Escrever um mistério é escrever sobre viver. Viver é inexplicável e implica a todo momento darmos significados a tudo. Ressignificar, aprender a ver que as coisas são mutáveis o tempo todo. E que precisamos ser como elas, independentemente do que nos é ensinado como absoluto.
Tudo, e tudo mesmo, é relativo. Relativo porque depende de outras coisas para acontecer. Do tempo,da época, da disponibilidade das pessoas.
Às vezes você fica amarrado em uma situação que te faz sofrer e você não se dá conta. Você fica entubando coisas, você tem medo de sair para não descontentar outros e você provoca em você mesmo o processo violento de imposição da vontade alheia e não da sua própria. Não estou dizendo que devemos fugir, jamais, mas que devemos saber identificar o que é, e rever a situação de maneira real sem autoenganos porque temos responsabilidades pelo que criamos.
Vivi-se às vezes toda uma vida dessa forma, sem se dar conta. Sente-se desconfortável, mas como o autoconhecimento é frágil, não consegue entender porque acontece o desconforto.
Outras vezes, num ato heroico a pessoa rompe o cerco, mas depois volta correndo para o mesmo lugar do desconforto, pois é o que ela conhece e prefere viver com o conhecido do que arriscar o desconhecido que pode fazer mais feliz ou não.
Tem famílias que são esse lugar da proteção, mas também da opressão.
Se se deixa de fazer o que ela quer, a pessoa se sente culpada.
Mas como lidar com Isso? Ainda mais quando a mesma é quem te dá todo suporte? Seja ele financeiro ou emocional.
Sendo a dependência é real ou apenas ficção da nossa cabeça?
Às vezes nosso entendimento é tão pueril que estacionamos numa idade tenra e vivemos toda a vida ali, achando que se fizermos diverso não seremos amados.
E isso é uma grande ficção de nossa cabeça.
Deixar de fazer algo que não queremos, não pode ser motivo para desamor dos que nos amam.
Somente famílias neuróticas exigem isso das pessoas, pois preferem ver infeliz a deixar que a pessoa se encontre fazendo o quer tem vontade.
" Cada um sabe a dor de ser o que é", e sofre-se para sair da dor do corte do cordão umbilical.
Sofre-se tanto que por vezes não conseguimos sair. Ou se saímos e voltamos achamos que por dever temos que ficar ad eterno. Pior ainda se voltamos em condições menos favorável dependendo de alguna forma, fragilizados. Aí tendemos como criança acuada a não mais sair da linha.
MAS nós,como ficamos? Sofremos.
O que nos resta?
Acho que reconhecer o processo é o que nos resta e a partir disso, conscientemente, modifica-lo.
Não podemos passar toda vida nos violentando.
Precisamos nos ver de verdade, e implica em tirarmos nosso próprio véu, aquele que nos esconde de nós mesmos, sem medo de sermos o que somos, sem medo de sermos rechassados pelos outros. A nossa imagem real, precisa ser amada por nós, precisamos deixar de nos enganar achando que somos o que não somos. Só assim podemos ser mais autênticos e felizes.
Fazer nossas escolhas e sermos responsáveis por elas, sem culpar o mundo e os outros. Causem elas a dor e alegria que for.
( quadro do Post é de Marcelo A )
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