. Foi assim sempre, até com ele mesmo. Mas você não é mais criança, não tem toda vida para achar outro amor. Mas tanto faz isso agora. o que tiver de acontecer acontecerá, sem que eu fique neurótica em busca do pau perdido. Jogamos charme e tanto faz. Se colar, colou . Sinto-me como estava faz muito tempo, antes do turbilhão passar na minha porta. Não tenho dependência, não sou viciada, tô de boa hoje e exercito o silêncio de fazer o que me der na veneta hoje, amanhã, e depois. Só para irritar, ou não, só para marcar presença, pode ser.