domingo, 6 de abril de 2025

Dia de chuva e de lasanha

 A lasanha é um prato italiano que normalmente de faz para muita gente. Porque demanda   muito trabalho e não é como uma pasta convencional que você faz um prato e acabou.

Faz-se o  molho  vermelho com passata italiana, o branco com noz moscada e a massa que eu comprei fora da cidade de uma marca que não vi nos supermercados daqui.  Uma  massa dura, mas que cozinha no molho, é finíssima , espero que boa.

Enfim passado o trabalho vai ao forno e  esperamos o sabor final com o vinho.

Eu chamei  a  família, mas nem sempre é possível as  pessoas se desenrolarem de seus problemas crônicos para  saborear uma lasanha em  minha casa.

Então comerei sozinha, porque confesso que aprendi muita coisa nesse contexto da  solidão, que não é solidão.  

Comer sozinha, cozinhar para mim é prazer, faço o que  quero, abro o vinho se vou beber e  desfruto da minha própria companhia,  no domingo ou dia qualquer.

Não que ter outros me seja ruim, mas não ter também dá no mesmo.

Corrijo um texto de  alguém que sofre de solidão, e  vejo como a limitação  é dolorida para as  pessoas.  A limitação  física, nem conto, mas a psicológica é ainda pior. As  pessoas  não se tocam que se destroem e  aos  outros também. Chantagens emocionais estão no grupo da pior espécie e  há que se ter cuidado, mesmo para sem querer, não  faze-las.

Mãe são mestres nesse quesito. Vejo    claro esse contexto no texto e na vida. Deve ser  por ter parido se sentem nesse direito de  exigência. Não pari, não sei da  dor nem do prazer desse ato. Mas sei que as  vezes  elas extrapolam. 

Mas a lasanha está no fogo, e  já cheira. Eu queria marca-la nesse  dia  ímpar de estado de atenção na cidade e no Estado depois de  tanta chuva. Já fiz  outras, mas não só para mim. Para  todos.

E a vida  vai seguindo sem que tenhamos dela qualquer controle e apenas coragem  para aceitar e  mudar o que  se pode Embora  pouco se  possa no sistema atual. 

Acho que chega um momento em que  tudo parece meio anestesiado e apenas esperamos o encaminhamento.   Ganhar o  mundo já não é nossa  função,  revolução não podemos fazer,  sobreviver é o que fazemos. A diferença é se pensamos como ou não. Se rimos ou choramos com o que a moira, sempre ela, nos reserva. Eu não sei do amanhã, nem do profissional nem do emocional, vou, deixo a moira levar. Posso estar aqui ou em outro lugar, tanto faz, serei sempre eu.  Porque talvez eu tenha me encontrado e tenha  me permitido viver o que sou, essa miscelânia de desejos e vontades, essa cabeça que  conjectura possibilidades e reflete, que não tem saco para alienação porque essa é  pobre de espírito e  isso me incomoda.  Enfim    esse ser que tem vontade  de lasanha e  vinho hoje.  

      


quinta-feira, 20 de março de 2025

Esperar, esperar...

 Sensação  estranha,  preciso esperar,  não  sei o que fazer. Ter o primeiro lugar em uma seleção não garante que  o prêmio será  seu. Pelo  contrário, parece que  inspira o olhar negativo dos  outros. Quem  fica  feliz por você? Ninguém, todos  ali querem suas vagas e pouco se  importam se o direito do  outro está sendo violado ou não.

A energia  não  foi boa, será  que vale a pena sair de  minha zona de  conforto para um pouco mais de grana. Talvez  não seja, e  talvez aqui de fato não seja  o meu lugar. Preciso ou não preciso?  Vivo bem com o que já tenho? Talvez sim, pode entrar algo mais  a frente.

Peso o sim e o não. Não me cabe sair atrás dos diretores com  pires na  mão   para  conseguir um lugar.  Minha função é ir dar aula, não tenho culpa se  eles não têm organização, se  não têm  profissionalismo, ou se não  querem  ter para tudo continuar do  jeito que e está.

Burocratizam para   dizer  que há lisura no processo. Mas será mesmo que tem? Como alguém vai hoje, quando o dia de escolha  foi ontem, de onde saiu ? Com qual aval?

Pois é, vivendo e aprendendo. Como sou otimista, seguirei o me disse meu amigo. Espera,  que  você  já fez o que tinha que fazer.  

sexta-feira, 14 de março de 2025

Roda viva

 











Lembrei-me da música do Chico Buarque . "Roda  mundo , roda gigante, roda moinho , roda pião, a gente estancou de repente". Desde pequena  ouvia aquele disco, um vinil de uma coleção comprada em banca de jornal. Eu colocava para ir lavar a louça. teve tempo que eu sabia de cor a letra. Hoje  ouço pouco disco, exceto quando dirijo e sempre dirijo, O rádio sempre ligado nas músicas geralmente  velhas a  mover minhas  emoções.

O que será o amanhã, como vai ser, não sei. Crio expectativas quanto a tudo, mas não às alimento. Especialmente ao trabalho. Quanto aos  afetos, nem pretendo dizer. Se se busca distancia a  terá.

   Não sei se minha  vida é uma novela mexicana ou turca, tamanho dramalhão, nunca assisti nenhuma dela, mas sei o que são. Na verdade não vejo nada. Nem filme,  nem novela, apenas  programa político de  geopolítica, incrível mas não tem nada  que  me faça tão bem. O Pepe Escobar já é meu íntimo.  Acho ele impetuoso e temperamental, mas só acho, não o conheço de fato.

Essa semana de  escolhas, de teses, de avaliação do pode ser bom ou não. Mas se não for, aqui ou lá, ou em qualquer lugar, dou-me o direito de  largar.  Afinal para isso me montei, me organizei.

Vivo com pouco, desde que não queira atender aos impulsos  consumistas. No mais, controlando como posso meus sentimentos e  impulso vou vivendo um dia após o outro. E como disse hoje para meus alunos, chamando Guimarães Rosa  comigo, o que a vida exige na gente é coragem para continuar indo, indo e indo até quando nunca sabemos, pois que a  roda é mesmo viva.    

Dia de paz e dias de luta

 



A luta  com a  a sua  mente é a luta  mais  vã. Nessa  luta  sempre perdemos, pois se  tem algo que não controlamos,  isso é a nossa mente. Ela  é um cavalo doido, que sai colina abaixo com a crina revolta tomando vento.

Ficamos então a mercê do vento que  nos  joga como a uma folha de papel, para um lado e outro, que nos agarra no mato e nos solta, que nos revira de  ponta a cabeça  sem explicação.

Controle não existe e quem diz que controla mente  descaradamente, se   engana  sabendo que está se  enganando

Assim tenho vivido. Descubro que  preciso controlar minha vontade e despista-la para o dia-a-dia. E assim fazendo tudo vai ficando mais longe do meu sentimento. O ditado é  certo, o que os olhos não  veem o coração não sente, exceto se  a mente  resolver lutar com  você e te pregar peças aleatórias.  

  

quarta-feira, 12 de março de 2025

Chega!

 https://www.youtube.com/watch?v=Nhyde7mZz88

O tempo parece que não para, mas ela parou

 




Decidiu que ia  escrever um livro para aquele que a tinha abandonado. Chamaria "Cartas a". Queria isso porque  já  era tempo de  se  livrar de tudo aquilo. Embora  tentasse  há  tantos anos fazê-lo, mais ou menos sete anos e meio, e ainda  não tinha  conseguido  efetiva conclusão. Tanto tempo e  pouco tempo. No decurso de tudo isso uma Pandemia me disse ela, o que fazia o tempo não  ter uma clareza de passagem, mas passou. Ele, ela  sabia, que  havia se dado em vários outras  relações.  

Jamais  ele  deixou de   procurar em várias  bocas e corpos aquilo que tamparia seus  vazios.  Ela  disse isso a ele. Mas tudo que vivera depois dela não tinha talvez o mesmo compromisso que  agora, quando ele apresentava à família a pessoa da  vez. Já teve casamento para  rede social, mas para a família não tinha apresentado ninguém. Se isso significa   amor eterno, compromisso e todo o resto, está então feito. Família Margarina na foto do perfil.

Mas as  cartas  dela não são de censura a ele. Não, ela  acha que ele tá  certo, porque  com a  carência que ele  tem, não lhe restaria nada mais a  fazer.  Mas  ela  sabe que só agora  entendeu a carência  dele. Antes ela  não sabia, ela  não via. Pouco observadora e desligada. talvez  pensando também no próprio umbigo. 

Entretanto, ela  precisa falar-lhe, ela talvez precise  ainda  falar para ele tudo, tudo que não teve coragem, por ser também orgulhosa. 

Quando durante esse tempo decorrido eles tiveram uma pequena recaída, quando ele a beijou e passaram mais algumas noites juntos, ela  não lhe conseguiu dizer o qual prazeroso foi. O quanto ela   o amou plenamente naqueles dias de entrega. E nem ele entendeu, ou ele teve medo de se entregar, embora tivesse sido ele a dar a partida com um beijo.   

Tudo isso é contexto de  suas cartas, que trazem um lamento de  alguém que ama e não é correspondido, alguém que está cansado de sentir o que  sente, que se esgotou de um sentimento infantil, que pensa  racionalmente na dependência que  esse amor lhe causou que  ela  não conseguiu entender até a  escritura das cartas, onde mostra que já perdeu a esperança, achando que ninguém mais vai aparecer, que ela não tem um caderninho de EX para acionar quando sozinha como ele  faz.

Contextualizada a questão vamos às cartas:


"Hoje senti tanta saudade, foi uma espécie de  nostalgia de algo que  eu não saberia explicar. Eu sei que você sequer tem   lembranças de mim no seu dia-a-dia, mas eu não passo um dia que não me lembre de  você todos os dias. Tem  dia  que  choro ainda, mesmo depois de tantos anos. 

Acho realmente que  durante 5 anos eu embotei todo esse  sentimento. Dizia para  mim que não te amava, mas era mentira. Dizia e aceitava tudo que você fazia de  longe. Te ajudei o que  pude, perto ou longe, sabendo que você estava em outras relações por várias  vezes.

Não sei porque  eu fazia  aquilo, talvez na esperança de  você  reconsiderar a decisão de ter me abandonado, de ter fugido me deixando com a bola quente na mão.  Eu sei que para sua  fuga você  criou uma narrativa desconsiderando tudo, sem me consultar e sendo egoísta como se  só você  tivesse sofrido com o que aconteceu, por culpa exclusivamente  sua.

Eu jamais falei isso, mas toda  culpa  foi sua. Eu te defendi o tempo todo, para  todos,  julguei que  você  estava  doente para  te mandar para casa, mas tudo para te  proteger. Mas você jamais entendeu.  Você conseguiu em uma semana sair do " quero casar contigo" para  "deixa-me  viver em paz". Não sei se esperando que eu  não deixasse e te  pedisse para reconsiderar, mas  eu estava tão esgotada com todos os  problemas que por sua causa eu tive, que  não tive como pedir. E você  ficou com raiva,  me ignorou ficou magoado comigo e  arrumou a primeira  Ex, que  só fui saber um ano depois.

Não te disse isso, porque acho que  você  negaria. A sua  mania é de  testar o amor do outro, com todas. Acho mesmo que  a atual deve estar  vivendo isso.

Quando você vai crescer, nunca? Por que diz  ser amigo quando não consegue isso? Que tipo de homem é  você, que  criança  carente é você?

 Eu te resumi em uma mensagem que  você agradeceu, e  eu disse que não ía te chamar mais, com convicção. Mas eu não consigo. Vez por outra te interpelo e vejo seu silêncio e desprezo. Cheguei a pensar em que  merda eu tinha feito para merecer tal castigo. Mas você  disse que não, que era o trabalho que  o estava a consumir.

Então, essa  é  minha última esperança de  me despossuir desse amor adolescente, que me consome para além da  minha Razão".


A cada  carta que leio  dessa personagem talvez fizesse inúmeras considerações, mas não sou psicóloga, apenas transcrevo o que para  posteridade pode vir a ser uma narrativa diferente. Lembrei-me de Rahel, a personagem de Hanna Arendt  ou de um outro livro que li, que por  uma carta a personagem principal se livra de  toda  uma gama de sentimentos. Vamos ver se assim ocorrerá com nossa personagem em suas  recaídas  solitárias de  paixão.             


segunda-feira, 10 de março de 2025

Angústia de quem vive , fim de quem ama

 








Mas o que é? Quando alguém fica insano procurando algo para se ferir porque assim produz o que quer. Como um gatilho, essa palavra que a psicologia usa tão bem. Aquilo que estarta algo que estava parado, imóvel, sem lembrança., de repente vem a tona e provoca estragos.

O que mais incomoda é a ausência. Mas de verdade, ela é melhor.  Ela faz esquecer e  depois olhar diferente. Você tá gordo, feio, mal vestido. Uma  vez achei um cara tão pequeno que  desconfiei dos meus óculos na  época que  estava com ele. 

Mas eu te vejo. Não, eu não te vejo, eu te imagino. Mas você nunca foi na real aquilo que eu imaginei mesmo sem querer. Não correspondeu ao que sonhei, ou que pensei que sonhei. O que eu esperava de ti você não foi, não fez e ainda inventou o que fez.  Talvez eu saiba o que você pensa de mim. Ou melhor, eu sei a narrativa de mim que  você criou para si.  Uma grande  mentira que te contenta e te protege de mim, com quem você não consegue lidar porque te tira da  área de conforto. Talvez eu seja o espelho  que reflita( pelas palavras que falo) para você aquilo de ti que você não quer ver. Por isso, eu te assusto. Você me ama, mas  não sabe me ter. Não se sente seguro, se enrola,  se contradiz. Eu te mostro seus defeitos que  você não quer ver jamais, daí fugir é melhor.  Um ser que não consegue olhar o outro apenas a si mesmo, sem no entanto se  entender. 

Entendi que  você precisa de controle e é um controle esquisito, é um controle pelo amor que o outro tem a você. Na sua louca mente, você tem que sentir que o que o outro sente é uma devoção por você e para isso você testa o outro, testa o amor do outro por ti. Para o outro sempre estar aos seus pés. Mas quando o outro saí desse hipotético controle seu, você pira e  foge antes do outro sair.

De fato é um mecanismo estranho. Percebo agora isso e acho que de verdade você nunca amou ninguém, não a mim, não a elas outras, todas foram eclipses de amor ou um cometa. Acho que é isso, termo legal, talvez o tempo da paixão.         

Margarina, a personagem

 Teve um tempo em que as  famílias  ditas felizes  eram encontradas  nos anúncios de margarina. A vida que aparecia ali  era uma utopia parecida com aquela que  fala do casamento da  princesa com o sapo e q é o inverso, isto é, ela casa com o príncipe e este  vira sapo.

Hoje a coisa  mudou um  pouco. Não são mais os anúncios que  moldam,  pois tudo já  foi moldado lá trás, agora são as  fotos das famílias  reais que  correm atrás daquela  moldura. A rede mostra  tudo,  tudo é feito para o grande álbum do  mundo virtual,  que  sozinho vez por outra é lembrado pela inteligência artificial  que  nos mostra o   que aconteceu anos atrás, para nós reverberarmos de  novo ou não.

Tanto prolegômenos para nada. Ou só para  dizer que alguém a todo momento  muda sua  foto para uma de família feliz, mesmo que tudo que seja colocado tenha um monte de  sujeira e mágoa por debaixo do tapete.

 Mas  então a história da  vida é  na  verdade aquela que nós contamos e recontamos aos  outros e não a que realmente  aconteceu. A cada  tempo relemos as coisas e conforme a maturidade, tiramos um ponto, ou os reinterpretamos.  

Foi assim, foi assado e falamos tudo de novo. Expomos as coisas que relemos, ou simplesmente, continuamos sem nada disso, e quando isso ocorre repetimos. 

Acho que mulheres releem, homens não. O mais recente episódio me faz pensar assim. O rapaz colocou a foto da família margarina no seu perfil de whatsapp, que  coisa linda, emotiva, tão forte e afetiva. A musa inspiradora ele e tal. Memorável a cena. Porque já  foram tantos os amores da vida do sujeito que acho que realmente dessa vez ele se bastou, vai parar, pois que  é tanto pedido de casamento que  chega um momento que esgota. Ele  está  no seu momento paz, é o príncipe que  ainda não virou sapo, será?  

Todavia  a outra pessoa da foto é escaldada.  Sonhou com o amor da  vida que esperou por tantos anos, mas   que parece pisar na bola  e a deixa  dúvidas, quem não tem, caso ou compro uma bicicleta, ela sente  as ausências e  escreve num perfil anônimo que é seguido por ele. Inexplicável. São dois os personagens da  história, um que se sente livre mas que é seguido pela figura que é o motivo de sua aparente insatisfação. Eu vou, não  vou, se eu for,  e se acabar, me tenho,  as vezes uma depre aqui, outra acolá, é minha vida, preciso  falar. Somos  nós humanos assim, ainda mais quando vivemos com sujeitos que  falam sozinhos o tempo todo.  

Então, para um escritor tudo isso são estudos de personagens que vivem aí na vida real e que nós observamos para escrever personagenfs  reais, cheios de  dubiedades, de idiossincrasias e formas. Mas  é assim a vida.

A distância cura, o olhar amadurece. E de fato  o melhor para escrever é observar.   

 

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

No meu deserto








Fico  pensando em qual dos  desertos me insiro.   E  se    certas dores me são  boas  exatamente para  fazer o que agora faço, transcrever os  sentimentos, dar-lhes palavras que os constituam com a chancela de ser  sentimento.

Meu deserto é diverso do teu. Aliás você desconhece o deserto  porque não tolera nem de longe  vê-lo quanto mais  senti-lo.  E se não o sente não entende o que eu digo. Não falo de  dor no deserto, falo do quanto a sua aridez pode ser benéfica para eu entendê-lo.

 No meu  deserto eu aprendi a ver o que não via. Acho que  finalmente consegui entender  aquela pessoa que se sente no  deserto que não é como o meu, porque  ao contrário de  mim ela  fala, fala, fala, aí nada sobra para a escrita.

Então, mais uma  fase  da heroína.  Não sei dizer em que  fase estava.

Sete anos, parece  cabalístico   esse todo de ano.  Passou tão rápido,  com  um  recaída  esquisita. Que  não foi bem  recaída.  Foi como que um tropeço em um processo de  luto, que  não  foi bem elaborado.  E  o mais engraçado nisso tudo, é que sem falar para ninguém e para mim mesmo, tudo parece dentro da mesma estrutura no conjunto do sentir.

Eu reconheci que me deixei levar de novo.  Não sei dizer não. Não sei me impor, não sei nada.  Não digo que sou vazia, sou cheia. Mas não entendo. Nossa interpretação é o que percebemos do outro e não ele propriamente dito.       

No teu deserto

 No teu deserto



O título é belo e é de um romance do Miguel Souza Tavares, um escritor português muito lido por aqui.

Um  livro curtinho fala de uma relação em meio ao deserto. Entretanto, o deserto aí tem duplo sentido como tudo na vida tem múltiplas leituras. Um deserto espacial e um deserto existencial.

Agora na maturidade, se é que um dia chegarei nela, estou mais atenta aos sinais. Mas não sei bem de que. Para meu livro ( A heroína de mil fases) escrevo pensando no que nos torna mais maduros e nas agruras de sermos quem somos. 

Mas as vezes somos desertos e buscamos algo que nos faça florescer. Embora eu de fato pense que no deserto se juntam mais substâncias para a escrita do que na florescência. Na dureza do sofrimento  exposto é que  sem poder falar usamos a escrita para nos dizer algo que nem nós sabemos.

Eu não sei nada,  falando ontem a uma amiga dizia que  não tenho projeção de  encontros, nem tenho homens ideais. Acho que de verdade perdi  a esperança de  me chegar  algo.  E com isso se fechada já era, mais ainda  fiquei. Cansei de me auto iludir, essa  é a palavra, porque o movimento é meu,  nós  nos iludimos a nós  mesmos. Contamo-nos histórias que não são na maioria das  vezes reais  a partir do que  vemos.  Mas  queremos tanto acreditar nelas que acabamos mesmo por crer.

Eu estava aqui  a toa  esperando a hora de ir para um almoço em que  fui convidada e nada a fazer, preguiça de  trabalhar na revisão de um texto de vida de outra pessoa. E me deparo com a minha  própria  vida. 

O sentido da  vida é viver alguém disse, a missão,  será que  tem isso?  Viramos  também  empresas de  sentimentos, com produtos  a dar conta no fim, com metas a seguir,  resultados a  comparar. Que porra é essa?   Para  que  tanta  imposição?

Não  vou entrar nessa  vibe esquisita, porque  já  me cobrei muito e não quero mais. Mas que é foda  é.

Aí cai numa  página de facebook, como  muitas que existem, em que  não sabemos quem  escreve,  porque a  pessoa quer ser livre para colocar qualquer coisa que  pensa. Na verdade são suas angústias existenciais,  seus dramas e  vontade,  sua falta de liberdade, e reclamação com sua  própria vida. Ali a pessoa  desabafa e não  vai encher o saco de quem vive com ela.

Achei uma boa técnica.

Talvez  a literatura seja um pouco isso, a arte em geral. Mas tem diferença. Vejo poemas de amor ridículos, como sempre  foi qualquer carta de amor, já disse  Fernando Pessoa, mas que ali contentam o outro lado da  história. O ser que  se entende/sente amado e que precisa daquela adrenalina da  paixão para ficar  vivo.

Será que isso combina com a maturidade.  Uns dizem, eu nunca vou desistir de sentir isso e o amor vira uma espécie de droga que vicia e cada  tempo  a pessoa precisa tentar de novo, pois que a  adrenalina acaba e  a pessoa quer de  novo. E vai  trocando de parceiro e se  sente só,  e não sabe ficar só. Precisa controlar, ser controlado ter alguém para pensar e chamar de seu.  Pois sem isso perde o sentido.

Pergunto-me se  todos são assim.  Não creio. Tem casais que  ficam a vida toda, que viram parceiros e  se entendem. Mas tem  umas  pessoas que são tão egoístas que buscam essa adrenalina e  vão por aí fazendo vítimas, deixando os outros criarem ilusões.

Falei uma vez para  uma pessoa, que ela  sempre estragava tudo com essa sua mania de querer adrenalina. Que no fundo, ela  não sabia  o que era o amor, apenas a paixão. Acho que ela   não entendeu.

Eu mesmo não entendo, porque também creio já ter sido assim.  Mas depois de  tanto sofrer fiquei sem saco.  E uma coisa que não tenho é medo de  ficar só. Até  porque tem muita gente acompanhada que é só. 

Meus fantasmas  me fazem companhia, minha  escrita,  minha estranheza  e ansiedade.

Viver é muito misterioso, existir então, pior ainda( da máxima, penso logo existo). E tentar entender isso é  o top da  FODA!  

Penso antes de  escrever essa palavra. E  penso será que alguém vai ler está bosta que escrevo. E de repente quando entrei em uma estatística vejo que se  ninguém me lê, porque meus  blogs tem  minha assinatura, pelo menos entram na  página.

Mas eis que o acesso se dá. E examinado o outros e pelos outros talvez eu chegue a  mim.

De verdade, nesse esquenta e esfria que nos exige coragem, como diz  Guimaraes,   tem dia que é mesmo pra jogar  o lençol. Que não entendemos porra nenhuma de nada, de porque, de amor, de raiva,  de ilusão e se temos nisso tudo alguma ingerência . Muitas  vezes acho que não temos. A moira tá  sempre ali, para bagunçar tudo o  que  achávamos que ia para um lado e ela levou para o outro porque quis.      












domingo, 16 de fevereiro de 2025

O que passa

Aquilo que não se fala, o que não sabemos ou supomos  pode virar alvo de  nossa escrita e invenção.
Uma janela e um corpo que passa,  não cai. Passa apenas sem que se defina de quem , ou quem , ou  o que.
Homem, mulher,  os dois. Não dá para saber.
A luz, a distância turvam a  definição da imagem para a interpretação.
O coração dispara,  É ou não é, como assim.
Razões que a própria razão desconfia  num emaranhado de perguntas e autocensura.
Não sei porque isso ocorre.  Jamais eu saiba o sentido disso tudo que passamos.
O que move, o que fica é vai.
Não creio que um dia algo será  esclarecido.  Até porque para o ser envolvido tudo já foi, está bem. Sempre esteve e onça não se cutuca com vara curta. 
Começo a ter dúvidas se estar aqui é de fato uma boa, para o hoje e o futuro.  Mas preciso. Pelo  menos enfrento esse leão que me come sempre as entranhas.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Monitoria

Fico pensando como a química mexe conosco.
Eu já sabia disso, pois vejo pessoas e eu mesmo dou prova disso.
Mas agora me monitoro para perceber de perto do que se trata.  Algumas situações da vida nos colocam a mercê dessa química e se todos entendessesm  haveria menos dor.
Na atual  conjuntura é inadmissível  que eu nomeie isso com o nome começado por A.  Não é A , que viva em paz com seu enésimo  amor da vida. O problema é meu e só. Certamente se estivesse com A estaria sentindo o mesmo e ainda teria que equacionar a sua presença,cobrança e inércia.
 O trivial básico lhe bastava, agora  velho e rabugento deve mais ainda assim estar.
Então racionalmente olho a situação . E por mais que o ame, sabe-se lá como, não é isso meu  motivo.
Mas qual seria, a não ser a química?
Tudo bem, há gatilhos que estartam tal situação  como trabalho,  não saber o que fazer diante da vida, mas  não posso admitir um retrocesso desse. 7 anos  passados e  vc  ainda estar marcado por alguém. Só Carma.
E não é. 
A vida  amorosa deve ser  mais que isso.  


 

terça-feira, 7 de janeiro de 2025

sobretudo eu

Tem horas na vida que tudo parece  estranho.  Meio  sem controle,  embora esse seja mesmo  ums ilusão nossa.
Mas tudo estranho significa talvez que estamos pensando muito nas coisas , tentando resolver  problemas domésticos que são chato e aborrecem. São coisas da qual depende a sobrevivência,  mas que são um pé no saco quando se tem que fazer.
 Não estou deprimida mas cansada.   Ter que recomeçar, repensar para que campo correr, decidir para poder  seguir o caminho a tomar nunca foi meu forte.
 Cansa-me escolher, dá fastio! Me enjoa.
Não sei se eu estivesse com alguém estaria melhor. Certamente não. Exceto se tivesse um bom amante.  Mas as vezes nem assim  resolvemos nossa insatisfação.
Lembro o filme do Wood  Alen, com Penélope Cruz,  Vick e Cristina em Barcelona.  A insatisfação eterna.  Pois é tem gente que é assim.  Não seu se sou. Acho que não . O que me passa é o excesso de expectativa. Sempre ela,  a não deixar  que  sintamos o básico.  Sintamos o que sintamosve ponto. Sempre Hollywood a nos iludir. 
Que  caminho seguir.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

A véspera-eu com meus pensamentos

  No meu ostracismo voluntário de  hoje, impossível não lembrar  de certas figuras que transitaram na vida. Penso se  vou escrever, se vou deixar, se esperam minha mensagem ou se nem lembram que existo. Acho de  fato que para alguém ensimesmado   toda  e qualquer lembrança vale e por mais que digam que são eles indiferentes aos chamados isso não é verdade.

Tendo a  achar que da mesma maneira que nós mulheres nos desconsertamos eles também. E ao contrário do que tendemos a achar que a indiferença  faz a  diferença, não sei se só isso. Se quero incomodar a presença  virtual também  pode surtir efeito.

Talvez tenha  de fato internalizados que  "há  amores que nascem apenas para  estar no coração mas não na nossa  vida.",  e isso  talvez signifique que não preciso ficar me desesperando para  apagar, ele pode ficar e quando menos esperar se torna indiferente. Foi assim sempre, até  com ele mesmo. Mas  você não é mais  criança, não tem toda  vida para achar outro amor. Mas tanto faz isso agora.  o que tiver de acontecer acontecerá, sem que eu  fique neurótica em busca do pau perdido. Jogamos charme e tanto faz. Se colar, colou . Sinto-me como estava faz muito  tempo, antes do turbilhão passar na minha porta. Não tenho dependência, não sou viciada,  tô de boa  hoje e exercito o silêncio de  fazer o que me der na veneta hoje, amanhã, e depois. Só para irritar, ou não, só para marcar presença, pode ser.    



      

quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

Esperança renovada e tudo igual

A ideia de que  com uma simples noite colorida por fogos tudo se transmutaria  engambela a todos.  Mas  na verdade   dá tudo no mesmo, exceto pelas promessas que se renovam.
 Iludidos as vezes somos achando que num passe de mágica tudo seria resolvido. Que doce ilusão de sentidos.Como se só usar o branco fosse trazer a paz e o amarelo o dinheiro.  Passado o sorteio da MEGA, sem nada acontecer caímos na real.
Mas vale, temos que nos diferir dos animais e dar um número ao ano e somar os números para  pedir.  Temos que  jogar um presente para ganhar outro.  É o dia da catarse coletiva, de  rever  planos   como se isso não pudesse ser feito a qualquer hora.  AH!  nós que vivemos de  ilusões.
Teve um tempo em que eu observava a pessoa junto de mim acreditar nessa louca ilusão e ficar parado esperando a coisa sozinha acontecer.
Ah! o verão, quanto ele foi esperado e dolorosamente vivido naquele tempo.
Lembrei disso agora, pois que nem bem acordei da noite que não dormi e a cobrança já começou.
Confesso que estou cansada de autocobranças e externas cobranças,   vontade tinha de sair sem ter que considerar tudo.
Sair por aí, sem satisfações .
Se magia houvesse seria bom, mas enquanto não inventarem  uma reprogramação, vai-se  levando do jeito que dá.