terça-feira, 6 de março de 2018

Sono, cansaço ,exaustão, tratamento de choque

Era segunda, um dia qualquer. Ela não havia dormido e os pensamentos insalubres continuavam a perseguição.
Não sabia ao certo as motivações.  Estava razoável,  já tinha seguimentado  e separado cada parte de uma longa história para finalizar o roteiro da vida, mas ainda não sabia que fim dar.  Toda história tem um fim se dizia.Todo filme também.
Num impulso fez a personagem reagir depois de um dia de muita conversa.  Ela achou que precisava ter um ato de esvaziamento.  Abriu então o armário e juntou tudo que tinha colocando em uma caixa . A atitude foi soberba. Seria aplaudida por todos,fora a sugestão de alguém e como ela era assim  suscetível, fez.  Mas pecou no final, em vez de  guardar para si o impulso benigno ou a dor atroz de ter que encaixar coisas de lembranças dolorosas, fez uma foto e compartilhou com com o dono das coisas.
A atitude dele foi a mais natural. Agradeceu, sem o menor esforço e disse o que quis e que ela talvez não quisesse ouvir.
O escudo da amizade soou forte com a pancada.  Mas uma vez ela se perdeu de si mesma.  Mas por que provoca?  Por que é partidária do tratamento de choque?  Que machuca e maltrata.  E já não era a primeira vez.   Masoquista seria ela?
Não suficiente ainda, no dia seguinte escreve uma carta.  Culpa da tpm pelos sentimentos exacerbados e pelo destempero de falar dele com uma propriedade intuitiva.  Por vezes falsa. Como saber se não o vê?
Ela sabe que precisa parar.  Será que para encerrar a história precisa ter coisas assim tão impactantes. Parece que ela precisa a cada instante ter um corte para se auto convencer que o corte já foi dado, que agora tem que encaixar as coisas para continuar  .
Todos e ele já sabem o que ela sente e como sente e mudar isso demanda tempo.
Todavia  ela não mais consegue se calar.  E ele, depois da carta responde, embora ela tenha pedido para não faze-lo.
Ele fala de um único ponto,  talvez o menos importante . Mas reafirma que está muito bem.
Mas uma vez ela sente a distância e se desculpa, pois por mensagem é difícil de ver as emoções reais.
E se desmancha mandando uma música que surge na hora e que fala de certa dificuldade nesse processo.  Mas o que ela não sabe é do impacto da leitura, é como ele reagiu a afirmativa dela de que não está pedindo  nada e não está sugerindo volta, que nunca sugerirá.  Que ele veio e foi quando quis.  Isso ela  nunca saberá.
  Talvez agora, ela tenha dito para si o deve ser por hora. Embora a música remeta a outras coisas.
Bem, a personagem é ambígua, continua assim e de certa forma é a sua forma de ser.
A impermanência de suas decisões que  não duram nem mesmo um dia. Mas é assim mesmo, personagem de vida própria em processo de reconstrução. 
Tá na hora de dar um tempo, desfocar e acreditar que independentemente do que faça, o que tiver que ser será e não adianta  querer para hoje o que é praticamente impossível de ter.
Só o tempo terá a resposta.
 
 

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