quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Remexendo baú

Não é a Biblioteca de Babel

Meu primeiro livro traz a tona um questionamento antigo, se a realidade é linguagem, nós sempre estamos vivendo de literatura? Para mim parece que sim, ao inventar meu personagem a confusão  que aparece é se tenho o que vivi ou se invento o que vivi.  Os fatos são reais sempre, o que nunca é real  são as interpretações que temos deles. Cada dia  que lemos nossa vida e nossos diários  entramos nos hipertextos diversos que eles propõem , que são nossos  próprios parênteses das coisas que vivemos. Ao entrar nesse simulacro da escrita,  não conseguimos voltar, a vida e a literatura se misturam de uma tal maneira  que não sabemos mais o que foi e o que não foi.
Todavia, seja vida ou literatura a  dor lá está, a velhice, a doença, as perversões, as tristezas e alegrias também,  todavia essas menos criativas que as outras.
Expulsar o que me incomoda pode ser a razão disso tudo. Criar um outro mundo também.
Parece fácil criar uma história que nunca existiu, mas nada é mais complexo porque falta referencial. Só  criamos com o que  ouvimos dizer, com o que lemos, com o que pensamos que vivemos. Só assim, com base nisso tudo é que nos predispomos a falar. 

E quando falamos é  de nós, é  dos outros que também falamos.


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