Não é a Biblioteca de Babel
Meu primeiro livro
traz a tona um questionamento antigo, se a realidade é linguagem, nós sempre
estamos vivendo de literatura? Para mim parece que sim, ao inventar meu
personagem a confusão que aparece é se
tenho o que vivi ou se invento o que vivi.
Os fatos são reais sempre, o que nunca é real são as interpretações que temos deles. Cada
dia que lemos nossa vida e nossos
diários entramos nos hipertextos
diversos que eles propõem , que são nossos
próprios parênteses das coisas que vivemos. Ao entrar nesse simulacro da
escrita, não conseguimos voltar, a vida
e a literatura se misturam de uma tal maneira
que não sabemos mais o que foi e o que não foi.
Todavia, seja vida ou
literatura a dor lá está, a velhice, a
doença, as perversões, as tristezas e alegrias também, todavia essas menos criativas que as outras.
Expulsar o que me
incomoda pode ser a razão disso tudo. Criar um outro mundo também.
Parece fácil criar
uma história que nunca existiu, mas nada é mais complexo porque falta
referencial. Só criamos com o que ouvimos dizer, com o que lemos, com o que
pensamos que vivemos. Só assim, com base nisso tudo é que nos predispomos a
falar.
E quando falamos
é de nós, é dos outros que também falamos.
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