A criança no meio da cena olhando para tudo pergunta meio afirmando. -Papai, o passado nunca termina?
0 pai fica parado, olha para a criança e como se saisse do ar sua vida passa quase inteira pela sua mente, tudo o que ainda lembrava e tudo que ficara sem ser resolvido, era como se de repente o tapete lindo e desenhado que tinha abrigado os acontecimentos rasgasse com aquela pergunta do menino .
Como ele poderia com tão pouca idade perguntar aquilo?
O que o teria feito concluir o que eu jamais pensara ? Que não adianta esconder ou camuflar que o passado sempre vai estar ali parado, a fim de que eu lhe desse a cada momento um significado diferente de acordo com o meu amadurecimento e minha disposição para olha-lo.
Pensei naquele momento em todas as leituras de minha vida, que eu tinha deixado passar, em todos os planos que eu abortei, em todos os jogos que desisti de jogar, isso porque o que deixamos de fazer dói mais e é mais lembrado do que aquilo que realizamos. E não é por acaso, é que se quebra a corrente de energia no meio e quando desistimos sem resolver ela fica estagnada. Não vai nem para frente e nem some. E pior, vai nos acompanhar para o resto da vida.
Taí as coisas da infância que por vezes nos traumatizam. As dores e amores, os desejos não realizados.
Mas o menino insiste, papai, quer dizer que mesmo depois de tudo, o passado ainda estará ali?
De novo o pai titubeia, e então responde . Sim filho, nossa história é feita do passado e de nossa expectativa de futuro. O futuro não existe e quando chega já vira passado no momento seguinte. O que nós temos é tão somente o presente, que para ser pleno precisa ser vivido intensamente, se sabendo que ele é único e que no minuto seguinte já se foi. Ter atenção e sentir o que ele nos oferece nos seus momentos. Todos os afetos, todas a alegrias, todo o conhecimento e as dores também. Tudo isso faz parte desse grande mistério que é o viver.
O menino olhou, pensou e lançou - Eu gosto muito de mistérios, papai.
Blog que traz um pouco de reflexão sobre o momento em que vivemos. Um pouco de riso, um pouco de dor, um pouco de expressão. Também tem alguns textos já publicados em outros lugares. Aproveite a leitura, deixe seu comentário e compartilhe.
domingo, 11 de março de 2018
O passado nunca termina?
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